terça-feira, 22/08/2017 - 84 Ordinária

Projeto de Lei n° 49/2017

VEREADORA PAULA IORIS (PSDB): Bom dia a todos. Presidente, caros vereadores, caras vereadoras, pessoal que nos assiste aqui no plenário pela TV canal 16. Em especial, eu quero nominar quem está aqui presente no auditório, os voluntários que trabalham no CVV. Atualmente, são 58 voluntários, mas temos aqui o Sr. Carlos Alberto Baptista, a Sra. Jaqueline Boscato Menegati, a Sra. Suzana Britto, o Sr. João Erni Machado e o Sr. Alcides Stephani. Também estão conosco a coordenadora do Curso de Psicologia da Universidade de Caxias do Sul, Sra. Roseane Godoy e uma estudante de Psicologia, a Xênia, que tive a oportunidade de conhecer, há dias, numa reunião de estágios, né, Xênia? Bem, como a gente já vem tratando deste tema, o suicídio, uma das maiores, senão a maior violência que um ser humano pode cometer consigo e com a sua família sem dúvida nenhuma. Nós... O suicídio, sem dúvida, é um ato de desespero que precisa de um olhar de todos nós, de quem está bem próximo, que é a família, os amigos, no sentido de acompanhar quais são os sintomas que ocorrem. Assim como, na escola, porque tem sido, cada vez mais, divulgada e trabalhada a questão do suicídio entre jovens. Diversos estudos têm se apresentado... É considerado assim, entre aspas, um crescimento lento e constante. Então até uma curiosidade que eu não tinha, porque, há anos, a gente vê que o tema é guardado, ele é um tabu. E eu não sabia de uma informação que o material trazido, hoje, de manhã, pelo colega vereador Cassina, de onde vem esse silenciar sobre o suicídio, que é chamado como o efeito Werther. Em 1774, um livro do jovem Werther... O título é “Os Sofrimentos do Jovem Werther”, de Goethe, foi publicado em 1774, sobre um rapaz que se mata após um fracasso amoroso, cujo exemplo teria provocado o suicídio de outros jovens. Desde então... Eu não sabia que essa era a origem do silêncio que se faz a respeito e a cerca do suicídio. Então, hoje, a gente vem... A campanha Setembro Amarelo é uma campanha nacional, e vem se trabalhando a necessidade de ao contrário de não se falar do assunto, de se falar sobre o assunto, de estudar o assunto, especialmente de acolher quem comete a tentativa.
VEREADOR RAFAEL BUENO (PDT): Peço a palavra, senhor presidente.
VEREADOR RENATO NUNES (PR): Peço a palavra, senhor presidente.
VEREADORA PAULA IORIS (PSDB): Já concederei. É importante acrescentar, em nível de dados, que o Brasil é o oitavo país com maior índice de suicídio no ranking divulgado pela Organização Mundial da Saúde, em 2014. E o crescimento de 10% entre jovens de 15 a 29 anos. Uma questão que chamo muito atenção assim, não tem classe social. Tem estudos identificados, por exemplo, com estudantes de medicina. Foi identificado, de forma assustadora, que até... Não passa jovem que até o terceiro ano não esteja tomando remédio para conter ansiedade, depressão devido à exigência... Uma Declaração de Líder, por favor.
VEREADOR GUSTAVO TOIGO (PDT): Uma aparte, na sequência, vereadora Paula.
VEREADORA PAULA IORIS (PSDB): Ok. Além disso, em todas as classes sociais, na periferia, pelo aspecto também dos jovens de bullying, da cor do tênis, da cor da pele. Então é uma situação muito grave em relação aos jovens e em todas as classes sociais. Então, de fato, por que tornar lei? Porque nós precisamos, além de toda... (Esgotado o tempo regimental)
PRESIDENTE ALBERTO MENEGUZZI (PSB): Uma Declaração de líder à bancada do PSDB. Com a palavra a vereadora Paula Ioris.
VEREADORA PAULA IORIS (PSDB): Além de toda campanha nacional, nós precisamos cada vez mais trabalhar de forma integrada em todos os Poderes – nacional, estadual, local – através de políticas públicas que possam, de fato, trabalhar a prevenção, o acolhimento e o tratamento de quem passa, de quem é vítima ou de quem tenta o suicídio. Eu vou conceder os apartes aos meus colegas antes de abordar um pouquinho sobre o CVV. Por favor, vereador Toigo, o seu aparte.
VEREADOR GUSTAVO TOIGO (PDT): Muito obrigado, vereadora Paula Ioris. Eu a cumprimento por esse momento importante. E que bom que a Câmara Municipal, que o Parlamento Caxiense está discutindo essa temática do suicídio propondo um mês específico, o Setembro Amarelo, para que a gente possa, junto com a nossa comunidade, instigá-la a ter uma maior consciência, uma maior sensibilização com relação a esse tema. Quem não teve um amigo, algum conhecido que já cometeu suicídio? Acho que muitos de nós. Infelizmente, as pessoas têm nos deixado de forma prematura, de forma brusca e entendo que nós precisamos, sim, ter medidas mais eficazes. Eu queria saudar aqui todos os voluntários da CVV que nos brindam com a sua presença. Enfim, esse projeto, vereadora Paula, como disse a V. Exa., ele tem três linhas, mas com certeza o alcance social dele é muito grande. É um projeto que com certeza vai salvar vidas, que vai trabalhar na prevenção, ele vai mobilizar, ele vai conscientizar. Nós presenciamos um grande percentual do número de suicídios. Estava aqui vendo aqui a estatística que V. Exa. traz, somente em Caxias do Sul, neste ano, tivemos 10 casos no primeiro trimestre: um caso feminino e  nove masculinos.
VEREADORA PAULA IORIS (PSDB): No primeiro trimestre.
VEREADOR GUSTAVO TOIGO (PDT): Eu, lendo a exposição de motivos do seu projeto, eu destaco a seguinte frase: o suicídio é uma atitude desesperada de sofrimento que pode afetar o ser humano e conduzi-lo ao desejo da morte.  Isso é profundamente preocupante. Então, entendo que, ao lado do Outubro Rosa e do Novembro Azul, o Setembro Amarelo se justifica. É um mês específico, com certeza, vai chamar atenção da nossa população para a temática, a sua prevenção. Eu tenho certeza absoluta que o Parlamento Caxiense, neste momento, dá uma contribuição muito grande, porque um grande percentual de casos dessas pessoas que estão em profunda depressão e que, em função disso, se acometem o suicídio, vai ser evitado por ações e projetos e ações no campo da prevenção. Então, temos entidades como a CVV, como o Conselho Federal de Medicina, como a Associação Brasileira de Psiquiatria, que vão e que estão engajadas. Então, com certeza, no mês que vem, estaremos iluminando o prédio do Legislativo, o Monumento Nacional ao Imigrante, a Casa de Pedra, a Catedral Diocesana de amarelo, para chamar atenção da nossa população que nós precisamos trabalhar essa temática com muita seriedade. E que bom que V. Exa. encampou essa temática da qual eu tenho o privilégio de estar aqui, neste momento, como vereador, e cumprimentá-la, porque é uma matéria importante e com certeza votarei de forma favorável. Parabéns!
VEREADORA PAULA IORIS (PSDB): Muito obrigada, vereador Toigo. Vereador Rafael Bueno. Ah... Ah, tá... Então, agora... Bem, então, gente, em relação aos nossos guerreiros aqui do CVV, vamos falar um pouquinho assim... Nós temos sete cidades aqui no estado do Rio Grande do Sul: Caxias, Porto Alegre, Novo Hamburgo, Santa Maria, Três de Maio, Santa Cruz e Garibaldi, que atendem pelo número gratuito de 188. E outro dia, o vereador Rafael Bueno comentou a respeito do 141, que é um número pago, e, no estado do Rio Grande do Sul, a gente tem esse número 188 gratuito. Os atendimentos, no estado, nessas sete cidades, não baixa de 20 mil mensais. O mês que teve menor número de atendimento, talvez até porque é um mês menor foi o mês de fevereiro, com 20.634 atendimentos. Nós tivemos o mês de abril com 61.594 atendimentos. É uma média de 1.500 ligações por dia, mas que eles têm, identificam que perdem ao redor de mil ligações. Aqui em Caxias, temos 58 voluntários que atendem das 8h30 às 22h30. Então, existe uma mobilização, a qual estivemos juntos na Universidade, inclusive, com a participação da coordenadora Rossani e do Alcides, para tentar verificar uma estrutura que possa comportar o atendimento 24 horas, porque a gente sabe que esse tipo de mal não tem hora para acontecer. Então, o atendimento 24 horas e à noite não é... Então, hoje, o atendimento desses voluntários, ele é apenas das 8h30 às 10h30 da manhã. Eu penso que, em relação a dados, esses são muito relevantes, que a gente precisa acolher, e peço, então, a aprovação dos pares nesse projeto que, com certeza, deverá ajudar muitas pessoas e chamará atenção da sociedade para esse tema.
VEREADOR EDSON DA ROSA (PMDB): Concede um aparte, vereadora?
VEREADORA PAULA IORIS (PSDB): Pois não, vereador.
VEREADOR EDSON DA ROSA (PMDB): Eu estava deixando a senhora concluir o vosso raciocínio, e comentava antes com as pessoas que estão aqui do CVV, e parabenizei eles pelo trabalho que fazem, porque eles serão, na verdade, divulgadores desse Setembro Amarelo. Mas nós comentávamos, eu disse: “Olha, tem que ter muita sensibilidade para fazer parte.” Porque o que as pessoas hoje... E nós estamos vivendo nesse turbilhão de atividades que nós, humanos, vivemos, principalmente Caxias do Sul também... Por que Caxias do Sul? Porque é uma cidade que tem o dinamismo muito grande e, às vezes, a projeção de expectativas que não são atingidas e não são alcançadas geram uma frustração. A forma que essas pessoas vão lidar com isso, às vezes, que não estão preparadas emocionalmente pode ser uma das causas. Porque comentávamos ali que, quando eles dizem: “Como é que tu estás?” As pessoas querem ser ouvidas. É quase como um sacerdócio. As pessoas querem que alguém consiga entender o momento que elas estão vivendo. Teve em Caxias em um determinado... Acho que há uns dez anos também, quando a senhora fala da preocupação com o jovem, eu não sei se os nobres pares vão lembrar disso, mas teve uma sequência de meninos e meninas tentando suicídio, porque justamente isso. É lidar com o não, também. Lidar com o não, lidar com o nosso limite e isso, infelizmente, no nosso dia a dia, existe um apelo, talvez até inconsciente no processo de somatização, a mídia. As pessoas projetam...
VEREADOR ARLINDO BANDEIRA (PP): Permite um aparte?
VEREADOR EDSON DA ROSA (PMDB): enxergam na comunicação algumas coisas que elas querem, uma proteção maior do que o nosso limite humano. Então, eu queria parabenizar o pessoal do CVV, que se coloca à disposição para escutar. Tantas outras instituições que tem também, não só a CVV, mas tem outras aqui em Caxias que também procuram fazer... Essas pessoas se colocam no voluntariado a ouvir o outro. Tanto que muitas instituições têm a ouvidoria, quer dizer, exercitar mais, porque a valorização da vida parte por isso, é da compreensão que é muito maior. É o dom maior que nós temos. É a possibilidade de ver, de enxergar, de falar. Parece que é tão simples, mas não é simples. Então o que nós, enquanto Poder Legislativo, temos que fazer é nessas datas, vereadora, também não deixar criar este momento e que este momento seja perenizado por ações neste ano, no ano que vem, no outro ano, no outro ano, por que isso vai despertar na comunidade uma situação que aqueles que não passaram, penso que isso não pode existir. Acontece só com o outro, não, acontece conosco. Então é o momento que nós temos que fazer uma reflexão muito grande sobre isso. É uma data? Não, não é uma data. É valorizar a vida. É valorizar a vida que é o porquê, o motivo de estarmos aqui. , às vezes, a gente se esquece de dizer o óbvio, o óbvio tem que ser dito. Então eu queria parabenizá-la por este momento, por esta sensibilidade de valorização à vida nesse Setembro Amarelo. Tomara que nós consigamos dar a importância na divulgação que merece o tema. Sabe por quê? Não teria o motivo de estarmos aqui, se não fosse a vida. Quer dizer, ah, não, os projetos, eles têm que ser para que motivem e valorizem a vida das pessoas na sua comunidade. Isso faz um estrago muito grande naqueles que ficam. Aquele que vai a gente tem que entender que Deus acolhe, mas aquele que fica o entendimento disso não é fácil. Obrigado, vereadora, parabéns.
VEREADORA PAULA IORIS (PSDB): Obrigada, vereador Edson, pelas palavras. Para encerrar, assim, cumprimentar com muita admiração o trabalho que vocês fazem, porque de fato falar é a melhor solução, como tem a campanha, e ser ouvido é a chance que alguém tem de não cometer o pior... A pior escolha que pode ter que é tirar a vida para ele próprio. Está tirando essa oportunidade de estar aqui e de causar um sofrimento, sem dúvida, muito grande para a família. Então, em nome da comunidade caxiense, agradecer o trabalho de vocês. Muito obrigada.
Parla Vox Taquigrafia
VEREADOR RAFAEL BUENO (PDT): Presidente, quero fazer uma saudação especial ao Étore e à Milena que estão recebendo os convidados, que depois o senhor vai fazer a saudação, presidente, especial, as duas gurias que estão aqui no nosso plenário que vieram da Bahia, Salvador, conhecer o projeto Parlavox que é referência em nível nacional. Foi implementado, neste ano, pela Mesa Diretora, através do nosso presidente Felipe Gremelmaier que está se recuperando, mas também tenho certeza que está nos assistindo. Quero dar os parabéns a ele que implantou aqui, com o Setor de Taquigrafia, esse excelente projeto que está repercutindo no Brasil afora. Parabéns, Milena, Étore, todos os colegas de vocês da Taquigrafia, que trouxeram o pessoal lá da Bahia para passar um frio aqui na nossa cidade. Bom, como vai você? Esse é o lema do CVV. E eu quero hoje, presidente, a votação desse projeto coincidiu... Eu ia fazer a leitura, quinta-feira, a Carta Testamento de Getúlio Vargas, que é um documento endereçado ao povo brasileiro escrito por Getúlio Vargas, horas antes do seu suicídio, no dia 24 de agosto de 1954. ”
 
"Mais uma vez, as forças e os interesses contra o povo coordenaram-se e novamente se desencadeiam sobre mim. Não me acusam, insultam; não me combatem, caluniam e não me dão o direito de defesa. Precisam sufocar a minha voz e impedir a minha ação, para que eu não continue a defender, como sempre defendi, o povo e principalmente os humildes.
Sigo o destino que me é imposto. Depois de decênios de domínio e espoliação dos grupos econômicos e financeiros internacionais, fiz-me chefe de uma revolução e venci. Iniciei o trabalho de libertação e instaurei o regime de liberdade social. Tive de renunciar. Voltei ao governo nos braços do povo. A campanha subterrânea dos grupos internacionais aliou-se à dos grupos nacionais revoltados contra o regime de garantia do trabalho. A lei de lucros extraordinários foi detida no Congresso. Contra a justiça da revisão do salário mínimo se desencadearam os ódios. Quis criar liberdade nacional na potencialização das nossas riquezas através da Petrobrás e, mal começa esta a funcionar, a onda de agitação se avoluma. A Eletrobrás foi obstaculada até o desespero. Não querem que o trabalhador seja livre.
Não querem que o povo seja independente. Assumi o Governo dentro da espiral inflacionária que destruía os valores do trabalho. Os lucros das empresas estrangeiras alcançavam até 500% ao ano. Nas declarações de valores do que importávamos existiam fraudes constatadas de mais de 100 milhões de dólares por ano. Veio a crise do café, valorizou-se o nosso principal produto. Tentamos defender seu preço e a resposta foi uma violenta pressão sobre a nossa economia, a ponto de sermos obrigados a ceder.
Tenho lutado mês a mês, dia a dia, hora a hora, resistindo a uma pressão constante, incessante, tudo suportando em silêncio, tudo esquecendo, renunciando a mim mesmo, para defender o povo, que agora se queda desamparado. Nada mais vos posso dar, a não ser meu sangue. Se as aves de rapina querem o sangue de alguém, querem continuar sugando o povo brasileiro, eu ofereço em holocausto a minha vida.
Escolho este meio de estar sempre convosco. Quando vos humilharem, sentireis minha alma sofrendo ao vosso lado. Quando a fome bater à vossa porta, sentireis em vosso peito a energia para a luta por vós e vossos filhos. Quando vos vilipendiarem, sentireis no pensamento a força para a reação.
Meu sacrifício vos manterá unidos e meu nome será a vossa bandeira de luta. Cada gota de meu sangue será uma chama imortal na vossa consciência e manterá a vibração sagrada para a resistência. Ao ódio respondo com o perdão.E aos que pensam que me derrotaram respondo com a minha vitória. Era escravo do povo e hoje me liberto para a vida eterna. Mas esse povo de quem fui escravo não mais será escravo de ninguém.
 
(Esgotado o tempo regimental.) Uma Declaração de Líder para continuar, presidente.
PRESIDENTE ALBERTO MENEGUZZI (PSB): Declaração de Líder à bancada do PDT. Segue o vereador Rafael Bueno.
VEREADOR RAFAEL BUENO (PDT):
 
Meu sacrifício ficará para sempre em sua alma e meu sangue será o preço do seu resgate. Lutei contra a espoliação do Brasil. Lutei contra a espoliação do povo. Tenho lutado de peito aberto. O ódio, as infâmias, a calúnia não abateram meu ânimo. Eu vos dei a minha vida. Agora vos ofereço a minha morte. Nada receio. Serenamente dou o primeiro passo no caminho da eternidade e saio da vida para entrar na História."
 
Esta é a Carta-Testamento de Getúlio Vargas. E por que eu fiz esta leitura, professor Paulo Périco? Justamente hoje, nós estamos votando um projeto da vereadora Paula Ioris, mas quantas pessoas escrevem antes da hora da sua morte, no seu momento de suicídio, uma carta para os seus familiares? O suicídio não escolhe classe social, não escolhe idade, é do jovem ao idoso. E aqui, para quem não sabe, esses dias o vereador Adiló Didomenico trouxe a notícia que o neto de Getúlio Vargas tinha cometido suicídio. Mas o filho dele também cometeu suicídio. Então veja bem: o vô, o filho e o neto. Então é uma sequência de família que cometeu o mesmo ato. E talvez muitos dos que estão nos assistindo agora pela TV Câmara – e aqui eu quero parabenizar o CVV, que está sendo empenhado aqui na Câmara de Vereadores – perguntam: como vai você? As crianças chegam da escola e querem, naquela “ansiosidade”, mostrar para os pais: “Olha, pai, como foi o meu dia hoje. Olha o meu caderno, pai”. E o pai diz o seguinte: “Ah, deixa eu assistir o futebol”. Daí vai lá e mostra para a mãe: “Olha, mãe, meu dia de hoje na escola.” A mãe vai assistir à novela. E, nesse período que a família nega atenção, essa criança começa a se sufocar de ansiedade, de conflitos. Na escola, talvez essa criança seja excluída e está sofrendo bullying. No local de trabalho, um adulto, um jovem, com as suas... E aqui, recentemente, em Caxias do Sul, nós tivemos um jovem que, por preconceito dentro da família por ser homossexual, cometeu suicídio. Enfim, eu tenho amigos que estavam bem num dia, comigo; no outro dia, cometeu suicídio. Talvez ele queria uma palavra de conforto e eu não sabia dar a ele naquele momento. Está aí o CVV, o Centro de Valorização da Vida, que está diariamente, de forma voluntária, atendendo a população de Caxias do Sul e região, o Brasil e o mundo. Eu quero dizer que eu também fiz a minha contribuição no momento que tinha a presidente, a grande lutadora Miriam, a Miriam Gemelli, minha amiga. Morava aqui no nosso bairro, no Bairro Cristo Redentor. A família dela ainda mora ali. Uma grande lutadora que estava, no mês de agosto, neste mês, lá no Rio de Janeiro, numa campanha... No mês de setembro, na campanha do Setembro Amarelo. Onde o mundo inteiro estava voltado para o Rio de Janeiro, nessa grande campanha que iluminou o Cristo Redentor de amarelo, mostrando a importância dessa entidade, do CVV, Centro de Valorização da Vida. Na volta dela, então, infelizmente, ela sofreu um acidente de trânsito e veio a óbito. Estava visitando a filha em Santa Catarina e na volta, então, sofreu um acidente. E este meu voto eu dedico a ela e à família dela, à Miriam. Porque ela é uma pessoa que deixou o seu legado nessa entidade e lutou até o último momento. E daí, vereador Toigo, nós estávamos conversando com a primeira-dama Alexandra Baldisserotto, esposa do prefeito Alceu, na época, para que neste ano continuasse, já deixasse escrito, enfim, para que todos os governos pudessem iluminar os espaços públicos. A Festa da Uva, a Prefeitura, o Monumento ao Imigrante, os símbolos de Caxias do Sul fossem iluminados de amarelo para conscientizar as pessoas. Então, que seja possível isso, que seja acolhido pela Prefeitura de Caxias esse símbolo que é de vocês, de conscientização. Então, eu quero deixar esse meu voto não somente à Miriam...
VEREADOR ADILÓ DIDOMENICO (PTB): Permite um aparte?
VEREADORA ANA CORSO (PT): Peço a palavra.
VEREADOR RAFAEL BUENO (PDT): ...mas a todos vocês que estão aqui presentes hoje. Ao meu amigo também, o Paulo Ramon, que é um voluntário do CVV. Ao Geder, que é funcionário da Prefeitura e é um involuntário. E o Marcelo Bertelli, que é um pediatra em Caxias do Sul e tem um projeto muito bacana em nível mundial também, que é a questão de lidar com os conflitos internos dos indivíduos. Então parabenizo, vereadora Paula Ioris. Nós também temos um projeto em conjunto, que é o Janeiro Branco, que é para tratar a questão da saúde mental, que dialoga diretamente com esse projeto. Então, dizer que Getúlio Vargas, na sua carta-testamento, o presidente do Brasil cometeu suicídio. Então, não escolhe classe social, não escolhe a profissão e idade. Todos somos vítimas desse grande conflito que está ocasionando na nossa sociedade, que é a depressão. E nós temos que saber lidar, porque ela não bate na porta do vizinho. Ela bate na nossa porta e, às vezes, a gente não sabe lidar. Acho que o vereador Bandeira pediu aparte antes. Não? Vereador Adiló.
VEREADOR ADILÓ DIDOMENICO (PTB): Obrigado, vereador Rafael. Em primeiro lugar cumprimentar a vereadora Paula por esse importante projeto. Mas, acima de tudo, cumprimentar vocês, os voluntários. Porque esse é um trabalho de uma grandiosidade imensurável. Ter a capacidade de ouvir, que é o mais importante, e depois ter a palavra correta, certa, na hora certa para essas pessoas, que elas precisam. Então vocês, seguramente, vão... Estão e vão fazer a diferença na vida de muitas pessoas. Também quero destacar as casas espíritas. A grande maioria delas tem um atendimento fraterno, que é um trabalho também nessa linha muito importante, de abnegados, voluntários que, todos os dias, à tarde e à noite, estão lá para ouvir as pessoas. Também somam a esse trabalho. Meus cumprimentos. Não tem como a gente encontrar palavras para reconhecer e elogiar esse trabalho de vocês, porque isso aí é um trabalho que não aparece, mas que faz uma diferença muito profunda na sociedade nos dias de hoje. Então, cumprimentos, vereadora Paula. Pode contar com o meu voto.
VEREADOR RAFAEL BUENO (PDT): Obrigado.
VEREADOR ADRIANO BRESSAN (PMDB): Um aparte, vereador?
VEREADOR RAFAEL BUENO (PDT): Vereador Bandeira.
VEREADOR ARLINDO BANDEIRA (PP): Obrigado, vereador Rafael Bueno, pelo aparte.
VEREADOR RAFAEL BUENO (PDT): Depois a Ana e depois...
VEREADOR ARLINDO BANDEIRA (PP): Parabenizar pelo seu trabalho; parabenizar a vereadora Paula Ioris por este projeto. Votarei favorável. Parabenizar o CVV também que está aqui presente, bem-vindos. Por este importante... é uma questão importante, vereador Rafael Bueno, essa questão, nobres colegas. Porque, quando a gente ouvia falar em estresse, em depressão, muitas vezes, eu acreditava que a pessoa tinha algo assim... qualquer coisa... Ao invés não. Já é um problema de... É uma doença essa depressão e já vem incluído tudo aí: viciados em drogas, é celular, é redes sociais de pessoas, seja o jovem, vereador Rafael Bueno, seja o adulto, vê coisas que não existe, como Baleia Azul, coisas erradas, tantas outras coisas, aí acontece essas coisas. Seja relações amorosas, seja endividamento...
VEREADOR RODRIGO BELTRÃO (PT): Peço a palavra.
VEREADOR ARLINDO BANDEIRA (PP): Então tudo isso vem relacionado.
VEREADOR ARLINDO BANDEIRA (PP): Como já falei, uma vez quando se falava em depressão, a pessoa está... Acho que não... A pessoa está ela mesmo se cometendo isso. Ao invés não. É um problema que já vem de... É uma doença essa depressão. Então, depois, tudo isso vem incluído, isso que já falei, com essas coisas tudo e aí acontece esse suicídio dessas pessoas. Então é importante essas pessoas estarem presentes sim, é importante esse trabalho da vereadora aqui, do CVV aqui de vocês, estarem atentos, acompanhando a pessoa de perto sobre essa questão. Parabéns por este assunto.
VEREADOR RAFAEL BUENO (PDT): Obrigado, vereador Bandeira. Vereadora Ana.
VEREADORA ANA CORSO (PT): Vereador Rafael, aproveitar o seu espaço e cumprimentar a vereadora Paula Ioris pela iniciativa; cumprimentar o CVV, os voluntários que estão aqui presentes pelo trabalho que fazem, sem dúvida, indispensável para que consigamos deter esse número de altos índices de suicídio. É importante dizer que o Rio Grande do Sul ocupa o primeiro lugar há vários anos no índice de suicídios. Os dados são de 2015, mas é o dobro da média nacional, em torno de 10.74 por 100 mil...
VEREADOR RAFAEL BUENO (PDT): Santa Cruz ali, a região.
VEREADORA ANA CORSO (PT): Fora o que é, assim, os dados que são subestimados: para idosos é em torno de 20 a 25%; para jovens, em torno de 10 a 6%. E falar também das populações que são discriminadas – e V. Exa. falou da questão da população LGBT –, que, muitas vezes, pelo sofrimento de discriminação e tudo mais acabam cometendo suicídio. Então muito importante o seu projeto para alertar, para despertar para uma causa de morte que só fica atrás dos acidentes por trânsito e por homicídios, o que é alarmante. Então parabéns pelo trabalho de vocês.
VEREADOR RAFAEL BUENO (PDT): Obrigado, vereadora Ana. Quero dizer também que eu sou autor do projeto que decreta de utilidade pública o CVV que permitiu, então, o número 188 aqui em Caxias do Sul. Dizer também, o governo que hoje... (Esgotado o tempo regimental.) Uma sala – para concluir, presidente – o CVV ocupa uma sala ali nos Capuchinhos cedida. Mas é uma grande luta encampada pela Miriam e que sempre entrou nas discussões ocupar uma sala ali na Maesa. Uma forma voluntária, então, esse serviço prestado gratuitamente para Caxias do Sul que na Maesa seja ocupado um espaço cedido para o CVV. Então deixo esse meu apelo também para essa entidade que faz um projeto social e voluntário. Obrigado, presidente. Voto favorável.
PRESIDENTE ALBERTO MENEGUZZI (PSB): Obrigado, vereador Rafael.
VEREADOR RAFAEL BUENO (PDT): Desculpa, Bressan.
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VEREADOR RENATO NUNES (PR): Muito obrigado, senhor presidente. Meus cumprimentos à Mesa; em especial, a vereadora Paula Ioris, autora do projeto; senhoras vereadoras e senhores vereadores. Meus cumprimentos também a todos que se fazem presentes aqui no plenário; em especial também, a todos os voluntários do CVV. São 58 ao todo, né? Então nosso abraço a todos os voluntários. Quero parabenizar, vereadora Paula Ioris, V. Exa. por essa iniciativa que tem como objetivo, assim como todo o trabalho já desenvolvido pelo CVV, a valorização da vida. Ou seja, o seu objetivo maior é o trabalho de prevenção para que não ocorram os suicídios, que é o desejo da morte que a pessoa passa a ter devido a vários fatores. Suicídio é a maior violência, no meu entendimento, que uma pessoa pode cometer contra si, contra seus familiares e contra seus amigos. Um desequilíbrio psicológico, emocional que afeta o ser humano, como foi inclusive... Está na justificativa do projeto. Também acredito que o fato, vereadora Paula Ioris, de a depressão estar em primeiro lugar na lista das causas do suicídio, seguido pelo uso de drogas e alcoolismo, a depressão todos nós sabemos que é a doença do século. Muitas pessoas hoje tem depressão devido a vários fatores. Eu estava assistindo, ouvindo aqui o vereador fazer a leitura da carta de Getúlio, que justificou, entre aspas, o seu suicídio, que para mim... Eu tenho a visão bem polêmica quanto a essa carta, porque na verdade essa carta, para mim, está... É um incentivo ao suicídio, é uma espécie de incentivo ao suicídio porque a gente vê inclusive um tom de heroísmo nessa carta falando: “Olha, eu fiz isso, fiz aquilo, fiz aquilo outro e agora vos entrego a minha vida”. Ninguém pediu para ele fazer isso. Quis dar uma de Jesus, entregar a sua vida para salvar a humanidade. Então essa carta é, para mim, até um incentivo, porque toda pessoa que se suicida antes ela escreve uma carta tentando justificar ali. Só que nada justifica isso, gente, esse é o maior ato de covardia que um ser humano pode cometer. Claro que tem casos que é doença, é um desequilíbrio, isso e aquilo, mas a maioria das justificativas que a gente vê... Ah, tinha esse problema, tinha aquele problema, tinha aquele outro problema. Quer dizer, a pessoa com medo de enfrentar o problema, de enfrentar a realidade se mata. Então eu quero até inclusive aqui, nesses poucos minutos que me resta, dar esse testemunho que a gente tinha uma pessoa na nossa família, na minha família, que vivia ameaçando que ia se suicidar, vereadora Paula: “Oh, vou me suicidar, uma hora dessas me dou um tiro, uma hora dessas vocês vão me encontrar enforcado aqui dentro de casa. Eu vou me matar”. Quer dizer, então, a partir desde o primeiro momento que a família identificou essa questão todos se mobilizaram para trabalhar em prol daquela pessoa, convencendo ela, dando carinho, dando amor e graças a Deus essa pessoa ela não cometeu esse crime que é tirar a própria vida. Então parabéns, vereadora Paula, no momento oportuno este vereador votará a favor. Parabéns a todos os vereadores que assinaram esse projeto e parabéns, principalmente, a todo pessoal do CVV, todos os voluntários. Muito obrigado.
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VEREADOR RODRIGO BELTRÃO (PT): Bom, também quero me manifestar sob forma de me somar a essa luta. Quero congratular a vereadora Paula Ioris. Ótima iniciativa, de uma felicidade imensa porque vem ao encontro de uma grande necessidade, que para mim é algo tão sério que tem tomado até contornos de uma questão de... Um problema de saúde pública. Quero saudar o CVV e todos os voluntários, mas me permita saudar o João Erni, que é um amigo, um abnegado. Conheço a paixão dele por essa causa, que contamina, que contagia de forma positiva, e é isso que nós temos que fazer. E importante referir que São Tomás de Aquino, na sua elaboração, ele fala, ele cria um conceito, ele fala da acídia. Acídia que viria a ser, segundo ele, até um oitavo pecado capital. A Igreja Católica fala em sete, e o São Tomás de Aquino falava da acídia. Falava de algo tão grave, que seria a acidez da alma, o esfriamento, a perda do sal pela vida. E se ele falava isso há muito tempo, há séculos, imaginem, hoje, no momento em que a gente vive um ápice da sociedade do ponto de vista da produção, da tecnologia, onde nós avançamos enormemente de um lado e, de outro, nós esfriamos as relações. Nós estamos à beira de viver, logo ali na frente, o comando do ser humano pelas máquinas, pela inteligência artificial, onde as relações são suprimidas. Nós vivemos um paradoxo entre as redes sociais, onde se tem vários amigos e não se tem nenhum. Onde se tem amigos ali que interagem virtualmente e te encontram e não te cumprimentam. É esse paradoxo da sociedade que a gente vive da qual aguça esse vazio. E quando a gente tenta identificar uma situação de uma pessoa, vendo de fora, sinceramente, quero ser bem honesto, parece pouca coisa, não valoriza aquele sofrimento. “Não, depressão é pouca coisa. O problema é quem está doente, quem está passando fome.” E a gente acaba por minimizar essa situação. E, no entanto, isso pode chegar àquilo que é mais grave, que o vereador Renato Nunes falou, que é a pessoa se tirar a vida, que seria o ato mais grave possível de um ser humano, que é tirar a própria vida. Então, de fato, a gente precisa acordar para esse assunto que, de certa forma, nos leva à nossa origem, à simplicidade das coisas que são as relações que se esfriaram. E o vereador Rafael falou do ambiente doméstico. Então começa no ambiente doméstico, as relações sociais e essa ideia de ter um mês que faça essa reflexão, certamente, dá a importância que o assunto merece. Então, reitero e renovo os cumprimentos, vereadora Paula, à CVV. E que possamos, daqui para a frente, cada vez mais, ter essa visão dessa importância desse assunto. Então, eu me somo a essa luta. Obrigado.
 

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VEREADOR PAULO PÉRICO (PMDB): Senhor presidente, eu também gostaria de parabenizar a colega Paula Ioris. Estaremos votando a favor e com todos os voluntários do CVV, porque quanto mais voluntários nós tivermos na nossa cidade, mais nós estaremos levando essa palavra que vocês tanto levam para todos os cantos de Caxias do Sul. E, falando com vários amigos psiquiatras, eles sempre colocaram que muito é abafado até pela imprensa de Caxias do Sul, para não dar os números dos jovens que estão praticando suicídio. E que a preocupação é que, se isso fosse levado para o público, talvez até aumentasse o número de suicídios. Então, tem essa preocupação. Mas a gente não tem nem ideia talvez dos números reais dos suicídios que estão ocorrendo em nosso município. Uma vez eu já falei aqui, e o primeiro estudo de caso sobre suicídio foi escrito há 120 anos, do sociólogo Émile Durkheim, quando ele escreveu o livro O Suicídio. Então, vejam, há 120 anos, já se falava sobre isso. E o estudo de caso dele, é um ícone da Sociologia, quando ele colocava lá naquela época que a prática de suicídio era, justamente, uma questão das instituições e não tinha nenhuma questão de sexo, questão social, questão econômica. Vejam, ele falava isso, e um sociólogo, não um médico. E o que a gente percebe é que, 120 anos depois, nós continuamos ainda tendo esse mesmo problema, ainda mais com essa sociedade, pegando as palavras do colega Rodrigo Beltrão... Em que ele pega muito bem a questão, hoje, desse mundo da produção tecnológica, da inteligência artificial, que cada vez mais vai colocar pessoas fora do processo produtivo, fora de uma sociedade. E essas pessoas talvez cheguem ao desespero do suicídio. Então, eu gostaria aqui de cumprimentar vocês pelo trabalho que vocês fazem de uma forma voluntária e que nós possamos ter mais pessoas engajadas nesse trabalho e que nós consigamos, vereadora Paula, transformar a cidade de Caxias do Sul muito amarela para o nosso Setembro Amarelo, mais muito amarela. Todos os órgãos públicos, a nossa Câmara de Vereadores também. Que ela também possa se tornar um grande prédio amarelo e que a gente possa levar para frente essa política. Alguém pediu um aparte? Foi o colega... Ah, está bom. Sobre outra questão que eu acho interessante foi muito bem levantada aqui pelo colega Rafael Bueno, colega meu da área de História, quando ele leu aqui a Carta Testamento de Getúlio Vargas. Eu, nas minhas de aulas de História do Brasil, sempre leio uma parte também. Não pela questão do suicídio em si do Getúlio Vargas, mas pela questão histórica daquele momento. Aquele momento é que levou ao fato do suicídio de Getúlio Vargas. Muitas vezes a gente fala que suicídio ele é uma questão ou de fraqueza ou muitas vezes uma questão até de coragem dependendo as condições daquele momento. E aquele momento foi uma questão até de coragem de Getúlio Vargas, porque ele não tinha mais como enfrentar todas aquelas forças contrárias a ele naquele momento da história e eram muito mais fortes do que ele. Eu tive oportunidade de anos atrás de falar com o ex- presidente Tancredo Neves aqui em Caxias do Sul quando ele veio lançar o PP, na qual o meu pai estava sendo o fundador do PP e eu pedi para o Tancredo Neves, eu era estudante de História, eu pedi para ele naquilo que se discutia na História, se tinham matado Getúlio ou se ele realmente tinha se suicidado. E o Tancredo Neves me disse naquele momento. “Eu fui a terceira pessoa que entrou no quarto.” Primeiro foi à filha do Getúlio Vargas; segundo foi o médico e a terceira pessoa fui eu e ali vimos absolutamente o quarto todo fechado e ele já caído na cama jorrando sangue do seu coração. Então eu tive esse depoimento, por que isso era uma coisa que me... Na faculdade de História a gente ficava... Matou, não mataram e justamente eu tive este depoimento de quem viveu aquele momento da História e não o que está escrito. Está escrito nos livros, mas quem esteve lá e acredito realmente que houve esse suicídio é óbvio, mas que foi um outro momento da História. Foi um outro momento, que a gente não pode aqui generalizar o suicídio do presidente Getúlio Vargas apenas como um suicídio daquele que a CVV está aqui trabalhando. Foi um momento político e não é isso que nós estamos aqui, porque nós estamos falando do movimento e do momento daqueles jovens, daquelas pessoas que têm outros problemas e que elas não estão conseguindo ter uma vida para levarem para frente e aí chegam a este momento tão radical. E digo para vocês, para finalizar, para chegar ao suicídio, você tem que ter muita coragem, porque aqueles tentam, tentam e não conseguem, você tem ter muita coragem para tirar a sua própria vida. Então, vereadora Paula, estarei voltando junto com vocês e vamos tornar  nossa cidade muito amarela. Obrigado,  senhor presidente.
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VEREADOR ELÓI FRIZZO (PSB): Senhor presidente, o tema, vereador Paula, é apaixonante. Ele possibilita mil interpretações desde o estudo das sociedades, a forma como encaram a questão do suicídio. Nós vamos ver a sociedade japonesa é uma forma diferente. Às vezes o suicídio é um ato de honra. Em outras sociedades tratam isso de forma diferentemente no decorrer dos anos. Ao mesmo tempo eles têm todas essas implicações religiosas de conceito, de moral. Então eu cumprimento os que se dedicam a esta causa, por que de fato a pessoa tem que estar muito bem preparada para trabalhar isso. Eu passei por uma situação pessoal de um colega advogado que estava comigo, conversando, na minha sala. Saiu da minha sala foi até o seu escritório que ficava duas quadras do meu e aí questão de três, quatro minutos, me liga um sobrinho dele dizendo assim: “ O tio está aí? Eu disse: não, acabou de sair daqui. Ele disse: “Não, porque ele chegou aqui, entrou no banheiro, pegou um revólver e se deu um tiro”. Eu disse: nossa! Até hoje fico impressionado, quando me lembro desse episódio. Então essas questões, a gente não tem justificativas para o que passa pela cabeça das pessoas. Nesse sentido, eu acho que todas as ações que a gente desenvolve do ponto de vista de fazer com que as pessoas parem, pensem, se sintam acarinhadas, se sintam protegidas, acolhidas, isso ajuda do ponto de vista de a gente se diferenciar um pouco desse mundo capitalista, consumista, que o ter é muito mais do que ser. O ter é muito mais do que ser. A gente já abordou aqui outros aspectos. O bullying, por exemplo, que é uma questão terrível do ponto de vista de a pessoa se sentir isolada na sociedade, no mundo. Então, cumprimentos, vereadora Paula, por essa iniciativa, porque de fato é um tema dos nossos dias, é um tema do nosso dia a dia. Quem de nós não conhece uma situação parecida com a que eu vivenciei? Então nesse sentido, lhe cumprimento, cumprimento a todos que fazem esse trabalho magnífico de dedicação, porque isso aí tem que... Isso aí é um apostolado, com toda a honestidade. É um apostolado, o cara tem que ser meio padre, pastor, vereador Renato, para entender isso e tentar compreender um pouco o que passa pela alma humana. Não é fácil, não é fácil. Nesse sentido, no momento oportuno, votarei favoravelmente, senhor presidente.
 
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VEREADOR EDSON DA ROSA (PMDB): Senhor presidente. Vereadora Paula, esse projeto traz uma grande reflexão aqui para a Câmara de Vereadores. Vejam bem. Primeiro, se nós fôssemos estratificar aqui, teve um vereador que falou de extrema covardia e teve um vereador que falou de extrema coragem. Penso que nesse sentido a palavra certa é o equilíbrio. Então, nós temos que perceber exatamente isso. Eu já contei para vocês, relatei aqui – falo de um caso pessoal, eu Edson –, quando fui assaltado. Quando tu tem uma arma apontada para ti, quem valoriza a vida, tu quer pedir um tempo a mais. E esse tempo a mais, a gente não sabe se vai ter, porque depende do outro. Aquilo que depender de nós, e às vezes, se nós não temos a força necessária, alguém tem que ajudar. E a gente tem que, muitas vezes, entender isso e ouvir aquelas pessoas que se colocam à disposição. Então, nós temos aqui na Câmara de Vereadores... E o que me motivou a falar foi o que o vereador Frizzo comentou agora, é valorizar, efetivamente, aquilo que tem valor na vida. Às vezes, as pessoas não têm essa condição. Então aqui não cabe a nós tentar dizer se é “a”, se é “b”, porque este é o momento que só a pessoa sabe dela naquele momento. Nesse sentido não é julgar ou não, mas é de incentivar, de motivar à vida. Vereadora Paula, eu quis fazer novamente uma fala, porque é isso que nós temos que perceber. Porque os apelos materiais, os apelos do ser, os apelos do ter são muito maiores do que o lado espiritual, do que é propagado e divulgado hoje. Então votarei favorável. E, novamente, eu quero parabenizar essas pessoas que dedicam o seu tempo a ouvir o outro. (Esgotado o tempo regimental.) Nós precisamos disso, de estar mais próximo, de estar mais presente, de cuidar um do outro. E a gente esquece. O dia a dia faz com que, senhor presidente, para concluir, nós esqueçamos o que nos une, que é o humano. A nossa humanidade nos une, e nós esquecemos disso. Então parabéns a vocês que fazem isso com muito carinho, com muito denodo. E o que depender da Câmara de Vereadores, de novo, nós precisamos reforçar essa data, não só este ano. Era isso, senhor presidente. Muito obrigado.
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VEREADOR NERI, O CARTEIRO (SD): Obrigado senhor presidentes, vereadores e vereadoras. Vereadora Paula, cumprimentar por esse importante projeto que traz o nosso Setembro Amarelo no Município de Caxias do Sul. Cumprimentar a todos do CVV. Pedi a palavra para declarar o meu voto. Votarei a favor desse projeto, vereadora. Mas também para cumprimentar vocês. Vocês que dedicam o que é de mais precioso que a gente tem na vida, que é o tempo. De forma voluntária para ajudar nessa causa da questão do suicídio. No meu entender, as pessoas, hoje, estão muito carentes de atenção, de serem escutadas. Bem o que vocês fazem. Vocês se disponibilizam, disponibilizam o tempo de vocês para escutar e tentar ajudar. Importante esse projeto, vereadora Paula, porque ele, além de trazer o debate à Casa, todo mês de setembro, ações serão feitas, debates, buscando esta conscientização, buscando esta prevenção, buscando encontrar o diagnóstico. No meu entender, para a pessoa chegar ao suicídio ela tem que estar no auge de uma depressão, de uma doença. E ela precisa ser curada. Então, quanto mais a gente falar, mais a gente conscientizar as pessoas sobre isso, mais a gente escutar e tentar ajudar essas pessoas que estão em depressão, a gente vai conseguir ajudar. E aqui nesta terra a gente sempre fala, a gente está aqui apenas de passagem, vereadora Paula. E, quanto mais a gente conseguir ajudar o próximo, a recompensa vai vir. É uma passagem aqui na Terra. Então, apenas para cumprimentá-la pelo importante projeto e parabenizar vocês pela luta de vocês que, com certeza, todo ano terá no mês de setembro debates, ações em prol do combate ao suicídio. Parabéns! Voto favorável, senhor presidente.
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VEREADOR ADRIANO BRESSAN (PMDB): Bom dia, senhor presidente, senhores e senhoras vereadoras. Gostaria aqui de parabenizar a vereadora Paula por esse importante projeto. Então, o que nós estávamos olhando agora são inúmeros exemplos que levam ao suicídio. Problemas de drogas, problemas financeiros, problemas de depressão. E o impacto, o impacto nas pessoas que ficam. Na família, nos amigos. Isso, sim, é muito importante essa conscientização. E mais ainda, vereadora Paula, olhando aqui os números. As tentativas são muito grandes. E graças a Deus que não se concretizam tantas. Tenho certeza absoluta que isso não é concretizado pela conscientização e pelo trabalho desse pessoal do CVV que está aqui presente. Estava lendo aqui que, a cada dez casos, nove nós podemos prevenir e não deixar acontecer. Então, o mais importante nesse Setembro Amarelo seria a prevenção. Temos que prevenir para que não aconteça, realmente, esse tipo de mal na nossa sociedade, ainda mais com a nossa família. Então, para declarar o voto, voto favorável.
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VEREADORA PAULA IORIS (PSDB): Bem, obviamente que votarei favorável. Mas eu acho importante marcar o momento que houve nesta Casa, esta Casa que de tantas pautas trata. Há pouco falávamos de árvore, ora falamos de calçadas. A gente fala de tantas coisas. Neste momento, nós nos dedicamos a falar da vida. Porque combater o suicídio é falar da vida. De todas as coisas... Porque, quando a gente fala no assunto, cada um passa o seu filme frente às experiências que teve, e eu tenho várias para falar, muito dolorosas, mas tem uma em específico que é de uma amiga comparando a forma como... Eu já falei isso, aqui, em outra ocasião. Mas ela tinha uma amiga... Eu, que perdi um filho assassinado, e ela tinha uma amiga que perdeu um filho com suicídio. Ela disse aqui: “Não dá para comparar.” Então, é uma falência, sem dúvida, muito grande. E a gente precisa de toda essa reflexão que a Casa propôs aqui. Que não seja, assim, mais um projeto. Foi reflexão para nós levarmos para a nossa casa, para a nossa família, para o ambiente onde a gente está. Porque o suicídio, de fato, é um momento de extremo desespero. Então, no momento adequado, votarei favorável.
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VEREADOR RENATO OLIVEIRA (PCdoB): Primeiro, parabenizar a vereadora Paula e toda a equipe do CVV aí presente. Claro que voto favorável. Eu estava ainda falando com a vereadora Paula no domingo – no domingo, 19h30 mais ou menos. 19h15 até 19h30 estive lá no PA dando uma volta – como nosso dia a dia é isso mesmo, não é?   Chegou uma senhora, vereadora Paula, com os familiares lá que tinha tentado suicídio – então assim, todo dia acontecendo –, uma senhora, eu acredito que uns quarenta e poucos anos. Lembro que – e todos aqui da Casa lembram –, de um menino lá do bairro, lá do Fátima, um guri com 17 anos, no começo do ano que tirou a vida. Não tem idade, não tem. Depois o menino de 12, primeiro aquele de 17 e depois, depois a menina de 12 anos, não é? São umas coisas que a gente fica muito, muito, muito preocupado. Aquela menina de 12 – conheci ela um pouco menos, talvez um ano, um ano e pouco –, moradora lá do bairro, ela era inquilina. Mas, o rapaz de 17 anos, eu conhecia ele desde o tempo da creche. Como convidado seguido, com frequência, de ir lá na creche. Ele tinha passado pela creche, passado pela escola Castelo Branco, pelo Rachel. Um guri muito dedicado. Então, assim, a gente vai vendo no dia a dia o número que a senhora apresentou, ainda na exposição de motivos e, no primeiro dia de discussão do projeto. Números muitos grandes! E cada vez avançam mais. Então esses dados que o vereador Rafael, vereador Paulo, trazem acrescentam mais ao seu projeto e, mais uma vez, mostra que a senhora tem totalmente razão em apresentar o projeto a Casa.  Eu acho que, com certeza, aqui foi... Pelo visto votação será unânime. Então, presidente, é isso. E, mais uma vez, vereadora Paula, está de parabéns. É um serviço que precisa ser levado a frente. E precisa que em um segundo momento o Executivo acampe este projeto. De fato! Não seja só da vereadora Paula, dessa equipe que está aqui. Que o Executivo acampe este projeto. Acampe independente que a vereadora Paula esteja na Casa, ou não esteja. Independente do prefeito que esteja em frente do Executivo. Que seja acampado pelo Executivo e levado adiante. Isso vai diminuir muito o sofrimento de várias famílias. Obrigado, presidente.
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Votação: Aprovado por Unanimidade

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84ª Ordinária | 22/08/2017
Projeto de Lei n° 49/2017
Aprovado por Unanimidade
ADILÓ DIDOMENICO
PTB
Sim
ADRIANO BRESSAN
PMDB
Sim
ALBERTO MENEGUZZI
PSB
Não votou
ALCEU THOMÉ
PTB
Sim
ANA MARIA CORSO
PT
Sim
ARLINDO BANDEIRA
PP
Sim
CLAIR DE LIMA GIRARDI
PSD
Sim
EDI CARLOS PEREIRA DE SOUZA
PSB
Sim
EDIO ELÓI FRIZZO
PSB
Sim
EDSON DA ROSA
PMDB
Sim
FLÁVIO GUIDO CASSINA
PTB
Sim
FRANCISCO ANTÔNIO GUERRA
PRB
Sim
GLADIS FRIZZO
PMDB
Sim
GUSTAVO LUIS TOIGO
PDT
Sim
NERI ANDRADE PEREIRA JUNIOR
SD
Sim
PAULA IORIS
PSDB
Sim
PAULO FERNANDO PERICO
PMDB
Sim
RAFAEL BUENO
PDT
Sim
RENATO DE OLIVEIRA NUNES
PR
Sim
RENATO JOSÉ FERREIRA DE OLIVEIRA
PCdoB
Sim
RICARDO DANELUZ
PDT
Sim
RODRIGO MOREIRA BELTRÃO
PT
Sim
VELOCINO JOÃO UEZ
PDT
Sim
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