VEREADOR CALEBE GARBIN (PP): Senhor presidente, senhoras vereadoras, senhores vereadores, público que nos assiste, nos acompanha aqui. Também as pessoas que nos acompanham pelas redes sociais aqui da Casa. Primeiramente, parabenizar a vereadora Andressa Marques pela propositura da Frente. Eu já assinei, fui parceiro para que o requerimento fosse pautado e também serei favorável à criação dela. E, obviamente, eu acho que nenhum de nós vem para esta Casa na condição de vereador e deixa sua ideologia, sua cosmovisão da porta para fora. Não se separa um homem de suas convicções, nem uma mulher, nem um ser humano. Então, nós viemos aqui para dentro representando valores que nos trouxeram a esta Casa e a esse debate. Então, é muita demagogia a gente dizer que nós temos que olhar de maneira integral para tratar o problema, se a gente não quer a integralidade para tratar o problema. Nós precisamos lembrar que, antes de tudo, um ser humano é formado por corpo, alma e espírito. E isso inclusive conversando com o presidente da FAS, ontem à tarde, por coincidência, nós tratamos desse assunto. Vejam, nós temos, em Caxias do Sul, 85 mil pessoas que estão na linha da pobreza. Nós temos cerca de 20 mil pessoas que sobrevivem de 218 reais, per capita, ao mês. E nós temos um número de aproximadamente mil, mil e trezentos, mil e quinhentos, conforme os cadastros e também aqueles que não estão cadastrados, que estão em situação de rua. E, novamente, graças a Deus pela laicidade do Estado que nos permite estar aqui nessa manhã. Porque, se realmente o Estado não fosse laico, o que seria de nós? O que seriam daqueles que são da Umbanda, daqueles que são evangélicos, daqueles que são espíritas? Nós teríamos uma única religião oficial nesse Estado. E, graças a Deus, pela laicidade. Nós não podemos confundir laicidade com laicismo. O laicismo é a negação da religião e da participação religiosa na sociedade. A laicidade antecede a condição federal e diz respeito à participação em comum acordo, em harmonia de todas as religiões. Inclusive de quem não quer professar uma religião. Precisa ter espaço nesta Casa para um vereador que se considere, se declara um ateu e ele precisa ser respeitado também aqui dentro deste ambiente. Então, a gente tem que cuidar porque, assim, o papel é do Estado? É do Estado. Mas o Estado não tem força suficiente para cumprir esse papel. A gente está falando de 20 mil pessoas sobrevivem com 218 reais per capita. Que tal a gente resolver esse problema aqui? Quem é que está disposto a tirar o dinheiro do bolso para lá e resolver o problema de 20 mil pessoas, só em Caxias, nessa situação? Então, nós precisamos, todos os braços de maneira integral, e tratar de corpo, alma e espírito dessas pessoas.
VEREADOR CLAUDIO LIBARDI (PCdoB): O senhor me permite um aparte?
VEREADOR CALEBE GARBIN (PP): As pessoas não estão na condição que estão... E parabéns vereadora Andressa, porque a senhora colocou uma frase muito importante aqui dizendo assim: “ninguém em sã consciência defende que as pessoas “morem” na rua.” Exatamente. Ninguém defende isso. E justamente por não defendermos isso é que nós precisamos integrar este problema. Não é o papel da FAS somente; não é o papel somente das casas pastorais; não é o papel somente da igreja evangélica, da igreja católica, daqueles que têm iniciativa por meio dos centros de convivência da religião espírita. Não é papel somente destes, é papel de todos. Todos nós precisamos atacar o problema de maneira integral. E a gente tem que cuidar para não romantizar, porque a gente está tratando, muitas vezes, pessoas que estão à margem da sociedade, que praticam delitos, praticam furtos, praticam roubo, ameaçam a paz social, e nós colocamos na vala comum, com pessoas que estão desassistidas pelo governo. Pessoas que estão desassistidas é um segmento; pessoas que estão na condição de marginais, que estão praticando crimes, é intolerável. Dia 13 de janeiro, vereador Hiago, eu recebi também no meu WhatsApp um comerciante aqui da avenida da Rua Dezoito do Forte, que teve dois registros furtados da sua loja durante a madrugada. Alguém vai dizer: “Ah, mas ele pode repor e pode colocar”. Mas e aí? Nós vamos ficar a vida inteira considerando como vítimas da sociedade toda e qualquer pessoa? Existem as vítimas que estão lá, que talvez realmente não tiveram condições, não tiveram acesso à educação, e nós temos que diferenciar isso, vereadora Andressa. Agora, aquele que tem passagem pela polícia, a polícia deve recolher ao sistema carcerário, ao sistema prisional. Senão, nós estamos tratando em pé de igualdade pessoas que estão em situações desiguais. Eu acho que é muito importante pautarmos a frente, votarmos, sermos favoráveis, mas o trabalho é um trabalho conjunto, não se pode nichar esse trabalho de abordagem. Não adianta tratar o corpo dessa pessoa e esquecer que tem todo atendimento psicológico, todo atendimento espiritual, existe todo um complemento envolvendo essa mesma frente de atuação. Seu aparte, vereador.
VEREADOR CLAUDIO LIBARDI (PCdoB): Obrigado pela gentileza, vereador Calebe. Eu queria, em uma parcela, concordar com o senhor, e reafirmar, porque parece que a gente faz um debate que é uma discordância, de que quem cometer um crime não deve ser penalizado pelo crime. Aqui é uma integralidade que todos os vereadores concordam, como que o senhor disse, quem comete um crime tem que responder pelo crime. A segunda questão é da religião, eu queria concordar com o senhor quanto à atuação das igrejas católicas, evangélicas e as demais matrizes religiosas na atuação para auxiliar o povo de rua. Eu sou doador da Paróquia de São Miguel Arcanjo São Paulo, que tem uma grande atuação. Acho que a igreja evangélica tem uma grande atuação, tem uma importância estratégica. O Estado tem o dever, mas, quando não cumpre, parabéns à igreja que cumpre, é simples a resposta. Obrigado.