Um grupo de médicos, residentes e estudantes de medicina manifestou-se, durante a sessão ordinária do Legislativo caxiense, na tarde desta quarta-feira (03/07). Com cartazes e apitos, eles chegaram ao plenário da Câmara Municipal por volta das 18h, depois de uma caminhada que se iniciou no Monumento ao Imigrante, na BR-116, e se estendeu pelas ruas centrais de Caxias. Os profissionais aderiram ao movimento nacional de protesto contra a proposta da União que prevê a vinda de médicos estrangeiros para atuar em cidades do Interior. A mobilização desta quarta-feira também incluiu a ausência dos médicos nas Unidades Básicas de Saúde (UBSs) do município.

Assim como abriu a palavra a outros manifestantes que estiveram na Casa no mês passado, o plenário do Legislativo, por meio de uma decisão de líderes, deu voz a um dos representantes do protesto. O presidente do Sindicato dos Médicos de Caxias do Sul, Marlonei dos Santos, falou em nome da categoria e destacou três pontos de reivindicação: 1) Repúdio à vinda de médicos estrangeiros sem a prova de revalidação; 2) Destinação de 10% da arrecadação bruta da União à área da saúde; 3) Implantação de plano de carreira aos médicos do Sistema Único de Saúde (SUS) - refere-se à Proposta de Emenda à Constituição (PEC) nº 454/2009, que estabelece diretrizes para a organização da carreira única de médico de Estado.

Marlonei aproveitou o espaço da tribuna para reafirmar a defesa da categoria em relação ao projeto do Ato Médico, que foi aprovado recentemente no Senado e agora aguarda sanção ou veto (total ou parcial) da presidente Dilma Rousseff. Esse projeto, que busca regulamentar o trabalho do médico, tem sido questionado por integrantes de outras áreas da saúde. A principal queixa é relacionada ao Inciso I do Artigo 4°, segundo o qual, entre as atividades privativas do médico, está a "formulação do diagnóstico nosológico e respectiva prescrição terapêutica" - esse diagnóstico é a determinação da doença que acomete o ser humano.

Segundo Marlonei, não é verdade que o projeto retira de cena o trabalho conjunto com outros profissionais do segmento da saúde. "O Ato Médico reforça o trabalho em equipe e diz que cada profissional tem uma atribuição", explicou. O presidente do Sindicato dos Médicos entregou ao presidente da Câmara, vereador Edson da Rosa, um ofício endereçado à Comissão de Saúde e Meio Ambiente da Casa, registrando os pleitos da categoria. O dirigente também solicitou que uma cópia do documento seja remetida pelo Legislativo ao Ministério da Saúde.