VEREADOR MAURÍCIO SCALCO (PL): Obrigado, senhora presidente e caros colegas. Eu quero trazer hoje para esta Casa um tema que é muito importante para Caxias do Sul e que enfrenta ainda sérios problemas com a administração municipal, que é o caso da UPA Central 24 Horas. Estivemos na UPA Central, nos últimos 10 dias, mais de cinco veze – eu, o vereador Bortola, o vereador Bressan – devido a vários chamados que tivemos aos nossos celulares através dos nossos gabinetes, com reclamações a respeito do tempo de espera para atendimento. Na primeira visita que fizemos lá, que houve muitas reclamações, encontramos a UPA Central lotada, pessoas sentadas no chão, porque estavam todas as cadeiras lotadas, e pessoas a mais de cinco horas aguardando atendimento. Notamos também que não existiam pulseiras identificando a prioridade no atendimento dos pacientes, ninguém com pulseira nenhuma. Isso aí nos deixou muito preocupados, porque a triagem, quando é feita, é necessária ter uma pulseira com as cores, vermelho, amarelo, azul, para determinar até quantas horas a pessoa fica esperando, e as próprias pessoas, os próprios cidadãos saberem quanto tempo o máximo eles terão que esperar para sua consulta. Demos um prazo... Falamos com o diretor, que é o Marcel, um dos administradores. Demos um prazo de uma semana para que seja implantada a pulseira com a identificação para ter um cronograma de cores. Voltamos novamente para a UPA, e eles implantaram a pulseira, botaram uma placa indicativa com os protocolos de Manchester, conforme o tempo de atendimento, conforme a cor. Porém, o que eles alegaram? Que frequentemente o sistema da UPA Central está caindo, e por isso, os médicos não estão fazendo o atendimento. Aí, fiquei muito preocupado, porque o médico deixar de atender as pessoas por que não tem sistema? É inadmissível na cidade. Pessoas com dor, pessoas há mais de cinco horas esperando. Então conversamos e retornamos outro dia de novo. Eles prometeram resolver o problema, começaram a ligar para nós de noite, de novo, falando: “Está lotado, não tem médico atendendo, não está funcionando”. Voltamos pela terceira vez para a UPA, estava o caos à noite, eram umas dez horas da noite. Me deparei lá com uma senhora cadeirante de uns 76, 78 anos de idade em um canto, com a cabeça encostada na parede, o filho dela de pé, porque não tinha onde sentar, e aí eu pedi para o filho dela: “A que horas vocês chegaram aqui?” e eles disseram: “Seis horas da tarde”. Era quase meia-noite. Aí eu fui ao guichê e pedi para a moça... Dei o nome da senhora e pedi que horas eles realmente chegaram: “Não, foi às seis horas da tarde”. Aí eu notei que não existe prioridade para pessoa idosa, cadeirante. Não existia prioridade nenhuma lá dentro. Aí adentramos na UPA e começamos a fazer a fiscalização para ver se existiam médicos dentro dos consultórios. Para a nossa surpresa, vários consultórios vazios. Aí eu não sei se é porque a gente chegou novamente, o painel lá que chama as pessoas começou a disparar, começou a aparecer médico e começou a andar, e a fila começou a baixar e começou a andar. Só que a população, com certeza, estava revoltada. O próprio segurança, que é terceirizado, que estava na UPA ali disse: “Ainda bem que vocês estão aqui porque assim...”
VEREADOR ADRIANO BRESSAN (PRD): Um aparte, vereador.
VEREADOR MAURÍCIO SCALCO (PL): A população fica muito revoltada e com certeza, esperando as cinco, seis horas com dor. Não há atendimento, só há atendimento quando a gente chega lá e pressiona, daí começa a andar. Eles alegam que para fazer os exames estavam sem sistema, todo dia estão sem sistema, três a quatro vezes sempre sem sistema, que daí tem que subir uma enfermeira até o terceiro andar para protocolar os exames porque embaixo não consegue, porque não tinha o IP. Daí eu digo, é desorganização da empresa que está administrando a UPA Central. E as pessoas com dor. E daí quando a gente voltou lá, um outro exemplo bem prático, tinha um rapaz que trabalhava com solda e entrou uma felpa de solda no olho, ele estava com muita dor e dizendo: “Eu estou há quatro, cinco horas aqui sem ser atendido.” daí eu olhei a prioridade, ele estava com a pulseira azul, de que não é alta prioridade. Ele disse: “Imagina, qualquer pessoa que tem uma felpa no olho é altíssima a prioridade, porque a pessoa não aguenta a dor”. Então, eu também contestei a administração lá...
VEREADOR OLMIR CADORE (PSDB): Um aparte, vereador.
VEREADOR MAURÍCIO SCALCO (PL): ... a gente contestou para ver como é que está sendo feita essa triagem. Porque a gente entrou na sala de triagem lá, eu olhei e tinha um monte de bolinha azul lá para botar nas pulseiras. Eu pedi: “Cadê as vermelhas, amarelas, verdes? Eu só estou vendo azul”. Daí eles se apavoraram e começaram a procurar nas gavetas, eu digo: “Vocês estão de brincadeira conosco, não é? Isso aqui é só para enganar o pessoal. Então dando pulseira azul para todo mundo e não existe prioridade porque vocês estão jogando os atendimentos para quatro, cinco horas, está errado isso”. Seu aparte, vereador Bressan.
VEREADOR ADRIANO BRESSAN (PRD): Obrigado, vendedor Scalco. Bom, o relato que o senhor está fazendo, acho que... eu sei que talvez não é novidade para muita gente.
VEREADORA GLADIS FRIZZO (MDB): Peço a palavra.
VEREADOR ADRIANO BRESSAN (PRD): A CPI identificou que essa empresa InSaúde...
VEREADORA GLADIS FRIZZO (MDB): Um aparte.
VEREADOR ADRIANO BRESSAN (PRD): ... não tem condições nenhuma, nenhuma de conseguir...
VEREADOR SANDRO FANTINEL (PL): Um aparte, vereador.
VEREADOR ADRIANO BRESSAN (PRD): ... gerenciar essa UPA Central 24 horas. Só que começa um pouquinho lá atrás o que nós temos que rever. A UBS, por exemplo, em diversas UBSs, de diversos bairros a gente constatou: quatro atendimentos o médico, cinco atendimentos, no máximo sete atendimentos. A gente sabe que isso vai resultar aonde a UPA vai superlotar. Chegamos a diversas oportunidades lá, vereador Fantinel, e estavam passando dos 500 atendimentos. A gente sabe que isso é demais, é muito. Só que a falta de organização desta empresa, começando pelas pulseiras, que quando a gente chegou estavam todas em branco, ninguém sabia quem era a prioridade... O senhor acabou de falar: “Não existe prioridade para ninguém.” Tinha gente lá com pós-operatório, por exemplo, para ser atendido e não foi atendido, vocês imaginem com febre. Quem sabe, quem que está lá para controlar? Alguns consultórios que a gente passou os médicos estavam jantando e jantam todos juntos. É uma falta de organização. Então assim, se já é ruim e ainda acontece tudo isso, só vai piorar. Então nós precisamos urgente, nós vamos notificar, obviamente, o Conselho da Saúde, a Secretaria da Saúde, a empresa InSaúde, porque nós precisamos de um resultado melhor. Então, infelizmente, vereador Scalco, a gente vê que o Conselho da Saúde depois, posterior as nossas visitas, ainda acabou fazendo algumas chacotas, vamos dizer assim, que lá estava vazia. Gente, com mais de 500 atendimentos vocês imaginam que os leitos que lá têm estariam vazios? E nós constatamos pessoas a quatro dias lá dentro esperando os leitos. Então assim, é uma falta de responsabilidade desse tipo de gente que faz esse tipo de postagem para denegrir e não para ajudar. Obrigado, vereador.
VEREADOR MAURÍCIO SCALCO (PL): Exatamente, Bressan. E a ideia nossa é fazer um relatório para entregar para o gabinete do prefeito, para a secretária de Saúde, para a Comissão de Saúde e para o Conselho de Saúde expondo os fatos, mostrando fotos porque o que está acontecendo ali é praticamente desumano. Não podemos aceitar que a população fique ali sofrendo com dor, sem atendimento, na UPA, porque não tem sistema ou porque não, sei lá, o médico está jantando... a desculpa que for, nós estamos com sérios problemas. E outra sugestão que a gente deu também, vereador Bressan, foi o quê?
VEREADOR OLMIR CADORE (PSDB): Um aparte, vereador.
VEREADOR MAURÍCIO SCALCO (PL): Que seja monitorado de que bairro estão vindo as pessoas, porque de repente tenha problema em alguma UBS no bairro, que não está atendendo, e está sobrecarregando a UPA. Mas nós temos que saber de que bairro que está vindo para poder identificar de que canto da cidade que está dando a maior demanda de atendimentos médicos. Por favor, o seu aparte, vereadora Gladis.
VEREADORA GLADIS FRIZZO (MDB): Vereador Scalco, eu realmente vi os vídeos dos três vereadores e a gente sabe que é verdadeiro porque a gente recebe também essas demandas. Eu recebi inclusive vídeos de pessoas que estavam ali sentados esperando, aguardando atendimento e passava das seis horas. E dizer, vereador Bressan, que talvez o presidente do Conselho da Saúde ele fez chacota porque ele deve ter algum interesse, ele deve estar no governo, ele deve ter a mulher que está no governo, a companheira, não sei, pode ser isso, porque quem deveria se preocupar com isso é ele. Eu fui conselheira da Saúde da minha região, representando a minha região, e naquela época a gente fazia reuniões com a secretaria, com a secretária, com todo o conselho, e a gente levava os problemas, e a gente ficava cobrando, a gente ficava muito preocupado. Agora, se nós temos um presidente do conselho que não se importa com quando a gente critica alguma coisa é porque algo de errado tem aí. Então acho que vocês fazem bem mesmo em notificar essa empresa porque o caxiense merece melhor atendimento. Obrigada, vereador Scalco.
VEREADOR MAURÍCIO SCALCO (PL): Obrigado. Senhora Presidente, o Fantinel agora vai ter o Declaração de Líder e ele continua. Obrigado.