VEREADOR ALBERTO MENEGUZZI (PSB): Senhor presidente Dambrós, bom dia. Bom dia a todos que nos acompanham. Vereador Lucas, eu também quero falar sobre educação, e um assunto... Lucas Caregnato, Lucas Diel e outros vereadores e vereadoras. Porque o assunto é muito importante e muito perigoso. É um assunto que merece a nossa discussão. Porque o assunto é muito importante, muito perigoso, é um assunto que merece a nossa discussão. Eu sei que foi discutido já, várias vezes aqui nesta Casa, que é a questão da violência escolar. Hoje, eu recebei aqui um comunicado de que na escola Ester Justina Troian Benvenutti, que fica no Bairro Fátima, se não me engano.
Informamos que, nesta terça-feira, os estudantes não terão aula. Os professores estarão na escola, em planejamento, para articular ações para que a cultura da paz seja efetiva na escola.
No dia 18 de agosto, nos deparamos com uma situação covarde e violenta, ocorrida com uma profissional da educação da nossa escola em função do trabalho exercido.
Os alunos não serão prejudicados, pois esse dia será recuperado posteriormente.
É o que diz a diretoria dessa escola.
VEREADOR JULIANO VALIM (PSD): Um aparte, vereador Alberto.
VEREADOR ALBERTO MENEGUZZI (PSB): Da escola Ester Justina Troian Benvenutti. O que aconteceu? Uma menina de seis anos, pelo relato da escola, no recreio, caiu, se machucou. Foi medicada pela escola, como tinha que ser. Mas, ao chegar em casa, contou outra história para a mãe. A mãe voltou até a escola e, de forma muito agressiva, ameaçou a diretora, ameaçou a vice-diretora, ameaçou professores, enfim. E essa professora, vice-diretora, que atendeu essa menina dentro da escola, com curativos e com toda a atenção, posteriormente ela seguiu sendo ameaçada pela mãe dessa aluna, segundo o relato. Ela foi até arrumar o pneu do seu carro que estavam vazios, porque esvaziaram os pneus do carro da vice-diretora. Ela estacionou na frente da escola, ela encheu os pneus, dirigiu-se a uma borracharia, que fica em frente à escola, para poder consertar os pneus do carro. Chegou bem próximo da vice-diretora, a mãe, e desferiu-lhe socos e empurrões, derrubando-a no chão, e continuou a agredi-la até que os dois senhores que trabalham na borracharia seguraram a mãe dessa menina para que ela não desse continuidade à agressão sobre a vice-diretora. A senhora vice-diretora fez um boletim de ocorrência, pois estava muito machucada. Por ser uma lesão corporal, deve fazer exame de corpo e delito. A vice-diretora assim o fez. A escola não tem certeza do motivo que levou a mãe a fazer a agressão, mas imagina que tenha sido feito o ocorrido, que consta na ata, que já foi em relação a esse acidente com a estudante, 5/2003. Que, me mandaram, inclusive, as atas em anexo. Então a escola, hoje, não está funcionando. Os professores estão discutindo a cultura da paz. Mas há uma preocupação, vereador Bressan, e o senhor deve ter recebido também esses documentos. Me mandaram atas, mandaram atas de reuniões, mandaram cópias, enfim, de uma série de coisas. E ainda me mandaram um relato ocorrido sobre a vice-diretora da escola. Ela está afastada, ela está assustada. E não só ela, os professores todos, a comunidade escolar está assustada em relação a isso. E aí vem uma outra situação, vereador Rafael, o senhor que também é professor, que é um número que nos assusta. Pela comissão de diretores de Caxias do Sul foram levantados dados acerca de violências sofridas pelos profissionais de educação, direção e funcionários da rede municipal. Os dados foram obtidos pela comissão de diretores e diretoras de Caxias do Sul em consulta às 83 escolas. E dessas, 24 relataram situações de violência física e verbal com ameaças e ações intimidatórias contra profissionais da educação. Então, quanto às agressões, agressões físicas contra profissionais da educação, direção, professores e funcionários, 25. Ameaças ou ações intimidatórias contra profissionais de educação, direção, professores e funcionárias: 37. Total de agressões contra profissionais da educação: 62. Quanto aos agressores, agressões proferidas por estudantes de atendimento educacional especializado ou psiquiátrico: 36%. Agressões proferidas por estudantes não especificados: 26%. E agressões proferidas por familiares de estudantes: 37%. Então há essa preocupação da comissão de diretores. A escola, hoje, parou. Ela já enviou um ofício, inclusive, para o novo secretário da Educação apontando algumas sugestões, que são: qualificar o atendimento dos cuidadores educacionais; proporcionar cuidadores em número suficiente para todos os estudantes que necessitem; em conjunto com a saúde e a assistência social, atuar na atenção dos estudantes, em especial aqueles de atendimento especial em avaliação; acompanhamento próximo da Smed no encaminhamento das situações de violência, no sentido de responsabilizar os agressores e tratar os agredidos. Alguns profissionais da educação têm acompanhamento da secretaria, mas as questões de sofrimento emocional desenvolvidas são pouco consideradas e não percebemos o movimento no sentido de criar espaços com cuidado com esses profissionais. Ações em conjunto com a IPAM para atenção e cuidado com os profissionais de educação no sentido de prevenir o sofrimento emocional dos profissionais e campanha de valorização dos profissionais da educação na tentativa de retomar seu lugar e respeito na sociedade. Então é lamentável, é lamentável que uma escola, hoje, esteja fechada. Por outro lado, é importante que a escola tenha decidido isso, para discutir a cultura da paz, que tenha refletido sobre as suas ações e que esteja refletindo sobre as ações dos alunos. Mas esses números são preocupantes, são números preocupantes mesmo. Há um medo da comunidade escolar, há um medo dos professores, há um medo dos alunos, os estudantes estão estressados, os estudantes estão se automutilando, os estudantes estão irritados, os professores estão estressados, os professores estão no auge da saúde mental com problemas. Quer dizer, os professores não conseguem atender psicologicamente os alunos, porque não têm preparo. E também não há quem cuide dos professores. É essa a situação. Então essa escola fez certo em parar...
VEREADOR LUCAS DIEL (PDT): Um aparte, vereador.
VEREADOR ALBERTO MENEGUZZI (PSB): Parar e discutir um assunto para tentar que ele não aconteça novamente, porque há um temor, um temor muito grande na escola em relação ao que aconteceu, esse episódio que aconteceu, que poderia parecer um probleminha pequeno, facilmente resolvido, mas tomou essa proporção que poderia acontecer e pode ainda acontecer uma tragédia. Seu aparte, vereador Valim. Depois o vereador Lucas.
VEREADOR JULIANO VALIM (PSD): Vereador Alberto, olha como foi interessante a sessão de hoje: educação. Eu diria que existe um problema grave na parte de falta de investimento em políticas públicas. É a base. Educação, no meu ponto de vista, vem de casa, é o berço. Escola é aprender matemática, ciências, geografia, conhecimento de mundo. É um aperfeiçoamento. Hoje, políticas públicas. Como mudou o secretário da Educação, acho que é importante rever esses conceitos. Mas principalmente, onde está o Sindiserv? O que debate a categoria. Quando tem alguma votação aqui no plenário, lota aqui, e é pressão para tudo que é lado. Agora que tem que agir. Audiências públicas, Comissão de Direitos Humanos. Trazer essa discussão. Mas atitudes, práticas. Não adianta só o discurso. Discurso até periquito e papagaio fala. É prática, ações. Hoje, tem escolas, estimado vereador Alberto Meneguzzi, em que alunos mandam nos professores, porque hoje tu não pode falar alto, porque já tem que envolver o Conselho Tutelar, tu não pode repreender um aluno, porque você já sofre com as consequências. Olha o descaso, olha o descabimento dessa mãe. Mostra que educação é zero. Olha, como você vai lá, tu murcha um pneu? Como é que você sai agredindo uma pessoa? Onde que existe... Onde está o diálogo? Eu tenho uma filha de oito anos. É normal até em casa cair e se machucar. Isso é aprendizado de vida. A pessoa tem que ter sentimentos. Eu, quando estudava, casei, várias vezes, de estar jogando bola, de cair; de estar correndo na hora do recreio, cair, machucar o joelho e tudo mais. É normal, é da vida. Então, uma reflexão, Sindiserv; uma reflexão, secretário da Educação, pessoas que trabalham nesse segmento da educação; para ter um debate, uma discussão e ter mais segurança, que é a Guarda Municipal junto às escolas. Meu muito obrigado.
VEREADOR ALBERTO MENEGUZZI (PSB): Vereador Lucas.
VEREADOR LUCAS DIEL (PDT): Obrigado, vereador. Importante o tema trazido. Cumprimentar por trazer esse tema também à baila, essa questão da violência, que perpassa todos os segmentos da sociedade. Não é prerrogativa dessa escola; é de todas as escolas. Nós estivemos também presentes na Escola João De Zorzi, que foi vandalizada. Importante a gente dizer isso. Quebraram todos os vidros da escola. E esse caso também relatado, de questão de violência, é uma preocupação e um compromisso de todos nós. Importante tema trazer para a Comissão de Educação, trazer para o novo secretário também esse tema da violência nas escolas. Muito bem lembrado. Obrigado.
VEREADOR ALBERTO MENEGUZZI (PSB): Muito obrigado, vereador Lucas Diel. Minha solidariedade, presidente Dambrós, à comunidade escolar da Escola Professora Ester Justina Troian Benvenutti. E hoje o novo secretário disse que não quer atrapalhar. Eu quero dizer que, além de não atrapalhar, por favor, nos ajude, ajude. Além de não atrapalhar, ajude, porque a educação está precisando. Muito obrigado.