VEREADOR ADILÓ DIDOMENICO (PTB): Senhor presidente, senhoras e senhores vereadores. Pessoal que nos acompanha aqui do plenário, também através da TV Câmara, das redes sociais. Vereador Renato Oliveira, nós, como bons pagadores, eu ofereci hoje o espaço ao vereador Kiko, mas ele gentilmente abriu mão, então continuamos à disposição, vereador Kiko. Bem, só para retificar, antes nós falamos do Hemocs, eu não consegui lembrar o nome do outro banco de coleta de sangue, que é o Hemovita na Bento Gonçalves quase com a Moreira César, que juntamente com o Hemocs, o Banco de Sangue cumprem esse belo papel da coleta dos doadores de sangue. O Hemovita especialmente na questão das plaquetas e que também presta um bom atendimento. Mas destacamos o Hemocs, porque o setor público normalmente é alvo de crítica, e o Hemocs é uma grata referência pelo atendimento, pela funcionalidade. Nós vamos aqui hoje requentar um assunto do trem, porque fomos provocados através da imprensa, parece que a Casa não debate. Nós, quando um vereador apresenta um projeto, é a Casa que está apresentando, porque ele é para nós debatermos, para todos os vereadores interagir. E cada vereador sempre traz um assunto diferente, e a Casa está seguramente muito atenta. Mas antes de entrar na questão do trem, eu quero citar um problema que angustia Caxias. Eu estive sexta-feira em Bento Gonçalves e, com a abertura da ExpoBento, aquilo na frente dos hotéis parecia uma festa de igreja. Impressionante a quantidade de pessoas, os hotéis lotados, o movimento que traz para Bento Gonçalves, os restaurantes. E aqui nós estamos com o turismo praticamente não dá mais nem para falar em turismo, porque não tem. Quando tu vês um ônibus eventualmente aqui na cidade diferente tu estranhas, que uma vez era o normal. E aí a gente foi buscar uma das principais causas, junto inclusive com a Câmara da Indústria e Comércio que nos passou essa informação, que há anos Caxias luta para resolver o problema de cinco curvas de São Marcos a Caxias. Orçamento da época previsto em torno de R$ 300.000,00 e que impede os ônibus de dois andares da CVC fazerem o trajeto São Marcos/Caxias. Aí eles acabam descendo por Vacaria, Antônio Prado e vão direto para o Vale dos Vinhedos. E aí eu pergunto: Cadê as nossas lideranças políticas da região? De Caxias especialmente? A gente perder uma CVC que tira Caxias da Rota por causa de cinco curvas, no orçamento estimado em torno de R$ 300.000,00. Então quando a gente vê a luta de tantos anos para resolver 900m de BR-116, e agora a gente vê ao ponto de perder a frequência dos ônibus da CVC por causa de cinco curvas que precisa ser retirado o paredão de pedra... E aí a gente acaba perdendo uma CVC que se nega a fazer o roteiro São Marcos/Caxias, porque os ônibus maiores de dois andares têm que invadir a pista contrária, na contramão, para vencer a curva. Então eu acho que está na hora de a gente se movimentar, a Secretaria de Turismo, os deputados que representam a região, mas especialmente as nossas lideranças políticas de Caxias do Sul, nós temos que começar a bater nesse quesito, porque não é possível que a gente perca a presença de uma empresa tão importante na questão do turismo como é a CVC que se nega a fazer esse roteiro. Nós vamos então tratar da questão do trem, aonde nós no dia 15/05, hoje é 14/06, veja bem, um mês, trinta dias exatamente onde esta Casa apresentou e debateu a questão de o Rio Grande do Sul ser o único Estado que ficou fora do projeto nacional da malha ferroviária. Isso não dá para admitir como gaúcho o descaso do governo federal e a falta de união dos nossos parlamentares e aqui eu me refiro mais aos deputados federais e senadores. Eles não serem capazes de cobrar lá no Congresso que o Rio Grande do Sul seja incluído no projeto nacional da malha ferroviária. Por que só o Rio Grande do Sul? É uma discriminação e ao mesmo tempo mostra que não tem união entre a bancada federal gaúcha. E aqui não vai desculpa para nenhum partido e começa pelo meu, pelo meu pelo PTB. Não é possível que se permita que o Rio Grande do Sul fique fora de um projeto tão importante que é a malha ferroviária nacional aonde chineses e outros investidores estão de olho para começar e já estão fazendo alguns investimentos e nós sequer fazemos parte do projeto nacional A gente apresentou aqui coincidentemente 30 dias atrás, dia 15/05, eu duvido que algum vereador aqui imaginasse que ia acontecer a greve dos caminhoneiros que começou dia 21, 22, conforme as localidades. Então a gente traz de volta este assunto para reflexão. É um projeto feito pelo Nilo Laschuk, que é um estudioso, foi quem projeto o Miura, aqui no Estado. Foi projetista da Marcopolo por mais de 30 anos. Se aposentou, hoje continua em plena atividade fazendo inclusive projetos para a Marcopolo e outros projetos e faz dois anos que estuda o assunto das redes ferroviárias, tendo ido visitar em outros países especialmente nos Estados Unidos e fez um pré-projeto onde o Rio Grande do Sul possa fazer parte da malha ferroviária nacional. Eu vou pedir então que passe as fotos para a gente ter uma noção. Então a ferrovia ela traz a geração de riqueza e não acredito que possa ir as fotos para ter uma nós a maior ferrovia Ela traz a geração de riquezas, equilíbrio econômico. Ela é principalmente a ferrovia no sentido de transporte de cargas. Passageiro não é algo tão interessante para investimento dos grupos internacionais, mas que pode fazer parte junto. Trilho que acolhe transporte de carga, pode muito bem receber o transporte de passageiro. Nós temos hoje então uma malha ferroviária que desce da região oeste do país, chega até Santa Catarina, entra pela Argentina e vai até o Uruguai. A outra que vem do centro do país... Volta essa lâmina, volta a lâmina... Ela vem até Chapecó e hoje ela desce ali por Joaçaba, Campos Novos e vai até Itajaí. Esse verde é o traçado. O azul mais claro é o pré-projeto. O Rio Grande do Sul está fora, quer dizer, chegou perto do rio Uruguai é proibido passar para o lado de cá, porque o Rio Grande do Sul não se interessou para o governo federal. O Rio Grande do Sul foi relegado a Estado de 27ª categoria dentro dos 26 estados é o último e esquecido. Isso nós temos que nos rebelar contra. E aí esse pré-projeto ele faz com que o trecho alternativo venha aqui por Erechim, Vacaria, desça até a 101 e aí pode interligar sim com a ferrovia de Santa Catarina, mas depois um ramal vem costeando a 101 até Porto Alegre, passa na região calçadista. Aqui tem um braço para o aeroporto de Vila Oliva e se interliga com aquele traçado vermelho que é a possibilidade de ligações com Caxias do Sul e região, mas o futuro aeroporto já está incluído. Um outro braço que vem então daquela ferrovia que vai descer por dentro de Santa Catarina e que vai até Caçapava encontrar onde já existe uma ferrovia em atividade também traz um braço aqui cruzando por Erechim, onde é a região mais produtora de grãos do Estado, todo o planalto aí esta região aí. Pode passar à outra lâmina. Aqui, então, dá para ter uma noção, que depois vem até aqui a região de Caçapava mais ou menos. Ali já existe e tem todas as ligações com o porto de Rio Grande. Mas vem também costeando a BR-101, passa pela região calçadista, capital, costeando a Lagoa dos Patos e vai para o porto de Rio Grande. Pode passar à outra lâmina. Vou pedir, presidente, uma Declaração de Líder na sequência. Então, isso aqui é muito importante; isso aqui nos permite fazer também a ligação com o projeto que Caxias desenvolveu ainda na administração do Sartori, que é o projeto do trem regional. Isso está contemplado, tem os ramais previstos. (Esgotado o tempo regimental.)
PRESIDENTE ALBERTO MENEGUZZI (PSB): Declaração de Líder à bancada do PTB. Segue com a palavra o vereador Adiló Didomenico.
VEREADOR ADILÓ DIDOMENICO (PTB): Eu agradeço, presidente. Evidente que o pré-projeto não está ali no traçado do Nilo, o trem regional, porque eles já têm projeto. Tu não vais piratear o projeto dos outros. Mas tem ali, em outra cor, o traçado onde ele pode perfeitamente fazer a sua interligação. Imaginem, amanhã ou depois, com o aeroporto de Vila Oliva, o pessoal de Bento Gonçalves, Farroupilha, Barbosa e Garibaldi vir de trem de passageiro até o aeroporto. Não tem conforto melhor. Não tem. Coisa mais tranquila. E que poderá trazer carga também, porque o aeroporto de Vila oliva é um aeroporto de carga. Então ele tem toda essa conotação. Onde anda passageiro, na rodovia que serve para o ônibus, serve para o caminhão de carga. Para o trem a mesma coisa.
VEREADOR FELIPE GREMELMAIER (PMDB): Permite um aparte, vereador?
VEREADOR ADILÓ DIDOMENICO (PTB): Na sequência já lhe concedo, vereador Felipe. Então, isso que é importante. Aquele projeto iniciado lá no governo Sartori não está esquecido e não está abandonado. Ele está dentro dessa previsão. Agora, quando tu vês um governo federal pouco se lixando para o Rio Grande do Sul e os nossos políticos não terem a capacidade de se unir e brigar pelo Estado, ficam brigando, mas brigando no sentido entre eles, mais pejorativo do termo. Então, está na hora de o Rio Grande do Sul mudar essa cultura, aprender um pouco com os nossos irmãos nordestinos, que nisso aí eles nos dão aula, aula de como se faz para conquistar as coisas. Então aqui está mais um trecho. Tudo que é azul claro é o pré-projeto feito pelo Nilo. Os outros já são traçados que existem e algumas interligações com a malha rodoviária. Porque esse projeto interliga com o pluvial, com o rodoviário e ferroviário. Os três modais de transporte. Pode passar à outra lâmina. Olha aqui. Perfeitamente, a gente já falou na outra vez. A região de Cachoeira, que também é um importante polo produtor. Aliás, é de grãos e também industrial, Cachoeira do Sul. A região de Cachoeira, Santa Maria, toda aquela região. A hidrovia, que também, quando tiver estrutura, ela pode ser incrementada. Hoje ela não é incrementada porque não tem... Tu chegas até ali e não vai a lugar nenhum, que é o que aconteceu com a rede ferroviária em Caxias. Eu fui um dos comerciantes que trouxe carga pela rede ferroviária até os anos 78, 80, por aí. Só que depois não tinha a mínima estrutura para fazer a entrega, não tinha logística. Tu tinhas que ir lá buscar ou pagar um carreto para pegar da rede ferroviária até o teu depósito. Acabou morrendo, se tornando desinteressante. Mas era um custo infinitamente menor do que o transporte rodoviário. Então... Deve ter mais uma lâmina, não é? Aqui um outro traçado. Ferrovia norte-sul, então, a outra que desce ali pela região de Panambi, vem aqui a Cruz Alta, região também produtora. Então isso aí apenas para a gente trazer uma síntese e retomar esse assunto. O futuro aeroporto de Nova Santa Rita também está previsto, está aí. Quer dizer, não foi deixado nada de lado. E há interesse. O que precisa é nós, primeiro lugar, conseguirmos colocar na malha ferroviária nacional, fazer parte do projeto nacional e depois, na sequência, o Governo do Estado liderar junto ao Governo Federal para fazer o devido licenciamento ambiental, que normalmente é o que prejudica as obras neste país. Vide as barragens lá do norte do país a novela que foi para se conseguir superar. Então, de qualquer maneira nós trazemos a pauta de novo a esta Casa para que se deixe bem claro que a Câmara de Vereadores está fazendo aquilo que a Câmara dos Deputados e o Senado não tem feito. Nós estamos debatendo e chamando atenção das nossas autoridades para necessidade de incluir o Rio Grande do Sul no Plano Nacional de Malha Ferroviária. Seu aparte, vereador Felipe.
VEREADOR FELIPE GREMELMAIER (PMDB): Vereador Adiló, esse tema é extremamente interessante e eu tentei estudar bastante ele no período que o governo Sartori desenvolveu esse projeto todo. E num país que teve o último grande investimento em ferrovias em 1910 a gente não pode imaginar outras coisas senão essa defasagem toda que a gente vê no país inteiro. Então isso é triste porque a gente segue caminhando para trás quando tem essa possibilidade de evolução. E o mais grave ainda, e acho que esse seu assunto é importante neste ano de eleição para as pessoas entenderem as funções dos deputados federais e dos senadores, que são lutas como essa. E o senhor fala, eu falei várias vezes da tribuna já do quanto as bancadas do nordeste se unem, independentemente de partido e questão eleitoral, e quem chega em Salvador ou chega em Fortaleza, em Natal, essas cidades são canteiros de obras financiadas pelo governo federal. Muitas delas a fundo perdido. Salvador tu sai de qualquer ponto da cidade e tu chega no aeroporto de Salvador de trem, de metrô. Cuiabá da mesma forma. Enfim, então a gente percebe que a nossa bancada federal ela realmente faz um Grenal entre eles, eles se dividem, brigam entre si e não pensam no estado. A gente viu exemplos aqui na Assembleia inclusive neste ano. Então é o momento de nós pensarmos isso até mostrar para a população a importância desse voto para deputado federal e para senador, que esses são reflexos. Se o Brasil cortou o Rio Grande do Sul até Santa Catarina na malha ferroviária outras situações vão acarretar em cima disso porque não vindo o desenvolvimento, não vindo o transporte outras situações vão acabar acontecendo. Então é importante esse seu assunto para a gente mostrar o quanto é importante isso e o quanto os nossos deputados federais e senadores precisam atuar em áreas de interesse como essa. Muito obrigado.
VEREADOR ADILÓ DIDOMENICO (PTB): Obrigado, vereador Felipe. Apenas deixar registrado que o Nilo Laschuk, que é um estudioso desse assunto ele se coloca a disposição de quem quer se seja, o atual ou o próximo governador, para colaborar. E nós devemos ter, acredito que a minha assessoria tem digitalizado isso, se não tiver a gente pede para o Nilo, está disponível para todos os vereadores porque isso é uma questão de interesse do estado. Não é particular, de partido “a”, “b” ou “c”. Nós temos que partilhar isso. O importante é conquistar porque se alguém contasse que o governo federal era capaz de fazer isso com o Rio Grande do Sul a gente talvez duvidasse, mas está aí, deixaram o Rio Grande do Sul na amargura, fora do Projeto Nacional de Malha Ferroviária. Seu aparte, vereador Wagner.
VEREADOR WAGNER PETRINI (PSB): Obrigado, pelo aparte.
VEREADOR ADILÓ DIDOMENICO (PTB): Tenho que me acostumar com Wagner, porque a gente tem a tendência de chamar de Muleke. Mas se um dia acontecer isso já nos perdoe.
VEREADOR WAGNER PETRINI (PSB): Não tem problema nenhum. Aproveitando o assunto, vereador Adiló, que me chamou atenção da malha ferroviária, que nós somos tão dependentes do transporte através do caminhão que alguns dias atrás a gente sentiu, o povo sentiu a dependência do caminhão e a falta da malha ferroviária. Inclusive eu quero parabenizar alguns caminhoneiros que fizeram esse movimento que depende muito do povo também. E destacar que lá nos Estados Unidos a diferença, o contraste com o Brasil, o que a gente tem do transporte através do caminhão eles têm no transporte ferroviário. Então não é só o Rio Grande do Sul, mas sim o Brasil que está faltando esse investimento na malha ferroviária. Obrigado pelo aparte.
VEREADOR ADILÓ DIDOMENICO (PTB): Obrigado, vereador Wagner. O Nilo, quando estudou esse assunto, inclusive ele foi visitar nos Estados Unidos, e a estrutura da malha ferroviária de bitola 80, que é a o que existe no Rio Grande do Sul, ela não foi abandonada, ela existe. Foi colocado mais um trilho na lateral criando a malha de 1,20 e compartilham os trens mais antigos com os modernos. Então não tem essa: Ah, o Rio Grande do Sul foi deixado de lado porque aqui a bitola é 80. Não, isso não é desculpa. Lá eles também tiveram essa realidade porque a bitola 80 é a bitola antiga, é aquilo lá de 1800, 1900, era o que se fazia na época. Então ela pode ser perfeitamente compartilhada. A questão da declividade é a mesma coisa. Hoje, modernamente, não se faz mais aquele passeio de cobra, encarecendo e dificultando a velocidade dos trens. Hoje se faz o traçado mais reto possível usando cremalheira, tanto no declive quanto na subida. Então o trem evoluiu muito. O que não evoluiu foi a cabeça dos nossos congressistas aqui que cometeram essa insanidade de deixar um estado como o Rio Grande do Sul, com o tamanho territorial que tem o Rio Grande do Sul, que já foi celeiro de produção agrícola deste país; e não deixou de ser por falta de terra e nem por mão de obra. Deixou de ser por falta de políticas, de incentivo e de cuidado com o nosso produtor rural, porque nós temos chão, temos água, temos tudo aqui, clima que favorece. O que falta realmente é força política para nós revertermos essa situação. É isso. Muito obrigado, senhor presidente.