VEREADORA ANDRESSA MARQUES (PCdoB): Obrigada, senhor presidente. Importante tema, vereadora Daiane, trazido para esta Casa. E acredito que tem alguns elementos que vocês já colocaram, mas a vereadora Rose e a vereadora Estela também trouxeram algumas coisas. Acho que, enquanto vereadores e vereadoras, é importante a gente apresentar alguns dados e algumas questões para a sociedade. Primeiro que, nem sempre, vereadora Rose, as crianças com deficiência foram atendidas na escola com todos. Então, hoje, muitas vezes, a gente escuta, eu escuto das pessoas conversando sobre pessoas com deficiência, sobre pessoas com transtornos mentais, uma sensação da sociedade como um todo, que o número de pessoas com deficiência, por exemplo, aumentaram. Mas, na verdade, é porque hoje a gente visualiza mais. Um tempo atrás, as famílias tratavam como se fosse um problema, como se fosse uma coisa ruim, porque era a cultura da sociedade e as pessoas com deficiência acabavam ficando trancadas dentro de casa. Com o passar do tempo e com o debate da sociedade, com muita luta, também, das famílias, enfim, essas questões foram trazidas mais à luz e as crianças com deficiência, as pessoas com deficiência, passaram a ter o direito de serem atendidas nos serviços de forma equitativa. Por que eu falo de forma equitativa? Porque, quando a gente fala em igualdade, nós, muitas vezes, desconsideramos as diferenças que nós temos. Então, obviamente, que uma criança com deficiência vai ter mais dificuldades para aprender o mesmo conteúdo de uma criança que não tem deficiência. Portanto, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação, de 1996, trouxe à luz essas questões para que a sociedade, para que o Estado pudesse se preparar e pensar em formas de atender essas crianças de uma forma inclusiva, de uma forma com qualidade também. E hoje, eu acredito, vereadora Daiane, que o que nós estamos olhando é que a lei avançou no sentido de atender. Então, todo mundo precisa ser atendido, as pessoas não podem ser excluídas, elas não podem ser discriminadas, e isso já existe certo entendimento da sociedade, apesar de que muitas vezes a gente vê pessoas com deficiência tendo limitantes nos seus dia a dia, gigantescos, que fazem com que elas tenham dificuldades de pegar um transporte, de acessar um serviço. Outro dia, eu estava conversando com um colega assistente social, que está se formando em serviço social, e perguntei para ele... Ele é deficiente visual. E a gente conversando, ele me trouxe várias questões que me fizeram refletir: como que é para ele, por exemplo, ir ao mercado. Que para mim é uma coisa simples, para ele é uma coisa extremamente difícil. Então, hoje o que nós percebemos na nossa sociedade foi um avanço em relação à visão de que as pessoas com deficiência e as pessoas com transtornos precisam ter direitos, precisam ser atendidas. Mas o que nós precisamos falar hoje é a qualidade desse atendimento, é como elas são atendidas. E sim, muitas vezes, a gente só olha para isso quando acontecem grandes problemas, quando nós temos situações urgentes, e vem à tona para a sociedade coisas que já deveriam ser instituídas, coisas que já deveriam ser direitos sociais garantidos. Então, uma bandeira que eu vou trazer, aqui, nos próximos dias, é sobre a questão de termos, sim, mais assistentes sociais e psicólogos na nossa cidade. Nós temos hoje um setor psicossocial na SMED, na Secretaria Municipal da Educação, que é a partir de uma Lei Federal que existe, que está sendo discutida no país, que precisa ser regulamentada, mas nós precisamos ter assistentes sociais e psicólogos com a condição de olhar para as escolas, de fazer um trabalho direcionado, um trabalho que, de fato, consiga acompanhar. Por que eu digo isso, vereadora Daiane? Porque se nós tivermos crianças, por exemplo, que não tiverem os seus direitos garantidos, essas profissionais vão conseguir ter um olhar e vão conseguir compreender a singularidade daquela criança e daquela família. Um olhar para além do que têm, muitas vezes... Do que as direções e os próprios professores têm condições, vereadora Rosa, porque a gente sabe que estão sobrecarregados. Então, uma temática que vem à tona, de novo, com o que aconteceu com a professora dias atrás, e com essas questões das crianças que têm, sim, fatores limitantes à sua educação, mas que precisam ter os seus direitos garantidos, é termos assistentes sociais e psicólogos com a condição de poder acompanhar e fazer um trabalho direcionado para as escolas. Acho que isso é uma pauta que nós precisamos olhar mais, porque esses profissionais vão ter condições de, inclusive, pensar como que as escolas podem ser mais inclusivas. Mas, claro, acho que é importante dizer, para finalizar, que não tem como nós pensarmos hoje em uma sociedade mais igualitária, em uma sociedade mais justa, se nós não tivermos uma educação de qualidade para todos e para todas que acessam ela. Então, pensar que muitas crianças e adolescentes não têm os seus direitos básicos atendidos porque têm uma deficiência, isso é algo assombroso, mas é real. Nós precisamos trazer à luz. Então, acho que nós precisamos caminhar e termos nitidez de que uma educação de qualidade só se faz com muito investimento e com o olhar daqueles e daquelas que realmente entendem para que as coisas, de fato, aconteçam. Então, obviamente, votarei favorável, mas uma educação de qualidade é urgente que a gente olhe, porque eu tenho certeza que se a gente investir na qualidade da educação, a gente vai prevenir vários problemas sociais que nós temos atualmente. Seria isso, senhor presidente. Obrigada.