terça-feira, 12/01/2021 - 2 Representativa
Requerimento nº 4/2021
VEREADOR MAURÍCIO MARCON (NOVO): Obrigado, senhor presidente. Bom, este é um caso que teve repercussão nacional, a gente acabou envergonhando, sim, a cidade aqui de Caxias do Sul. É bom deixar claro nesse registro que este é um caso bastante isolado, que não representa de forma nenhuma os professores municipais de Caxias do Sul. Eu gostaria de refrescar a memória dos nobres colegas, caso algum não tenha tido acesso ao que essa professora falou. Então eu gostaria de colocar os áudios, mas infelizmente o Regimento Interno não permite, o Art. 123, que me informaram. Então eu peço licença ao senhor presidente para fazer a leitura de uns dos áudios que vazaram.
“Da direita, quanto mais morrerem de Covid, de tudo, de Aids, de câncer fulminante para mim é melhor. Já que a gente não pode fuzilar, então, que vão na praça fazer bandeiraço e, se Deus quiser, morram tudo de Covid. Mas, olha, adultos, mulheres, idosos e crianças não vale um, não se salva um.”
Em outro áudio:
“Eu só desejo tudo, tudo, tudo de mal, porque o Bolsonaro não facilitou o armamento. Porque, se tivesse facilitado, eu não só desejava como eu faria. Hoje, era o dia que eu queria que tivesse um 38 a venda por 50 pila, que nem o povo fala. Eu ia fazer uma limpa naquela praça. Não ia sobrar gente. Até conseguirem me prender, eu ia levar tantos junto comigo. Mas ia ser tão lindo, mas tão lindo que vocês não fazem ideia. Porque direita só se combate é na ponta de um fuzil. É por isso que eu sou comunista, porque eu acho que o que fizeram em Cuba está certo.”
Para quem não sabe, houve o assassinato de quem discordava do regime em Cuba.
“Porque eu acho que tem que matar mesmo, porque eu acho que nem as próximas gerações não valem. E é para isso que eu educo meus alunos se vocês querem saber.”
A terceira colocação – eu não vou ler todas, porque é bastante coisa:
“É por isso que eu estou criando os meus filhos diferente, gente. Se depender dessa nova geração, todos os alunos que passam pela minha mão – alunos que passam pela minha mão – mais os meus filhos, se depender dessa nova geração, ah, vão ser muito mais faca na bota, vão saber que tem coisas que só se resolve que nem se resolve na Argentina, na França, botando fogo em ônibus, quebrando mercado, quebrando banco, saqueando mercado, saqueando loja, que é desse jeito que se resolvem as coisas. Que na paz – vejam bem – na democracia não se resolve nada.”
E por fim, mas de maneira nenhuma não menos importante, vou colocar uma imagem aí no telão para vocês verem. Ela chama a nossa vice-prefeita eleita democraticamente pelo povo de Caxias de fascista. Ela diz que a vice-prefeita merece um tiro no meio da testa – palavras dela. E, para finalizar, gostaria que o pessoal da técnica colocasse a imagem lá. Se puderem abrir, ela diz o seguinte, dizendo que ela quer a Ioris tenha um pau enfiado pelo rabo dela até sair pela boca. Isso se chama empalamento. Para quem não sabe o que é empalamento, aí tem uma imagem, é um ato da idade média, onde se fazia isso com criminosos de guerra ou pessoas que foram escravas, enfim. Então isso é parte do que a professora Monique falou em áudios aqui para a sociedade de Caxias do Sul que, infelizmente, repercutiu no Brasil inteiro. Eu considero, junto com os colegas que assinaram esse pedido de informação, considero que ela é uma pessoa bastante transtornada, porque uma pessoa que fala isso, uma pessoa que deseja o mal, inclusive, de crianças, não pode, de maneira nenhuma, nenhuma educar alguém, quem dirá crianças. As crianças são o futuro da nossa cidade, da nossa nação. Se nós queremos construir uma sociedade de paz, senhor presidente, nós precisamos pregar a paz. Se nós queremos construir uma sociedade menos violenta, senhor presidente (Esgotado o tempo regimental.) – pela liderança, senhor presidente – nós precisamos ensinar a paz, ensinar a tolerância e ensinar que pessoas que discordam em ideias possam, sim, conversar. Então eu gostaria que ficasse nos Anais da Casa aqui uma imagem de empalamento, que é o que a nossa ainda professora aqui de Caxias do Sul prega que seja feito com a nossa vice-prefeita.
VEREADOR SANDRO FANTINEL (PATRIOTA): Peço um aparte, vereador.
VEREADOR MAURÍCIO MARCON (NOVO): Eu acho... (Esgotado o tempo regimental.)
PRESIDENTE VELOCINO UEZ (PTB): Declaração de Líder à bancada do Novo. Permanece com a palavra o vereador Marcon.
VEREADOR MAURÍCIO MARCON (NOVO): Obrigado, senhor presidente. Então, concedendo a palavra ao vereador Fantinel, eu quero deixar claro que aqui não existe perseguição à ideologia, não existe perseguição a nada que diga a respeito de discordância de ideias, como todos sabem, o Novo discorda bastante do posicionamento da professora, a quem ela faz parte, com quem ela declarou voto, mas a gente entende, vereadora Estela, que uma pessoa que prega isso para outra pessoa, não pode, de maneira nenhuma, fazer parte do quadro dos professores municipais. E volto a referir, isso é uma extrema minoria. Conheço professores extremamente qualificados e dedicados que não gostariam de ser rotulados por áudios como esse. Vereador Fantinel.
VEREADOR SANDRO FANTINEL (PATRIOTA): Obrigado. Tenho uma pequena colocação para fazer a respeito, acompanhando a comunicação. Deixando claro que a bancada do PT fez uma nota de apoio a essa professora e de apoio a tudo o que ela falou e isso está em toda mídia. E, como vereador da nossa cidade, que está trabalhando em cima do projeto das escolas cívico-militares, com apoio do Legislativo e com apoio do Governo Federal, eu queria dizer que, infelizmente, senhor presidente, eu tenho que dizer que eu fico muito feliz com o que essa professora declarou, por quê? Porque antes dessa senhora falar tudo o que ela falou, quando que eu, que uma vez fui ao Ministério Público fazer uma reclamação de uma professora do Colégio Padre João Schiavo de Fazenda Souza, que o meu filho estudava lá, que tentava persuadir as crianças dessa forma, e eu fui tentar fazer uma denúncia, o procurador me disse que era invenção da nossa cabeça, porque isso na realidade não existia. E o movimento, a fala dessa professora provou para toda a nossa sociedade que isso existe. E eu vou mais longe, se nós pegarmos todas as escolas municipais do nosso Município e dermos uma chacoalhada, vai cair cinco ou seis que nem ela de cada escola. Não é tão pouco como você diz, vereador, não é tão pouco. Tanto que eu disse que mais adiante vou criar uma comissão para visitar as escolas, mas não para falar com os professores e nem com os diretores, mas falar com os alunos e perguntar para eles se isso está acontecendo dentro da sala de aula e colocar a público para que todos os pais venham a saber. Então, no fundo, no fundo, de uma forma triste, eu tenho que agradecer a essa professora por ela ter feito o que ela fez, porque só assim, hoje, nós temos força de nos manifestar. Obrigado, senhor presidente.
VEREADOR ALEXANDRE BORTOLUZ – BORTOLA (PP): Um aparte, vereador?
VEREADOR JULIANO VALIM (PSD): Peço um aparte, vereador?
VEREADOR MAURÍCIO MARCON (NOVO): Eu sou iniciante, meu caro presidente, quem concede aparte é o vereador? Posso dizer que sim? Tudo certo? Obrigado. Então, vereador Bortola e depois o vereador Juliano.
VEREADOR ALEXANDRE BORTOLUZ – BORTOLA (PP): Vereador Marcon, concordo plenamente com esse requerimento, plenamente. Acho um absurdo todos os fatos expostos hoje nessa sessão representativa, bem como toda a população caxiense, na sua maioria, e também no país inteiro, como o vereador Marcon falou, receberam em suas redes sociais os áudios, as falas dessa professora. E vou mais além, nós temos que estar em cima do Executivo Municipal, para que ocorra exoneração antes que comece o ano letivo, para que ela não tenha mais contato com crianças, jovens e adolescentes, porque ela é uma pessoa que até então, uma educadora que ensina e não que dissemina esses absurdos que foram ditos por essa professora, mas que o vereador Marcon colou aqui no plenário.
VEREADOR ELISANDRO FIUZA (REPUBLICANOS): Um aparte, vereador?
VEREADOR ALEXANDRE BORTOLUZ – BORTOLA (PP): Muito obrigado, vereador.
VEREADOR MAURÍCIO MARCON (NOVO): Vereador Valim.
VEREADOR JULIANO VALIM (PSD): Parabéns, Marcon, por essa atitude nobre. Eu acho que a educação é um dos principais pilares da nossa sociedade. Se nós, hoje, nós fizemos parte com a nossa sociedade, a gente começa pela educação. E essa professora, de fato, ela necessita urgentemente de um tratamento psiquiátrico, psicológico, um acompanhamento de todos os setores que envolvem saúde no nosso Município de Caxias do Sul. Ela, de fato, no momento, não representa os educadores, os professores de Caxias do Sul e também da nossa nação, porque como ela foi repercussão nacional, isso é muito importante. Então, hoje, ela tem um desiquilíbrio. Então, eu só tenho a dizer, Marcon, que voto a favor. Acho que é uma atitude nobre essa aí. Muito obrigado.
VEREADOR MAURÍCIO MARCON (NOVO): Mais alguém tinha pedido? Desculpa.
VEREADOR ELISANDRO FIUZA (REPUBLICANOS): Obrigado, vereador Marcon, pelo aparte.
VEREADOR LUCAS CAREGNATO (PT): Queria pedir um aparte.
VEREADOR ELISANDRO FIUZA (REPUBLICANOS): É uma dificuldade extrema de nós, infelizmente, termos que votar favorável a um requerimento dessa natureza, por uma infelicidade dessa profissional. Aproveito também para ressaltar que, como tu bem disseste, é um caso totalmente isolado dessa profissional e que os outros nobres professores e educadores... Infelizmente hoje o nosso país não tem o reconhecimento devido como deveria, mas nós precisamos também ter o cuidado de não demonizar as situações e aqui não estou fazendo nenhuma defesa e menção a pessoa dessa professora, dessa profissional que cometeu uma infelicidade muito grande e que repercutiu não apenas na cidade de Caxias do Sul, mas fora da cidade de Caxias do Sul e que infelizmente muitos colegas seus, professores, tiveram problemas, foram também, de uma certa forma, demonizados por conta que parecia que todos fossem iguais e não é o que é verdade. Mas nós precisamos ressaltar que pessoas como esta professora precisam sim procurar uma ajuda de um profissional da psicologia, poder, daqui a pouco, penso eu, que ela se colocou de uma forma totalmente errônea, vivendo, daqui a pouco, e vivenciando problemas pessoais e aí misturou tudo e aconteceu o que aconteceu. Não justifica, ela errou e eu tenho certeza, creio eu, quero pensar dessa forma, que o governo e a Secretaria da Educação, através da sua secretária, possa tomar as medidas que devem ser tomadas para que isso não se repita na cidade de Caxias do Sul. Era isso e muito obrigado. Estarei votando favorável ao seu pedido.
VEREADOR MAURÍCIO MARCON (NOVO): Já lhe passo a palavra, vereador Lucas, só gostaria de fazer uma provocação ao plenário...
VEREADOR JOSÉ DAMBRÓS (PSB): Um aparte, vereador.
VEREADOR MAURÍCIO MARCON (NOVO): Sim, depois do Lucas. Só gostaria de deixar uma pergunta aqui, se alguém de direita, como eu, tivesse falado 5% do que essa professora falou provavelmente a repercussão do lado, digamos, esquerdo, seria um pouco diferente. A gente, como o vereador Fiuza falou, considera que essa pessoa precise, sim, de tratamento, precisa, acho que todos concordamos. Desejar a morte de crianças não é algo normal, mas deixo esse questionamento aqui no ar. Vereador Lucas.
VEREADOR LUCAS CAREGNATO (PT): Bom dia, vereador Marcon. Dizer que de fato acho que nenhum de nós aqui, nenhum de nós vereadores, que fomos eleitos democraticamente e nos baseamos pelos valores dados pelos princípios da democracia coadunamos com nenhuma atitude de intolerância, de ódio e de violência, as mesmas que nós sofremos, muitas vezes, nas redes sociais e poderia dar vários exemplos, vereador Marcon, das pessoas incitadas e que vem nas nossas redes sociais se manifestar com ódio, com racismo e com intolerância. Então o primeiro ponto é esse. A nossa defesa, a defesa da bancada do PT, é a defesa sempre do diálogo, de que a gente possa ter diálogo, de que a gente se baseie nos princípios da democracia e nos valores que formam a nossa sociedade. Então isso para nós é nítido e não há nenhuma divergência. E qualquer coisa contrária a isso precisa seguir os ritos e precisa responder no fórum adequado. Então acho que isso está objetivo e é bem... Ou seja, acordo, não só entre a bancada do PT, mas entre todos nós e as redes sociais são espaços em que se disseminam isso. Quero dizer para o senhor, vereador Marcon, que há dias, logo que fomos eleitos, o Jornal Pioneiro fez uma matéria sobre a bancada negra aqui da Câmara de Vereadores e a bancada negra, termo utilizado pelo Jornal Pioneiro, não por nós, citava a mim, a vereadora Estela e a vereadora Denise, nós fomos execrados e se alguém tem alguma dúvida que olhe a matéria do Jornal Pioneiro, com falas racistas, de ódio e de intolerância. Então nós não concordamos e não nós acordamos com nenhum tipo de fala que incite esse tipo de atitude. E só para concluir, eu sou professor da rede municipal com muito orgulho – vejo aqui a vereadora Marisol que também foi professor – tenho muito orgulho de ser professor, o vereador Rafael Bueno também é, mas tenham a certeza absoluta...
VEREADORA ESTELA BALARDIN (PT): Declaração de Líder.
PRESIDENTE VELOCINO UEZ (PDT): Já esgotou o prazo, a palavra estava à disposição pelo vereador Marcon que teria direito.
VEREADOR LUCAS CAREGNATO (PT): Só para finalizar, então, eu destaco o trabalho dos professores da rede municipal, da rede privada, da rede estadual, que seguem os princípios da LDB e que fazem uma educação de qualidade no nosso Município e no nosso Estado. Concluo a minha fala. Obrigado, vereador Marcon.
VEREADOR MAURÍCIO MARCON (NOVO): Só vou agradecer então. E a discussão, o vereador Daneluz, acho que vai pedir também pela liderança. Então, muito obrigado, presidente Uez.