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As videiras que ornamentam o prédio do poder Legislativo de Caxias do Sul estão prestes a se tornarem bens de natureza imaterial do município de Caxias do Sul, conforme votação desta quinta-feira (12/12), em sessão extraordinária da Casa. Por unanimidade, os vereadores acolheram projeto de lei (PL) 217/2024, que discorre sobre o assunto e é de autoria da Comissão de Agricultura, Agroindústria, Pecuária e Cooperativismo (CAAPC). Diante dessa apreciação, a proposta segue, agora, para ser sancionada ou vetada pelo Executivo.
Neste ano de 2024, A CAAPC tem como presidente a vereadora Gladis Frizzo/PP e demais integrantes os parlamentares Zé Dambrós/PSB, Lucas Diel/PRD, Sandro Fantinel/PL e Velocino João Uez/PRD.
Na exposição de motivos da matéria, os autores fazem um histórico da uva como produto de trabalho e integrante da identidade e do desenvolvimento dos caxienses. “Da terra que tudo dá fruto do trabalho, surge, na região da Serra Gaúcha, o desenvolvimento de uma atividade promissora para centenas de famílias, iniciada ainda no século XIX pelas imigrações alemã e italiana”, frisam.
De acordo com os legisladores, a representação da indústria vinícola e da viticultura de encosta está presente em 19 municípios, com alto valor agregado, pois ocupa uma área de 496.971 hectares, ou 1,86% do território gaúcho. Na microrregião de Caxias do Sul, o número total de estabelecimentos que desenvolvem a atividade vitivinícola é próximo de 8,5 mil, informam. A estimativa é que mais de 15 mil pessoas, pertencentes a pequenas famílias, estejam diretamente envolvidas nesta produção, considerando que mais de um produtor compartilha a mesma área, com a divisão de culturas ali estabelecidas. São aproximadamente 2.882 hectares de toda a atividade localizados em áreas com declividade superior a 45%.
Quanto à valorização da fruta, que se tornou símbolo de Caxias do Sul, por meio da "cortina verde" das parreiras que abraçam o prédio do Legislativo caxiense, os legisladores destacam como sendo marcas de uma cultura que acompanha a trajetória de diversos povos. Além disso, explicam que a integração arquitetônica e a conjugação de ideias resultaram em um conceito harmônico entre a agricultura e o meio urbano, com a contribuição do agrônomo José Zugno e do arquiteto e urbanista João Alberto Machioro.
“Desde os canteiros suspensos até a insolação ideal, criou-se um efeito único, perceptível na estética do Legislativo caxiense, onde as parreiras emolduram a saga da imigração e o dinamismo da cidade contemporânea”, sublinham os membros da CAAPC.
Segundo eles, o critério paisagístico das videiras adotado pela Câmara de Vereadores vai além da ornamentação estética ou da função de anteparo solar aos diferentes ambientes. Representa um forte elemento cultural e identitário de Caxias do Sul, a chamada "Terra da Uva" e também do vinho. “Este conceito é fundamental para a preservação e projeção das raízes da cidade, que se revelam aos caxienses ao longo de todo o ciclo de vida dessas plantas. Nesse contexto, as comemorações de 2025, marcando a chegada dos primeiros imigrantes, oferecem ao Legislativo caxiense uma oportunidade para valorizar essa "peça viva" dos parreirais, que também permeiam o interior do município, em uma justa homenagem ao homem da terra”, defendem os legisladores.
Em relação à prática tradicional de cultivar videiras, por gerações de viticultores e agricultores, utilizando métodos sustentáveis e manuais, os legisladores observam que foi adaptada à latada suspensa, ou seja, à disposição em fileiras. No entanto, mais do que a vinha em si, é na troca de experiências entre as comunidades do interior e da cidade que a celebração ganha uma nova dimensão, pontuam, mencionando que o aprendizado desse cultivo nos mais jovens e o impacto futuro no empreendedorismo e no agronegócio perpassam toda a sociedade.
Ainda na exposição de motivos, os autores narram o caminho da uva no Rio Grande do Sul, compondo o complexo histórico da viticultura hispano-americana, com o padre jesuíta Roque Gonzáles, que, em 1626, introduziu as vinhas de origem espanhola, sendo considerado o pioneiro da viticultura sul-rio-grandense na região das Missões. Já, em 1737, os açorianos que chegaram ao Estado trouxeram sua contribuição com as videiras portuguesas.
A partir de 1825, os alemães cultivaram a videira em São Leopoldo. Um novo impulso foi dado com a chegada dos italianos, em 1875. Ao substituírem os pinheirais e matas pela cultura da uva, esses imigrantes criaram as condições ideais para uma produção com clima mais frio. A produção de castas americanas, como a Isabel, destacou-se pela exuberância, resistência e produtividade ampliando a oferta de vinho para o consumo na capital e em outras regiões do país, além de estimular o comércio local.
Por fim, os integrantes da CAAPC relatam os obstáculos e desafios que os atuais viticultores e vitivinicultores enfrentam, envolvendo desde as intempéries até o baixo valor da fruta e a carga de tributos incidentes sobre a sua industrialização.
DELIBERAÇÃO SOBRE O PROJETO DE LEI nº 217/2024
Vereador - Partido - Voto
ADRIANO BRESSAN PP Sim
ALEXANDRE BORTOLUZ PP Sim
CLOVIS DE OLIVEIRA UNIÃO Sim
ELISANDRO FIUZA REPUB Sim
ESTELA BALARDIN PT Sim
FELIPE GREMELMAIER MDB Sim
GILFREDO DE CAMILLIS PSB Sim
GLADIS FRIZZO PP Sim
JOSÉ PASCUAL DAMBRÓS PSB Sim
JULIANO VALIM PSD Sim
LUCAS CAREGNATO PT Sim
LUCAS DIEL PRD Sim
MARISOL SANTOS PSDB Presente
MAURÍCIO SCALCO PL Sim
OLMIR CADORE PSDB Sim
RAFAEL BUENO PDT Ausente
RENATO JOSÉ FERREIRA DE OLIVEIRA PCdoB Sim
RICARDO ZANCHIN NOVO Sim
ROSELAINE FRIGERI PT Sim
SANDRO FANTINEL PL Sim
TATIANE FRIZZO PSDB Sim
VELOCINO JOÃO UEZ PRD Sim
WAGNER PETRINI PSB Sim