VEREADOR RICARDO DANELUZ (PDT): Senhor presidente, senhoras vereadoras, senhores vereadores. Meus cumprimentos a quem nos acompanha aqui pela plateia da Câmara de Vereadores, pela TV Câmara, canal 16. Também gostaria de fazer uma saudação especial a ex-vereadora Daiane Mello que se faz presente aqui no plenário. Hoje a minha fala ela vai aos tradicionalistas, aos amantes do rodeio, aquelas pessoas que convivem diariamente com o tradicionalismo gaúcho. Visto alguns movimentos a nível nacional de pessoas querendo o fim dos rodeios, querendo prejudicar a nossa cultura fizemos uma carta aberta a favor dos rodeios a qual estamos divulgando desde a última quinta-feira e que eu gostaria de nesse momento ler aqui aos nobres pares e a todos que nos acompanham.
CARTA ABERTA A FAVOR DOS RODEIOS
Inúmeras atividades relacionadas aos Rodeios são praticadas em todo o Brasil diariamente, cada uma com as suas particularidades, suas tradições, suas culturas e eu respeito todas. Mas neste momento vou focar nos Rodeios Gaúchos. Entendem-se também as Festas Campeiras e Torneios de Laço. Este é o meio em que vivo desde criança e tenho muito orgulho em praticar o tiro de laço.
No Rio Grande do Sul temos entidades representativas e organizadas. Eu inicio citando o MTG (Movimento Tradicionalista Gaúcho), que é a entidade máxima do tradicionalismo gaúcho, que foi oficializada no ano de 1966. O MTG possui 1.150 CTG's filiados, onde a maioria é no estado do RS, entretanto tem filiados em diversos estados brasileiros e em diversos países. Entidades estas que cultivam as tradições gaúchas e que na área campeira são praticados o tiro de laço, gineteada, provas de rédeas, cavalgadas, prova do chasque, entre outras.
Cito também a jovem FGL (Federação Gaúcha de Laço), fundada em 11 de junho de 2013, que já possui 65 entidades cadastradas e em torno de 50.000 filiados as mesmas. A FGL tem seu foco no tiro de laço e no laçador, porém, em seus eventos também conta com outras provas como a gineteada, vaca parada, entre outras. Hoje, o Circuito da Federação conta com 20 etapas, além dos eventos não oficiais.
Falo um pouco agora da questão das raças.
A raça de equinos mais utilizada no Rio Grande do Sul é a Crioula, representada pela sua entidade maior que é a ABCCC (Associação Brasileira de Criadores de Cavalos Crioulos). A raça possui cerca de 6 mil cavalos puro sangue registrados. Além da prática das atividades tradicionais dos Rodeios, o Cavalo Crioulo ainda realiza eventos através da ABCCC nas modalidades de campereada, crioulaço, enduro, freio jovem, freio do proprietário, freio de ouro, marcha de resistência, morfologia, movimento a la rienda, paleteada, paleteada internacional e rédeas. Promovendo em torno de 60 eventos anuais.
Outra raça que se destaca é a Quarto de Milha, que é representada pela ABQM (Asociação Brasileira Quarto de Milha). No Brasil possuem 32 mil cavalos, onde além da participação nas provas tradicionais, ainda promove eventos nas mais variadas modalidades. São 30 campeonatos nacionais e 250 congressos brasileiros.
Agora vem a nossa realidade aqui de Caxias do Sul.
Caxias do Sul possui 92 entidades tradicionalistas, sendo conhecida como a Capital Mundial dos CTGs por isso. Caxias do Sul possui 4.934 equídeos registrados na Inspetoria Veterinária, onde a grande maioria deles é utilizado para a prática de provas campeiras, principalmente o tiro de laço. Para a acomodação desses animais, além das propriedades rurais, existem 47 locais divididos entre Hotelarias, Cocheiras, Centros de Treinamento e Galpões.
O meio do Rodeio Gaúcho movimenta milhares de famílias, que tem no tradicionalismo a sua forma de Lazer e a sua paixão. É um dos poucos ambientes que encontramos desde uma criança até um idoso, praticando as mesmas atividades, ouvindo as mesmas músicas e tudo isso de maneira harmoniosa. É um dos poucos lugares em que o filho pede pro pai para levá-lo e acompanhá-lo.
Existe também uma movimentação em torno da economia nos mais variados setores. Começo abordando nas fazendas com a criação de animais, cuidadores, domadores, alimentação dos animais, medicamentos, transporte de bovinos e equinos, após passamos para o evento em si com a área da gastronomia, serviços que envolvem o funcionamento dos eventos como narradores, juízes, equipe campeira, segurança, limpeza, entre outros. Movimenta ainda o comércio da localidade onde acontece o evento, como mercados, padarias, postos de combustíveis, lojas de pilchas, fala ainda de todo o trade turístico entre outros. Agora alguma relação com o Brasil aqui.
Em um Brasil que carece de empregos, o Rodeio proporciona milhares de empregos.
Em um Brasil que carece de manifestações culturais e de lazer para os jovens, o Rodeio esbanja cultura, lazer e esporte.
Em um Brasil que maltrata idosos, crianças, que é desumano, encontra em um Rodeio os mais bem cuidados bovinos e equinos. Aqueles que têm um período de vida mais longo em suas espécies. E eu presencio isso nos Rodeios, a preocupação para o bem-estar animal, para os melhores amigos do Gaúcho, parceiros do dia a dia. Além disso, existem Leis e Termos de Ajustamento de Conduta para regrar o bem-estar animal e o funcionamento dos Rodeios.
Em um Brasil em que cada vez mais cresce a criminalidade, as drogas, os moradores de rua, tem-se em uma cancha de laço a esperança de salvar muitos jovens de um mau caminho, de ter cidadãos melhores para o nosso país.
O Rodeio é o Brasil que dá certo.
Enquanto os Rodeios crescem dia após dia em número de eventos, número de participantes têm deputados que querem acabar com os Rodeios, como o deputado Ricardo Tripoli/PSDB através do PL 2086/2011, que no dia 25/04/2018 pela primeira vez passou adiante, sendo aprovado pela Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável da Câmara dos Deputados com a presença de 16 deputados e de forma unanimidade. O que chama a atenção também é a presença de um deputado gaúcho votando favorável, que foi o deputado Márcio Biolchi/MDB, que até poucos dias estava aqui no Governo do Estado, junto com o Governador Sartori, que vota a favor do fim dos rodeios.
O Brasil que necessita urgentemente de uma reforma política, de uma reforma tributária, de redistribuição de recursos em que os municípios fiquem com a maior parte da arrecadação, entre tantas outras importantes pautas, o Congresso Nacional se detém em pautas para acabar com o que tem de bom e o que dá certo, com o que funciona de fato.
Temos que estar atentos como nunca para essa questão dos Rodeios, pois existem movimentos que querem acabar com todos os tipos de Rodeios como esta lei prevê.
Vereador Ricardo Daneluz/PDT
Caxias do Sul, 14 de Junho de 2018.
(Texto fornecido pelo orador.)
Então, fizemos esta carta aqui. Estamos distribuindo a todos os CTGs, Rio Grande a fora, para que as pessoas se mobilizem e vejam essa possibilidade que as pessoas estão aí, muitas pessoas trabalhando para o fim dos rodeios. Existem estudos e a gente está se aprofundando nisso que no Brasil, onde tem tantos empregos, possuem mais de um milhão de empregos que geram em torno dos rodeios. Então, isso daqui serve de alerta, estamos divulgando, estamos mobilizando as pessoas para que vejam a importância, de fato, que tem o rodeiro para o ambiente familiar que isso gera. Caxias do Sul é um exemplo disso. Chegamos a ter três torneiros de laço no mesmo dia, principalmente na temporada de verão; inúmeras famílias e pessoas cultivando as nossas tradições, levando os jovens para um bom caminho, valorizando aquilo que temos de bom. Não vou me prolongar. Só deixando, senhor presidente, para concluir, esse alerta a todos tradicionalistas, a todas as pessoas que gostam da nossa cultura gaúcha para que estejam vigilantes, estejam alertas para essa importante questão. Vamos dar um recado a esses deputados que querem acabar com os rodeios: se eles querem ver Brasília parar, se eles querem ver de fato trancar as portas de Brasília a cavalo, que prossigam, que logo eles vão ver. Muito obrigado, senhor presidente.