VEREADORA ESTELA BALARDIN (PT): Bom dia a todas e todos, bom dia a quem nos assiste de casa nesse dia frio, nesse dia que paramos para pensar em tantos e tantas que estão em suas casas ou que até mesmo estão ocupando as ruas da nossa cidade. Mas o assunto que eu quero trazer hoje para essa tribuna é um assunto que eu tenho como pauta do meu mandato, mas que também tem ligação com a minha vida desde a infância. Como muitos de vocês sabem com seis anos de idade eu ingressei no centro educativo, os atuais centros de convivência, e lá a cultura era algo muito presente. Em diversas ações e projetos sociais como dança, coral, música e teatro foi quando eu fui me sentindo pertencente a cidade de Caxias do Sul. Eram através das apresentações no centro da cidade que Caxias do Sul me acolhia e acolhia tantos e tantas jovens que lá estavam. Então a cultura é algo que está ligada às nossas vidas, desde a nossa infância. Então, através das músicas e histórias que fazem parte das tradições das nossas famílias que nós vamos construindo quem a gente é. É através da cultura das nossas cidades, do nosso país e do nosso estado que nós vamos nos tornando seres que vamos estar inseridos numa sociedade. Então a interferência que a cultura tem para a questão social é algo muito forte e precisa ser vista. A gente tem que olhar para a cultura como uma das formas de criarmos e conquistarmos a emancipação da nossa sociedade e o desenvolvimento dela. Se nós pararmos para pensar no pertencimento à cidade, que é aquilo que eu trago das minhas lembranças e das minhas próprias vivências, pararmos para pensar em quais são os caminhos que nós queremos para dentro dos nossos bairros para as nossas juventudes periféricas, a cultura, sem dúvida, pode ser uma saída. Se nós também pensarmos a quantidade de gente, inclusive, mais velha que nunca acessou um teatro, um cinema, a gente também consegue perceber que, mesmo existindo esse impacto social tão importante, tão necessário ainda há nos dias atuais um distanciamento da cultura e da realidade das pessoas e nos demonstra um dos tantos desafios que nós temos nessa área. Outro aspecto importante de ser abordado e que também fala muito da importância que esse tema tem para a nossa cidade é a questão do impacto da cultura e da economia. A cultura representa 4% do nosso PIB nacional. Em 2018, empregava mais de 50 milhões de pessoas.
VEREADOR JULIANO VALIM (PSD): Um aparte, vereadora?
VEREADORA ESTELA BALARDIN (PT): Já lhe concedo, vereador. Empregava mais de 50 milhões de pessoas. É um setor em crescimento e que, além disso, além de ter um crescimento sustentável, ele também gira a economia das nossas cidades. E, quando a gente tem um projeto em andamento, quando a gente tem uma atividade cultural acontecendo é no nosso comércio local que as coisas para aquela atividade acontecer vão ser compradas e é também no nosso comércio local que as pessoas que estarão indo até aquele evento comprarão. Então isso é um ponto muito importante, a cultura gira a economia, mas, infelizmente, muitas vezes ela não é vista dessa forma. Seu aparte, vereador.
VEREADOR JULIANO VALIM (PSD): Vereadora Estela, excelente esse seu tema, porque cultura, no meu ponto de vista, é algo de extrema importância e existe também um equívoco social, a desigualdade social, existe até um certo preconceito, porque hoje, inclusive se observa até na própria Júlio de Castilhos um trabalho gratificante, as pessoas que ficam ali fazendo os anéis, as correntinhas, inclusive, tenho uma aqui na minha mão que eu comprei do artesanato que também é cultura. Então eu friso muito a desigualdade social, é privilégios para muitos e muitos que não têm acesso à parte cultural. E, como você frisa, muitas pessoas dos bairros não sabem o que é acessar o Ordovás, não sabem nem onde fica para começar, porque não chega até os bairros, às comunidades essas informações. Então é praticamente a classe média alta que muitas vezes têm acesso a esses espaços. Muito interessante esse tema e a parabenizo por essa atitude nobre da vossa pessoa, vereadora Estela.
VEREADORA ESTELA BALARDIN (PT): Muito obrigada, vereador Juliano. É exatamente isso, nós, infelizmente, ainda temos uma cultura do preconceito em relação à classe artística que, infelizmente, não é vista como um trabalho e muitas vezes não teria a dignidade que mereceria por quanto contribui para a nossa cidade. O vereador deve saber, o meu pai é um dos artesãos que expõe no centro da cidade de Caxias do Sul e o quanto isso fez diferença para a nossa vida, o quanto isso auxiliou para financiar, por exemplo, os meus estudos. E é isso, é um trabalho digno igual a qualquer outro, mas, infelizmente, nós ainda não os vemos assim, e precisamos ver em todos os segmentos da cultura. Então, continuando, a pandemia chegou e impactou diretamente esse setor, seja pelo fechamento do comércio, seja pelo fechamento das casas noturnas. São os artistas que foram muito impactados nesse último período.
VEREADOR OLMIR CADORE (PSDB): Um aparte, senhora vereadora?
VEREADORA ESTELA BALARDIN (PT): Já lhe concedo. E que estão sofrendo diariamente com a dor de não conseguir se autossustentar e não conseguir sustentar as suas famílias. Muitos estão deixando de lado, sendo obrigados a deixar de lado o seu sonho, para ir trabalhar em qualquer outro lugar. E como é importante nós valorizarmos aquilo que a pessoa nasceu para fazer, aquilo que cabe a pessoa fazer porque ela gosta e porque ela faz bem. Então é preciso também olharmos e esta Casa já trouxe muitas vezes esse assunto, do impacto negativo que a pandemia teve para esse setor, que por muito tempo, inclusive, se sentiu abandonado, se sentiu sozinho, se sentiu desamparado. Então também cabe a nós, entendendo a importância que ele tem, pensarmos nesse ponto. Seu aparte, vereador Dambrós.
VEREADOR ZÉ DAMBRÓS (PSB): Muito interessante o tema. Eu sempre valorizo a música, que é o alimento da alma, quanto mais gente dançando, participando, menos gente nas UBSs. Ontem, por exemplo, eu conversei com frei Jaime e uma das ideias é voltar, nas casas, a música para levar como entretenimento, alegria aos velhinhos nas casas de idosos. No dia 15 de março de 2020, foi estancada a música ao vivo. Agora está voltando com os regramentos, 70 pessoas, enfim. Já tivemos no final de semana muitas casas que já funcionaram. Muitas casas já voltaram a funcionar, respeitando as regras, sem a dança, com 70 pessoas. Então vamos valorizar também aquilo que o João Uez se propôs. Eles estão fiscalizando, continuam fiscalizando, mas está voltando, e é uma renda que esses músicos não tinham; é um pouquinho? É um pouquinho, mas é o começo. Então parabéns pelo tema. A cultura se entende de várias formas. E eu acredito que a música, que foram os primeiros a parar e que serão os últimos a voltara íntegra, ela precisa sim ser valorizada. Por isso que eu defendo um palco na Festa da Uva para os artistas locais, para valorizá-los, que eles pararam e que estão sofrendo muito com a pandemia. Obrigado pelo aparte.
VEREADOR CLOVIS XUXA (PTB): Um aparte, vereadora.
VEREADORA ESTELA BALARDIN (PT): Muito obrigado, vereador. Eu lhe concedo de imediato, vereador.
VEREADOR CLOVIS XUXA (PTB): Quero cumprimentar a todos os colegas vereadores, cumprimentar a V. Exa., que está trazendo um tema tão importante, que é a parte social do nosso povo. Este final de semana, estive visitando o Canyon e vendo várias necessidades desse nosso bairro aqui, então, de Caxias do Sul. Nós temos que aprofundar muito essa questão da parte social, tanto na educação, que dificulta o nosso bairro, nossas pessoas que mais necessitam, a saúde também está dificultando, e vendo também a cultura – não é? –, trazer esse pessoal aí para ter uma cultura digna, uma cultura que venha somar em nossa sociedade. Parabenizo você pelo tema e também me junto a você neste ideal, que é a parte social da cidade de Caxias do Sul, que tem uma necessidade, e diversos temas para nós estarmos conversando e traçando metas para nós podermos trazer melhorias para os nossos bairros, nossas pessoas mais carentes. Obrigado.
VEREADORA ESTELA BALARDIN (PT): Muito obrigada, vereador. Acredito que a vereadora Denise vai pedir uma Declaração de Líder para que eu possa continuar. E eu acho que todos esses elementos que são trazidos aqui por vocês, nobres pares, são de extrema importância para esse assunto. Então, entendendo que infelizmente... (Esgotado o tempo regimental.).
PRESIDENTE VELOCINO UEZ (PTB): Em Declaração de Líder à bancada do PT, permanece com a palavra a vereadora Estela Balardin.
VEREADORA ESTELA BALARDIN (PT): Então entendendo a importância e o impacto positivo que tem, eu quero trazer mais uma pergunta: quantos de nós aqui que estão assistindo de casa utilizaram da cultura e da arte nesse período de pandemia? Aqueles primeiros três meses, lá no ano passado, que nós achávamos que duraria pouco, que ficamos em nossas casas, quanto de cultura foi importante inclusive para o manutenção da nossa saúde psicológica? Então, a cultura tem esse papel, tem esse papel de transformação social. É através da poesia, da música, da dança, do hip-hop, que muitos jovens, dentro dos nossos bairros, encontram uma saída, encontram um acolhimento, se sentem reconhecidos e se sentem pertencentes. Mas, para que isso ocorra, nós precisamos cada vez mais de mais incentivo, de mais políticas públicas sociais de acesso à cultura e de mais estrutura para nossos artistas, principalmente, vereador Dambrós, para nossos artistas locais, aqueles que produzem cultura diariamente dentro dos nossos bairros, escondido e impactando no desenvolvimento e no crescimento de Caxias do Sul, porque a cultura sem dúvidas para mim foi uma saída, foi um dos momentos em que eu mais comecei a acreditar em mim e nas minhas capacidades. Isso sem dúvidas pode e deve ocorrer em nossos bairros, em nossas periferias, porque a nossa juventude precisa disso. Senão depois nós viemos aqui pra tratar da questão da segurança pública, mas é importante a gente entender de onde tudo começa. Começa com acesso, começa com oportunidades diferentes. O acolhimento vai vir de um lado ou de outro, então que o acolhimento seja do lado certo, que seja do lado da educação, do lado do desenvolvimento, do lado da diminuição da desigualdade e tudo isso pode sim passar pelas mãos dos nossos artistas e dos nossos produtores culturais. Por isso, aqui a gente tem que também deixar a tarefa e o compromisso de termos participação na construção dessas políticas. Agora, na sexta-feira, dia 25, a nossa cidade entra em um dos processos mais importantes para área da cultura, que é o Financiarte, um incentivo de financiamento para os sete segmentos da cultura. Sendo eles: cinema, folclore, música, literatura, dança, teatro e artes visuais. Dentro desses sete segmentos não está apenas o artista que produz, mas está também toda uma cadeia que está sendo empregada para que também possa participar. Para que se faça um curta-metragem tem a pessoa que vai filmar, tem a pessoa que vai editar, tem a pessoa que irá separar as músicas, tem quem vai atuar na frente da câmara... Da câmara não, não é.
VEREADOR FELIPE GREMELMAIER (MDB): Câmera.
VEREADORA ESTELA BALARDIN (PT): Opa, da câmera.
VEREADOR FELIPE GREMELMAIER (MDB): Permite um aparte, vereadora?
VEREADORA ESTELA BALARDIN (PT): De imediato, vereador.
VEREADOR FELIPE GREMELMAIER (MDB): Vereadora Estela, eu quero lhe cumprimentar pelo tema. É um tema que tenho muito apreço e muito carinho também. Com relação específica ao Financiarte, nós passamos por um período tenebroso com relação ao Financiarte, onde ele praticamente foi extinto em Caxias do Sul, aí valorizar o governo Cassina, que começou a recuperar o Finaciarte. Já aportou mais recursos como era uma lei que determinava, mas não vinha acontecendo. Agora, já com esse valor de 400 mil começa a recuperar, não ainda nos valores que o Financiarte teve até 2016, de quase R$ 3 milhões, mas já é um acréscimo na cultura da cidade num momento tão difícil. E muito mais do que isso, o Financiarte propiciou com que o segmento cultural também se organizasse em muitos setores. Além de tudo isso, o Financiarte tem contrapartidas para o município, que é a utilização de quem ganha o recurso ou tenha o projeto escolhido, que ele possa ou se apresentar em eventos do município de Caxias do Sul, lançamento de livros, o incentivo a escritores locais. Então, tem um papel fundamental na disseminação da cultura, deixando aberta a toda a sociedade poder participar. Então, lhe comprimento e referendo isso porque eu Financiarte tem um papel fundamental na difusão da cultura na cidade e na inclusão social através da cultura. Obrigado.
VEREADORA ESTELA BALARDIN (PT): Exatamente, vereador.
VEREADOR LUCAS CAREGNATO (PT): Permite um aparte, vereadora Estela?
VEREADORA ESTELA BALARDIN (PT): Vou lhe conceder de imediato, vereador.
VEREADOR LUCAS CAREGNATO (PT): Obrigado, vereador Estela. É oportuno o tema que a senhora aborda. Eu queria destacar aqui a importância do Financiarte que vai permitir esse recurso financeiro para projetos artísticos e culturais em diversas áreas, possibilitando que a classe artística, que quem produz literatura, teatro, música, artes visuais e tantas outras áreas, possa estar caminhando e construindo a arte na nossa cidade. Eu acho fundamental valorizar o Financiarte, mas é importante também destacar que isso se amplie, que o governo municipal pense em outras formas de apoio e incentivo à cultura dos bairros da nossa cidade, que muitas vezes não conseguem acessar o Financiarte por falta de informações, por não ter apoio de um produtor cultural que organize o projeto. Recursos, por exemplo, para o carnaval das escolas de samba, que é uma área super importante e que, quando a pandemia passar e a gente tiver condições, que o carnaval das escolas seja retomado com apoio, com pujança e com vigor. Então era isso. Obrigado, vereadora Estela. Parabéns pelo tema.
VEREADORA ESTELA BALARDIN (PT): Muito obrigada, vereador Lucas. É tão bom ver que a nossa bancada tem tanta coerência, que era exatamente o que faltava para eu complementar na minha fala. O Financiarte é uma política muito importante, e é muito bom ver o incentivo que vai ser dado de 400 mil. Longíssimo do ideal. No início era para ser de 180 mil, o que seria ainda pior. Nós estamos falando de sete segmentos e de um valor que, se fosse no valor de 180 mil, nós não teríamos o incentivo necessário. Então, 400 mil é um avanço, sim. Mas ainda precisamos avançar muito mais. Para que a gente avance, a sociedade em geral precisa entender a importância que a cultura tem, para que a gente possa inclusive ter mais incentivo no acesso a projetos como o Financiarte. Caminhando pelos bairros e reunindo com os artistas da nossa cidade, eu pude observar que muitos, inclusive, nem se entendem enquanto produtores culturais. Produzem arte a vida inteira; produzem diversas ações e projetos dentro dos nossos bairros; envolvem a comunidade, a sociedade; e apresentam para as nossas crianças e adolescentes uma saída. Mesmo assim, não se entendem enquanto produtores culturais. É nesse sentido que a gente precisa, enquanto poder público, que a Prefeitura, juntamente com a Secretaria da Cultura, também precisa pensar espaços de formação e de capacitação. Porque muitas vezes, inclusive, os termos utilizados dentro de um edital não são de acesso daqueles que talvez seriam os que mais precisam, que são os nossos artistas que vivem dentro dos nossos bairros, que vivem inseridos naquele contexto de vulnerabilidade social. São esses artistas que dialogam com a realidade daqueles e daquelas que nós queremos tanto atingir, daqueles e daquelas que nós queremos tanto transformar. Então o incentivo à formação, o incentivo de ampliação de recurso e que cada vez mais editais cheguem à ponta, cheguem aos nossos bairros de forma acessível, não apenas sempre para os mesmos, é muito importante. Nós, e eu espero que sim, que a gente possa ter, nestes 20 minutos, com tantas contribuições e com tanta gente pensando junto...
VEREADORA TATIANE FRIZZO (PSDB): Um aparte, vereadora.
VEREADORA ESTELA BALARDIN (PT): Já lhe concedo, vereadora. Entender a importância que a cultura tem para o nosso social, para a nossa economia e para a nossa cidade. É através da cultura e de mãos dadas com esses artistas, principalmente esses que nunca são vistos, que nós vamos conseguir avançar. Seu aparte, vereadora Tati.
VEREADORA TATIANE FRIZZO (PSDB): Vereadora Estela, parabéns por trazer esse assunto, é de fundamental importância. E a gente convida toda a comunidade a acompanhar, através das redes sociais, da Secretaria Municipal da Cultura, lá tem todas as informações sobre o edital, valores, o que é necessário para concorrer. E a gente precisa, de fato, divulgar isso. Quanto mais, melhor. Porque acredito que tem muitas pessoas que, às vezes, acabam perdendo o prazo de inscrição e, por isso, não conseguem acessar esses recursos. Mas fica aqui o convite para que todos os vereadores também, através das suas redes sociais, nos ajudem a divulgar essa informação para que ela chegue ao maior número de pessoas possível. (Esgotado o tempo regimental.) Parabéns, vereadora.
VEREADORA ESTELA BALARDIN (PT): Para concluir, senhor presidente. Quero agradecer todos os apartes e dizer que é isso. Vamos juntos olhar para esse setor e vamos juntos incentivar a cultura; porque, incentivando a cultura, é um jovem a menos na rua e é um pouco menos de desigualdade na nossa sociedade. Muito obrigada a todos e todas.