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Metas para 2026 para o Plano de Cuidados em Demência do Estado do Rio Grande do Sul (PECID) foi tema de debate na tribuna livre da sessão ordinária desta quarta-feira (10/12). A apresentação foi feita pela presidente da Associação Brasileira de Alzheimer – Unidade Regional do Rio Grande do Sul (ABRAz-RS), Silvana Poltronieri Lamers.
Segundo Silvana Lamers, é fundamental que Caxias do Sul, no cenário de envelhecimento, esteja também à frente das ações para o cuidado dos portadores de demências. São mais de 200.000 famílias com diagnóstico de demência no estado do Rio Grande do Sul e custo de atendimento em mais de 4 bilhões para o estado, o que impacta diretamente as ações que precisam ser desenvolvidas no processo de prevenção.
Conforme a presidente, identificar os 14 fatores de risco para a demência é crucial para prevenir o processo demencial. Um dos principais itens é o baixo nível educacional, que necessita de planos educacionais concretos para o estímulo do poder cognitivo nas crianças e pessoas de idades variadas. “Nós precisamos investir em EJA, nós precisamos investir no processo educacional para que, de fato, a gente tenha uma diminuição de números de pessoas com demência”, detalhou.
Silvana apontou que 5 milhões de pessoas até 2050 vão ser portadoras de doença de Alzheimer no Brasil; em vista disso, o Rio Grande do Sul já tem uma organização e é o primeiro estado do país que possui um plano de demência, com o auxílio da Associação Brasileira de Alzheimer Nacional.
A representante fez um apelo para o aumento das fiscalizações nas instituições de longa permanência para idosos e contrapartidas do poder público, principalmente nos treinamentos dos profissionais das instituições. “A gente diz hoje que cuidador de idosos é artigo de luxo; além de ser um profissional que precisa ser muito bem remunerado, ele também é um profissional difícil de achar. Então, nós precisamos fomentar formações e equipar as instituições de longa permanência para além das vistorias e fiscalização. Porque quem está à frente do cuidado sabe o quão desafiador e o quanto multifacetado é o cuidado em relação à pessoa com demência”, acrescentou.
Além da doença de Alzheimer, Silvana abordou a necessidade de atentar para as demências, a exemplo da frontotemporal, que gera quadros de agitação e questões comportamentais extremamente graves. Segundo ela, o Plano será efetivo se houver grupos de apoio, de escuta ao cuidador, com cuidadores informais e formais. “O cuidador relata raiva, dificuldade muitas vezes de assistir. E nós, como cidadãos que não estamos passando por aquilo, podemos, sim, amparar, acolher, escutar”, ressaltou.
A ABRAz Rio Grande do Sul, de acordo com Silvana, teve um marco evolutivo em 2019 e foi fundada oficialmente em 1999. Já em Caxias do Sul, a trajetória dos grupos de apoio acontece desde 2008. “A gente, além de acolher, faz pesquisa, fomenta grupos, auxilia no processo da ciência. Nós tivemos representação ativa dentro do plano estadual de demência, de cuidado à pessoa portadora”, explicou.
Sobre as ações realizadas em Instituições de Longa Permanência para Idosos (ILPIs), o Grupo de Apoio Informativo ocorre a cada três meses na ABRAz Caxias do Sul. O primeiro grupo emocional surgiu em dezembro de 2007, com a oficialização da ABRAz no município em 2008. “Muitas ações acontecem de forma individual, e muitas vezes tudo tem que se recomeçar. É exaustivo, para mim, como voluntária, recomeçar a caminhada. A ABRAz já existe há 20 anos, que a gente possa dar andamento aos estudos e também à participação social. Que a gente possa dar continuidade àquilo que se começa”, finalizou.