quinta-feira, 21/07/2022 - 199 Ordinária

Projeto de Lei nº 66/2022

VEREADOR LUCAS CAREGNATO (PT): Eu estou bem feliz de aprovar essa nomenclatura dessa rua exatamente no dia em que nós aprovamos o projeto da colega vereadora Estela Balardin, Julho das Pretas. Essa é a terceira rua que eu nomeio, partiu de um projeto de lei nosso, e a terceira rua em que uma mulher negra é homenageada. Talvez muitos de vocês não lembrem ou não conheçam a dona Sebastiana, mas ela é mãe, ela é avó, desculpa, do Sérgio Ubirajara, do PSB, ela é avó da Beatriz Jardim e de tantos outros amigos queridos da nossa cidade. A dona Sebastiana Felissima da Silva foi uma figura bastante conhecida entre os moradores ali do Bairro Marechal Floriano, a residência dela na próxima a pracinha, na frente do Estádio Centenário, entre as décadas de 70 e 90. A dona Sebastiana era uma sacerdotisa da umbanda, tinha a casa diariamente frequentada por todos aqueles que costumavam buscar um conselho, uma palavra de conforto, uma orientação espiritual, a cura para as mazelas do corpo e da alma. A dona Sebastiana, ou mãe Bastiana, como também era conhecida, nasceu na Praia Grande, em Santa Catarina, em 1920. Por volta de 27 migrou aqui para Caxias na companhia dos pais Demétrio e Júlia, e dos irmãos Luiz e Waldemar, e a outra irmã, Lurdes, nasceu aqui. A família se instalou primeiramente no bairro que é hoje, o que seria ali pertinho do Primeiro de Maio, onde, ainda na adolescência, a jovem começou a manifestar dons mediúnicos que a acompanhariam por toda a vida. Após a casamento da dona Sebastiana com Seu Gasparino Caetano da Silva, em outubro de 40, eles se mudaram para o Bairro Marechal Floriano. Foi ali que, até meados de 70, ela fundou o terreiro de umbanda Sete Flechas, juntamente com o genro Amantino Jardim. Durante mais de 30 anos, o espaço localizado na Rua Augusto Piccoli, 1.110, concentrou longas filas, recebendo também pessoas de outras cidades, de múltiplas crenças e credos. O atendimento, segundo as informações da família, chegava a 50 pessoas por dia, urgentes, dos casos mais variados. Atualmente, muitas das casas religião de matriz africana existentes em Caxias, tem como chefes pais e mães de santos, babalorixás e yalorixás, pessoas que foram iniciadas pela mãe Bastiana, ela desencarnou, fez o seu passamento em 23 de junho de 1993, aos 73 anos, deixando 10 filhos, 25 netos e 37 bisnetos. Que bom que a gente pode visibilizar uma trajetória tão bonita e de algo que parece tão simples e que eventualmente a gente é criticado pelas pessoas que não têm outra atividade para fazer, que é o fato de nomear rua. O vereador Bressan acho que está aqui, o vereador Bressan é  sempre muito forte quando fala disso, da importância da nomeação das ruas para que as pessoas possam ter o acesso ao seu lugar, a sua moradia pela SAMU, pelo Correio, para encomendas. Então, parece algo simples, é uma função desta Casa Legislativa, e que bom quando a gente pode homenagear pessoas de diferentes setores, de diferentes etnias, que contribuíram muito para a história da nossa cidade e que podem, hoje, receber essa honra. Eu, conversando com a Bea, ela me dizia que, quando pequeno, a casa delas era na rua que eu acabei de citar e que na Rua Augusto Piccoli, um pouquinho antes do posto de saúde do Cinquentenário, dobra à direita de quem sobe a Júlio, que era uma romaria muitas vezes das pessoas querendo buscar acolhimento, buscar apoio. Então, que a dona Sebastiana, que a Mãe Bastiana olhe por nós, envie energias positivas, porque ela vai ter uma rua com seu nome. Era isso. Conto com o voto favorável dos colegas vereadores. Obrigado, presidenta.
Parla Vox Taquigrafia

Votação: Não realizada

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