VEREADOR RAFAEL BUENO (PDT): Presidente, quero fazer uma saudação especial ao Étore e à Milena que estão recebendo os convidados, que depois o senhor vai fazer a saudação, presidente, especial, as duas gurias que estão aqui no nosso plenário que vieram da Bahia, Salvador, conhecer o projeto Parlavox que é referência em nível nacional. Foi implementado, neste ano, pela Mesa Diretora, através do nosso presidente Felipe Gremelmaier que está se recuperando, mas também tenho certeza que está nos assistindo. Quero dar os parabéns a ele que implantou aqui, com o Setor de Taquigrafia, esse excelente projeto que está repercutindo no Brasil afora. Parabéns, Milena, Étore, todos os colegas de vocês da Taquigrafia, que trouxeram o pessoal lá da Bahia para passar um frio aqui na nossa cidade. Bom, como vai você? Esse é o lema do CVV. E eu quero hoje, presidente, a votação desse projeto coincidiu... Eu ia fazer a leitura, quinta-feira, a Carta Testamento de Getúlio Vargas, que é um documento endereçado ao povo brasileiro escrito por Getúlio Vargas, horas antes do seu suicídio, no dia 24 de agosto de 1954. ”
"Mais uma vez, as forças e os interesses contra o povo coordenaram-se e novamente se desencadeiam sobre mim. Não me acusam, insultam; não me combatem, caluniam e não me dão o direito de defesa. Precisam sufocar a minha voz e impedir a minha ação, para que eu não continue a defender, como sempre defendi, o povo e principalmente os humildes.
Sigo o destino que me é imposto. Depois de decênios de domínio e espoliação dos grupos econômicos e financeiros internacionais, fiz-me chefe de uma revolução e venci. Iniciei o trabalho de libertação e instaurei o regime de liberdade social. Tive de renunciar. Voltei ao governo nos braços do povo. A campanha subterrânea dos grupos internacionais aliou-se à dos grupos nacionais revoltados contra o regime de garantia do trabalho. A lei de lucros extraordinários foi detida no Congresso. Contra a justiça da revisão do salário mínimo se desencadearam os ódios. Quis criar liberdade nacional na potencialização das nossas riquezas através da Petrobrás e, mal começa esta a funcionar, a onda de agitação se avoluma. A Eletrobrás foi obstaculada até o desespero. Não querem que o trabalhador seja livre.
Não querem que o povo seja independente. Assumi o Governo dentro da espiral inflacionária que destruía os valores do trabalho. Os lucros das empresas estrangeiras alcançavam até 500% ao ano. Nas declarações de valores do que importávamos existiam fraudes constatadas de mais de 100 milhões de dólares por ano. Veio a crise do café, valorizou-se o nosso principal produto. Tentamos defender seu preço e a resposta foi uma violenta pressão sobre a nossa economia, a ponto de sermos obrigados a ceder.
Tenho lutado mês a mês, dia a dia, hora a hora, resistindo a uma pressão constante, incessante, tudo suportando em silêncio, tudo esquecendo, renunciando a mim mesmo, para defender o povo, que agora se queda desamparado. Nada mais vos posso dar, a não ser meu sangue. Se as aves de rapina querem o sangue de alguém, querem continuar sugando o povo brasileiro, eu ofereço em holocausto a minha vida.
Escolho este meio de estar sempre convosco. Quando vos humilharem, sentireis minha alma sofrendo ao vosso lado. Quando a fome bater à vossa porta, sentireis em vosso peito a energia para a luta por vós e vossos filhos. Quando vos vilipendiarem, sentireis no pensamento a força para a reação.
Meu sacrifício vos manterá unidos e meu nome será a vossa bandeira de luta. Cada gota de meu sangue será uma chama imortal na vossa consciência e manterá a vibração sagrada para a resistência. Ao ódio respondo com o perdão.E aos que pensam que me derrotaram respondo com a minha vitória. Era escravo do povo e hoje me liberto para a vida eterna. Mas esse povo de quem fui escravo não mais será escravo de ninguém.
(Esgotado o tempo regimental.) Uma Declaração de Líder para continuar, presidente.
PRESIDENTE ALBERTO MENEGUZZI (PSB): Declaração de Líder à bancada do PDT. Segue o vereador Rafael Bueno.
VEREADOR RAFAEL BUENO (PDT):
Meu sacrifício ficará para sempre em sua alma e meu sangue será o preço do seu resgate. Lutei contra a espoliação do Brasil. Lutei contra a espoliação do povo. Tenho lutado de peito aberto. O ódio, as infâmias, a calúnia não abateram meu ânimo. Eu vos dei a minha vida. Agora vos ofereço a minha morte. Nada receio. Serenamente dou o primeiro passo no caminho da eternidade e saio da vida para entrar na História."
Esta é a Carta-Testamento de Getúlio Vargas. E por que eu fiz esta leitura, professor Paulo Périco? Justamente hoje, nós estamos votando um projeto da vereadora Paula Ioris, mas quantas pessoas escrevem antes da hora da sua morte, no seu momento de suicídio, uma carta para os seus familiares? O suicídio não escolhe classe social, não escolhe idade, é do jovem ao idoso. E aqui, para quem não sabe, esses dias o vereador Adiló Didomenico trouxe a notícia que o neto de Getúlio Vargas tinha cometido suicídio. Mas o filho dele também cometeu suicídio. Então veja bem: o vô, o filho e o neto. Então é uma sequência de família que cometeu o mesmo ato. E talvez muitos dos que estão nos assistindo agora pela TV Câmara – e aqui eu quero parabenizar o CVV, que está sendo empenhado aqui na Câmara de Vereadores – perguntam: como vai você? As crianças chegam da escola e querem, naquela “ansiosidade”, mostrar para os pais: “Olha, pai, como foi o meu dia hoje. Olha o meu caderno, pai”. E o pai diz o seguinte: “Ah, deixa eu assistir o futebol”. Daí vai lá e mostra para a mãe: “Olha, mãe, meu dia de hoje na escola.” A mãe vai assistir à novela. E, nesse período que a família nega atenção, essa criança começa a se sufocar de ansiedade, de conflitos. Na escola, talvez essa criança seja excluída e está sofrendo bullying. No local de trabalho, um adulto, um jovem, com as suas... E aqui, recentemente, em Caxias do Sul, nós tivemos um jovem que, por preconceito dentro da família por ser homossexual, cometeu suicídio. Enfim, eu tenho amigos que estavam bem num dia, comigo; no outro dia, cometeu suicídio. Talvez ele queria uma palavra de conforto e eu não sabia dar a ele naquele momento. Está aí o CVV, o Centro de Valorização da Vida, que está diariamente, de forma voluntária, atendendo a população de Caxias do Sul e região, o Brasil e o mundo. Eu quero dizer que eu também fiz a minha contribuição no momento que tinha a presidente, a grande lutadora Miriam, a Miriam Gemelli, minha amiga. Morava aqui no nosso bairro, no Bairro Cristo Redentor. A família dela ainda mora ali. Uma grande lutadora que estava, no mês de agosto, neste mês, lá no Rio de Janeiro, numa campanha... No mês de setembro, na campanha do Setembro Amarelo. Onde o mundo inteiro estava voltado para o Rio de Janeiro, nessa grande campanha que iluminou o Cristo Redentor de amarelo, mostrando a importância dessa entidade, do CVV, Centro de Valorização da Vida. Na volta dela, então, infelizmente, ela sofreu um acidente de trânsito e veio a óbito. Estava visitando a filha em Santa Catarina e na volta, então, sofreu um acidente. E este meu voto eu dedico a ela e à família dela, à Miriam. Porque ela é uma pessoa que deixou o seu legado nessa entidade e lutou até o último momento. E daí, vereador Toigo, nós estávamos conversando com a primeira-dama Alexandra Baldisserotto, esposa do prefeito Alceu, na época, para que neste ano continuasse, já deixasse escrito, enfim, para que todos os governos pudessem iluminar os espaços públicos. A Festa da Uva, a Prefeitura, o Monumento ao Imigrante, os símbolos de Caxias do Sul fossem iluminados de amarelo para conscientizar as pessoas. Então, que seja possível isso, que seja acolhido pela Prefeitura de Caxias esse símbolo que é de vocês, de conscientização. Então, eu quero deixar esse meu voto não somente à Miriam...
VEREADOR ADILÓ DIDOMENICO (PTB): Permite um aparte?
VEREADORA ANA CORSO (PT): Peço a palavra.
VEREADOR RAFAEL BUENO (PDT): ...mas a todos vocês que estão aqui presentes hoje. Ao meu amigo também, o Paulo Ramon, que é um voluntário do CVV. Ao Geder, que é funcionário da Prefeitura e é um involuntário. E o Marcelo Bertelli, que é um pediatra em Caxias do Sul e tem um projeto muito bacana em nível mundial também, que é a questão de lidar com os conflitos internos dos indivíduos. Então parabenizo, vereadora Paula Ioris. Nós também temos um projeto em conjunto, que é o Janeiro Branco, que é para tratar a questão da saúde mental, que dialoga diretamente com esse projeto. Então, dizer que Getúlio Vargas, na sua carta-testamento, o presidente do Brasil cometeu suicídio. Então, não escolhe classe social, não escolhe a profissão e idade. Todos somos vítimas desse grande conflito que está ocasionando na nossa sociedade, que é a depressão. E nós temos que saber lidar, porque ela não bate na porta do vizinho. Ela bate na nossa porta e, às vezes, a gente não sabe lidar. Acho que o vereador Bandeira pediu aparte antes. Não? Vereador Adiló.
VEREADOR ADILÓ DIDOMENICO (PTB): Obrigado, vereador Rafael. Em primeiro lugar cumprimentar a vereadora Paula por esse importante projeto. Mas, acima de tudo, cumprimentar vocês, os voluntários. Porque esse é um trabalho de uma grandiosidade imensurável. Ter a capacidade de ouvir, que é o mais importante, e depois ter a palavra correta, certa, na hora certa para essas pessoas, que elas precisam. Então vocês, seguramente, vão... Estão e vão fazer a diferença na vida de muitas pessoas. Também quero destacar as casas espíritas. A grande maioria delas tem um atendimento fraterno, que é um trabalho também nessa linha muito importante, de abnegados, voluntários que, todos os dias, à tarde e à noite, estão lá para ouvir as pessoas. Também somam a esse trabalho. Meus cumprimentos. Não tem como a gente encontrar palavras para reconhecer e elogiar esse trabalho de vocês, porque isso aí é um trabalho que não aparece, mas que faz uma diferença muito profunda na sociedade nos dias de hoje. Então, cumprimentos, vereadora Paula. Pode contar com o meu voto.
VEREADOR RAFAEL BUENO (PDT): Obrigado.
VEREADOR ADRIANO BRESSAN (PMDB): Um aparte, vereador?
VEREADOR RAFAEL BUENO (PDT): Vereador Bandeira.
VEREADOR ARLINDO BANDEIRA (PP): Obrigado, vereador Rafael Bueno, pelo aparte.
VEREADOR RAFAEL BUENO (PDT): Depois a Ana e depois...
VEREADOR ARLINDO BANDEIRA (PP): Parabenizar pelo seu trabalho; parabenizar a vereadora Paula Ioris por este projeto. Votarei favorável. Parabenizar o CVV também que está aqui presente, bem-vindos. Por este importante... é uma questão importante, vereador Rafael Bueno, essa questão, nobres colegas. Porque, quando a gente ouvia falar em estresse, em depressão, muitas vezes, eu acreditava que a pessoa tinha algo assim... qualquer coisa... Ao invés não. Já é um problema de... É uma doença essa depressão e já vem incluído tudo aí: viciados em drogas, é celular, é redes sociais de pessoas, seja o jovem, vereador Rafael Bueno, seja o adulto, vê coisas que não existe, como Baleia Azul, coisas erradas, tantas outras coisas, aí acontece essas coisas. Seja relações amorosas, seja endividamento...
VEREADOR RODRIGO BELTRÃO (PT): Peço a palavra.
VEREADOR ARLINDO BANDEIRA (PP): Então tudo isso vem relacionado.
VEREADOR ARLINDO BANDEIRA (PP): Como já falei, uma vez quando se falava em depressão, a pessoa está... Acho que não... A pessoa está ela mesmo se cometendo isso. Ao invés não. É um problema que já vem de... É uma doença essa depressão. Então, depois, tudo isso vem incluído, isso que já falei, com essas coisas tudo e aí acontece esse suicídio dessas pessoas. Então é importante essas pessoas estarem presentes sim, é importante esse trabalho da vereadora aqui, do CVV aqui de vocês, estarem atentos, acompanhando a pessoa de perto sobre essa questão. Parabéns por este assunto.
VEREADOR RAFAEL BUENO (PDT): Obrigado, vereador Bandeira. Vereadora Ana.
VEREADORA ANA CORSO (PT): Vereador Rafael, aproveitar o seu espaço e cumprimentar a vereadora Paula Ioris pela iniciativa; cumprimentar o CVV, os voluntários que estão aqui presentes pelo trabalho que fazem, sem dúvida, indispensável para que consigamos deter esse número de altos índices de suicídio. É importante dizer que o Rio Grande do Sul ocupa o primeiro lugar há vários anos no índice de suicídios. Os dados são de 2015, mas é o dobro da média nacional, em torno de 10.74 por 100 mil...
VEREADOR RAFAEL BUENO (PDT): Santa Cruz ali, a região.
VEREADORA ANA CORSO (PT): Fora o que é, assim, os dados que são subestimados: para idosos é em torno de 20 a 25%; para jovens, em torno de 10 a 6%. E falar também das populações que são discriminadas – e V. Exa. falou da questão da população LGBT –, que, muitas vezes, pelo sofrimento de discriminação e tudo mais acabam cometendo suicídio. Então muito importante o seu projeto para alertar, para despertar para uma causa de morte que só fica atrás dos acidentes por trânsito e por homicídios, o que é alarmante. Então parabéns pelo trabalho de vocês.
VEREADOR RAFAEL BUENO (PDT): Obrigado, vereadora Ana. Quero dizer também que eu sou autor do projeto que decreta de utilidade pública o CVV que permitiu, então, o número 188 aqui em Caxias do Sul. Dizer também, o governo que hoje... (Esgotado o tempo regimental.) Uma sala – para concluir, presidente – o CVV ocupa uma sala ali nos Capuchinhos cedida. Mas é uma grande luta encampada pela Miriam e que sempre entrou nas discussões ocupar uma sala ali na Maesa. Uma forma voluntária, então, esse serviço prestado gratuitamente para Caxias do Sul que na Maesa seja ocupado um espaço cedido para o CVV. Então deixo esse meu apelo também para essa entidade que faz um projeto social e voluntário. Obrigado, presidente. Voto favorável.
PRESIDENTE ALBERTO MENEGUZZI (PSB): Obrigado, vereador Rafael.
VEREADOR RAFAEL BUENO (PDT): Desculpa, Bressan.