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Seminário sobre o Setembro Amarelo alerta que a prevenção ao suicídio começa pela divulgação do tema

No plenário da Câmara Municipal, a psicóloga Fabiana De Zorzi afirmou que 90% de quem recebe ajuda em momento de crise desiste


A certeza de que a prevenção ao suicídio começa pela discussão pública da temática foi uma das conclusões do seminário da tarde desta sexta-feira (19/09), no plenário da Câmara Municipal de Caxias do Sul. Alusivo ao Setembro Amarelo, mês dedicado à reflexão sobre o assunto, a mesa teve a coordenação do vereador Rafael Bueno/PDT, que preside a Comissão de Saúde da Casa. Junto com ele, estavam Nikolas Hauli, administrador do Instituto Amor em Cuidar, e Everson Furtado, diretor-geral de Segurança Pública e Proteção Social do município. As palestras ficaram a cargo dos psicólogos Fabiana De Zorzi e Jorge Trevisol.

De acordo com Fabiana, 90% de quem recebe ajuda em momento de crise desiste de tirar a própria vida. Referiu que, depois da pandemia da Covid-19 (2020-2022), o Brasil registrou 25% de aumento nos casos de suicídio. Citou que, a cada ano, no mundo, 700 mil pessoas perdem a vida por esse motivo (uma morte a cada faixa de tempo de 40 segundos). Também, no âmbito global, no intervalo de 4 segundos, pelo menos uma pessoa tenta se suicidar.

A psicóloga trouxe um estudo sobre suicídio e trabalho, feito em 2019 a partir da experiência de 245 jovens caxienses, entre 15 e 29 anos de idade. O levantamento apontou que 40% já apresentaram algum tipo de sofrimento psíquico ao longo da vida. Entre as constatações, estiveram: transtorno de ansiedade (36,9%), depressão (30,2%), transtorno bipolar (8,2%) e transtorno do déficit de atenção com hiperatividade/TDAH (7,2%).

A mesma pesquisa apurou que 40% do universo pesquisado não aderiu ao tratamento medicamentoso ou psicoterápico. Outros 62% tinham pessoas próximas a si que já haviam tentando o suicídio. Além disso, 60% já tiveram desejo de morte, 49% pensaram em tirar voluntariamente a vida e 15% tentaram, de fato.

A especialista atentou para o que chamou de era da invisibilidade da dor, que ajuda a esconder sintomas de sofrimento e desesperança. Afirmou que as sensações do paciente transitam por algo intolerável, interminável e inescapável. “A identificação de riscos abrange a fala constante sobre suicídio, problemas para dormir ou comer, mudanças drásticas de comportamento, afastamento de amigos ou atividades sociais, entre outros”, comentou.

O psicólogo Jorge Trevisol sustentou ser a tradição budista a que melhor trabalha a morte, no que denominou como processo criativo. “Na última hora, você fica com a concepção de tudo o que foi vivido. A vida em si resulta de luz e energia. Ou seja, algo de Deus. É a grandeza da existência, a expressar a minha essência. Todos buscam entender a razão pela qual se vem ao mundo. Você aprende quem é olhando para os seus filhos, sendo o pai que imaginou no seu e a consciência do que possa ter sido, como criança”, observou.

Trevisol disse acreditar que, hoje, é uma época de mudança. “Temos que nos curar dos julgamentos e caminhar para a inclusão, o que provoca movimento. Quem inclui é saudável, porque não precisa gastar energia para se defender. Cabe ficar atento a medos desenvolvidos ainda na infância, tais como: ser aceito, abandonado, humilhado, traído, injustiçado. Do jeito como sou visto, aprendo a me olhar. Mas, o tipo de olhar que recebemos pode nos adoecer”, analisou.

A Secretaria Municipal da Saúde define que o cuidado mental consiste em estado de bem-estar em que o indivíduo consegue lidar com fatores normais de estresse da vida. Entre os canais de atendimento, estão os números do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência/SAMU (192) e do Centro de Valorização da Vida/CVV (188).

Além do vereador-presidente Rafael Bueno/PDT, fazem parte da Comissão de Saúde os vereadores Andressa Marques/PCdoB, Capitão Ramon/PL, Estela Balardin/PT e Juliano Valim/PSD.

19/09/2025 - 20:15
Assessoria de Imprensa
Câmara Municipal de Caxias do Sul

Editor(a) e Redator(a): Fábio Rausch - MTE 13.707

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