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Ao abrir o ciclo de palestras que a Frente Parlamentar em Defesa dos Direitos das Pessoas com Altas Habilidades e Superdotação (FPAHSD) do Legislativo caxiense preparou para este ano, a professora Lúcia Lamb discorreu sobre “Altas Habilidades: Direitos, Mitos e Avanços”, na noite desta terça-feira (07/06). Em quase duas horas de explanação e conversa com a plateia, a pesquisadora fez um histórico das primeiras manifestações a respeito das AHSD no país, passando pelas características de quem as possui e dos mitos que existem em torno do assunto e como podem ser desconstruídos.
Assessora técnica da Fundação de Articulação e Desenvolvimento de Políticas Públicas para PcD e PcAH (FADERS), vice-presidente da Associação Gaúcha de Apoio às Altas Habilidades e Superdotação (AGAAHSD) e pesquisadora na área de Gestão Educacional, Altas Habilidades e Inovação, Lúcia Lamb foi apresentada aos participantes pela presidente da Frente, vereadora Marisol Santos/PSDB. “Viemos aqui para aprender mais e compartilhar experiências”, frisou a parlamentar, convidando o público presencial e quem assistia pela TV Câmara/Site da Câmara ou pelas redes sociais a aproveitarem o conhecimento de Lúcia na área.
A pesquisadora informou que é desde 1938 que a questão das altas habilidades/superdotação vem sendo abordada no Brasil, à época pela psicóloga russa Helena Antipoff, embora pareça ser uma temática mais contemporânea. Em termos de características, uma pessoa com AHSD pode expressar ou não algumas delas, como alto grau de curiosidade e alto nível de energia. “Por isso, é importante que o trabalho de identificação seja feito em rede”, sugeriu Lúcia Lamb.
A pesquisadora alertou, entretanto, que existem vários mitos relacionados ao tema e que, com informação, podem ser rechaçados, como os ligados a gênero e idade. “Não existe nenhuma interferência do gênero na questão das altas habilidades, assim como não existe limite de idade para identificar uma pessoa com altas habilidades/superdotação”, ensina Lamb.
A painelista também apresentou alguns números correspondentes a pessoas com AHSD. No caso da Organização Mundial da Saúde (UNESCO, 2002), a estimativa é de que de 3,5% a 5% da população geral sejam superdotados. Mas esse é um parâmetro e Lúcia Lamb acrescenta que outros pesquisadores têm trabalhado com o percentual de 10%. Nesse sentido, usando números de estudantes de Caxias do Sul, a painelista citou, por exemplo que, somente no Ensino Médio, onde se encontram cerca de 14 mil matrículas, a previsão é de que 1,4 mil alunos tenham AHSD. “Muitas pessoas não são vistas porque não estão no perfil esperado para superdotação”, analisou.
Para quem possui altas habilidades/superdotação, a pesquisadora deixou algumas orientações. “Não ter vergonha de ser inteligente. Claro que tem diferença de dizer o que sabe de forma arrogante e dizer de forma natural, afinal, ninguém é melhor do que ninguém”, explicou. Lúcia ainda acrescentou a relevância da formação continuada para docentes e a necessidade de as instituições ofertarem capacitação com carga horária suficiente para instrumentalizar os professores a identificarem e trabalharem com estudantes de AHSD. De acordo com a pesquisadora, atualmente, não há oferta desse tipo de qualificação nas universidades ou faculdades do Estado.
Durante o encontro, a plateia pôde fazer questionamentos ou contribuições. Coordenadora de Extensão do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Sul/IFRS – Campus Caxias, Lia Vianna sugeriu que não necessariamente os estudantes com AHSD precisam avançar de ano no âmbito escolar, mas terem a oportunidade de receberem conteúdos e práticas mais avançadas. Mãe de um menino com altas habilidades, Aline Pegoraro Lenzi disse que é de grande valor quando uma instituição bem acolhe os alunos e pesquisa em conjunto para melhorar o atendimento a eles. Ela mencionou que seu filho dispõe desse olhar na escola que frequenta.
Ao final do painel, a vereadora Marisol Santos agradeceu à painelista e a todos que têm acompanhado o trabalho do grupo parlamentar, em especial, as mães que levaram a temática até seu gabinete. A legisladora convidou para os próximos encontros deste 2º Ciclo de Palestras organizado pela Frente das Altas Habilidades: 20/06 - Por que preocupar-se com os(as) superdotado(as)?, com Michele Cousseau; 13/07 - Superdotados: Desafios para pais e professores, com Maria Lúcia Sabatella; e 09/08 - A Superdotação além da habilidade: como fatores não cognitivos podem interferir na manifestação das potencialidades, com Francisco Sales. Esse último evento vai ocorrer durante a Semana Municipal de Altas Habilidade/Superdotação.
Todos serão virtuais e podem ser acompanhados ao vivo pela TV Câmara (canal 16 da Claro/NET), pelas redes sociais do Parlamento (Facebook e YouTube) ou pelo site: www.camaracaxias.rs.gov.br. Mais informações e inscrições no link: bit.ly/inscricoes-ahsd
Também compõem a Frente das Altas Habilidades os vereadores Adriano Bressan/PTB, Elisandro Fiuza/REPUBLICANOS, Felipe Gremelmaier/MDB, Gilfredo De Camillis/PSB, Lucas Caregnato/PT e Tatiane Frizzo/PSDB.