O vereador Flávio Dias/PTB  usou a tribuna para mostrar toda a sua preocupação com a situação dos imigrantes e também de quem vem de outros Estados para residir em Caxias do Sul. Na sessão ordinária desta quarta-feira (19/03), o petebista frisou que não é contra os imigrantes, mas sim contra a falta de infraestrutura para receber cidadãos, especialmente de outros países. "Não sou contrário a eles virem para a nossa cidade, mas me preocupa a falta de escola, de carteira assinada, de postos de saúde, de habitação e de segurança. Se faltam esses fundamentos para nós, o que teremos para oferecer a eles", questionou o petebista.  

O vereador tem dúvidas sobre até quando as autoridades irão acompanhar e prestar assistência aos imigrantes senegaleses e haitianos que estão chegando em grande número ao município.  Acredita que vão ser assistidos por algum tempo, mas logo serão abandonados. Também defende que os imigrantes recebam orientações sobre como se comportar na cidade. "Quando visitamos a casa de alguém, temos que nos adaptar aos moradores dessa casa", entende. 

Dias afirmou que também veio de outra cidade para morar em Caxias. É oriundo de Júlio de Castilhos e disse que passou por sérias dificuldades quando chegou a Caxias com a esposa e um filho pequeno, em 1972. Lembrou que, na época, precisou optar entre comer ou comprar remédios para a companheira adoecida. Lamentou que não recebeu a ajuda necessária como migrante. "Se não tivermos uma forma de acompanhamento digno com a vida dessas pessoas que vêm de outras regiões, vamos, em breve, ter outros problemas", acredita.

O parlamentar disse que, quando chegou a Caxias, não teve como conseguir crédito nem para alugar um imóvel. "Ninguém confiava na gente", lamentou. O vereador Mauro Pereira/PMDB defendeu o vereador Flavio Dias, que teria sido criticado em programa de rádio por ser contrário à vinda de imigrantes sem que haja estrutura para recebê-los. "Ele é um cidadão de bem. Muitas vezes, as pessoas não conseguem entender a linha do raciocínio até pela falta de tempo. Na política, uma palavra mal interpretada pode gerar muita confusão", alertou o parlamentar. 

Nesse sentido, Mauro fez uma indicação ao poder Executivo. Ele propõe a criação de uma cartilha para orientar os estrangeiros que estão morando em Caxias do Sul. O vereador diz que os imigrantes precisam entender os costumes do país, como funcionam as filas, a ordem de chegada em espaços públicos e privados, além de respeitar assentos destinados aos idosos no transporte coletivo.  "Essa cartilha vai orientá-los no dia a dia. Deve ser produzida em português com tradução para senegalês e haitiano", sugeriu o peemedebista.

Durante a sessão, Flávio Dias também comentou sobre os maus-tratos aos animais. Lamentou um fato de repercussão nacional ocorrido no município gaúcho de Vera Cruz. No início do mês, o animal foi enterrado vivo e salvo por integrantes do Corpo de Bombeiros. "Trata-se de um crime de maus-tratos. Enterrar a cachorra ferida e ainda viva foi um ato de crueldade", definiu Dias.

O parlamentar lamentou não ter condições de resgatar um animal ferido a pedido de uma moradora do bairro Ana Rech. A moradora presenciou o atropelamento de uma cachorra em frente à fábrica da Marcopolo. O bicho foi abandonado com 11 filhotes. "Infelizmente, por ordem judicial, não posso mais resgatar animais indefesos", lastimou o petebista. Dias alertou que o município de Caxias não possui um órgão público responsável pelo bem-estar do animal.