VEREADOR LUCAS CAREGNATO (PT): Obrigado, vereadora Andressa. Eu tenho tido uma atuação meio corporativista em relação à defesa da atuação da Câmara de Vereadores e do nosso trabalho, de todos os vereadores e vereadoras. A antipolítica, que é tão presente na nossa sociedade, ataca cotidianamente, independente da posição político-ideológica, de esquerda ou direita, no sentido de desvalorizar a atuação da Câmara de Vereadores, e o trabalho dos colegas. Eu aqui, na função exercida de presidente, vejo que todo mundo tem se esmerado nos seus campos de atuação. Temos um recorde de indicações, os colegas aqui têm a liberdade de abordar os temas que entendem, e a democracia traz isso. Mais uma vez, quero destacar, que ouvia muito dizer que essa legislatura ia ser um horror, que ia ser péssima, e mais uma vez nós estamos tratando de um tema normal, mas como de praxe, deveria ser esperado, todo mundo tem tratado os seus temas de forma republicana e cordial, e eu, sinceramente, na função de presidente, espero que continuemos assim, em que pese as nossas divergências. Eu estava em Brasília, na semana passada, logo vamos fazer a prestação de contas sobre a nossa estada lá, mas várias pessoas da imprensa me contataram sobre as proposições do vereador Calebe e do vereador Pedro Rodrigues, vereadores cristãos e evangélicos, acho que temos três, a vereadora Daiane Mello também é evangélica, e fui questionado sobre isso. E vários integrantes da imprensa, talvez, pela minha trajetória, por ser petista, por ser de esquerda, achavam que nós teríamos, ou que eu individualmente, por mais que não vote, teria uma posição crítica sobre esse tema. E pelo contrário, eu acho que não. Nós estamos em um debate muito profundo aqui dos colegas juristas que estão na filosofia, o vereador Claudio trazia um pouco, sou da história, não sou filósofo, e o vereador Frizzo também, dos causídicos, os doutos em Direito. Mas cabe lembrar que o Brasil, durante o período colonial, especialmente com a independência no império, a religião católica era oficial. Os religiosos católicos, homens, eram pagos com recurso do erário público, era o padroado régio e nós tínhamos o beneplácito, instituições que davam conta de termos uma religião oficial. E não era possível...
VEREADOR CLAUDIO LIBARDI (PCdoB): Um aparte.
VEREADOR LUCAS CAREGNATO (PT): À época, professar outras religiões. O vereador Calebe explorou muito bem essas diferenças entre a laicidade, entre o laicismo, o Estado laico. Bom, eu não quero entrar na profundidade jurídica e constitucional do debate. Mas eu estou interessado, enquanto homem público, enquanto cidadão, enquanto historiador, em valorizar a todas as pessoas que estejam dispostas a valorizar a diferença. Eu... O vereador Claudio aqui citou, eu tenho uma relação muito profunda com as religiões de matriz africana. E a minha discussão aqui não é dogma, porque dogma a gente vai para a igreja e segue os dogmas de cada religião. Agora, é inadmissível que nós tenhamos profissão religiosa na cidade sendo atacada pelo seu credo. Isso não é possível no Estado democrático de direito. Todas as religiões...
VEREADOR CALEBE GARBIN (PP): Um aparte, vereador.
VEREADOR LUCAS CAREGNATO (PT): Precisam ser respeitadas desde que sigam as leis. É isso que deve ser igual para todas as pessoas. Eu não voto, se votasse, votaria favorável. Estou muito disposto e sou parceiro. Já recebi o vereador Pedro, o vereador Calebe, com um grupo de pastores, de pessoas de várias religiões neopentecostais ou próximas, e acho que a Casa precisa estar aberta a todas as religiões. Esse vereador nunca se eximiu de votação, sejam evangélicos, cristãos, testemunho de Jeová, de matriz africana, ou seja, a Casa do Povo está aberta. O que não pode haver, logicamente, especialmente com a Constituição de 88, é proselitismo religioso, ou usar da sua religião em um cargo público para atacar outra. Então, como eu aqui tenho uma relação com os irmãos das religiões de matriz africana, e sei que muitos sofrem ataques cotidianos, eu acho que também a Frente pode ser um espaço de promoção de respeito à diversidade, que já está posto na lei, mas deveria ser uma questão e uma obviedade. Quanto presidente, nós vamos respeitar todas as religiões, vamos receber, e acho que a Frente tem também essa função de ouvir. Por fim, concluo dizendo que lá no Angelina, quando dei aula, tanto no Tancredo, no Belo, como na Angelina, no Santa Fé, sempre destaco isso, muitos dos meus estudantes, a maioria deles eram neopentecostais, tinham uma relação profunda com seus pastores, com seus guias espirituais. E nas periferias da nossa cidade, as igrejas neopentecostais, cumprem um papel importante e a gente precisa entender, respeitar, e valorizar muitas ações que são empreendidas por esses espaços religiosos. Peço desculpas por não ter tempo do aparte, e parabenizo os colegas que compõem a Frente, que eu tenho certeza que não vão ser só os evangélicos, mas outros colegas também, de outros credos religiosos, mas que queiram contribuir, já que a frente é cristã, não é somente para os evangélicos. Obrigado.