“Imaginemos, nós, se uma hora por semana a gente introduzisse no currículo das escolas uma conversa em círculo na sala de aula com os alunos.” Este é o desejo da vereadora Paula Ioris/PSDB, presidente da Comissão Temporária Especial para o Enfrentamento da Violência da Câmara de Vereadores de Caxias do Sul. Ela usou a tribuna na sessão ordinária desta quinta-feira (06/12) para compartilhar com os colegas alguns aprendizados de crianças e adolescentes de escolas municipais e estaduais da cidade após a prática dos círculos de construção da paz. As frases dos jovens, projetadas no telão, foram anotações dela trazidas do 2º Seminário de Boas Práticas Restaurativas na Escolas. O evento ocorreu na sede do Legislativo e fez parte da Semana Municipal de Justiça Restaurativa deste o ano.

“Pude falar”, “todos me ouviram” e “refletir sobre o que mudar” foram algumas das lições obtidas pelos participantes na vivência, segundo Paula. A parlamentar chamou a atenção para a riqueza e valor da ferramenta que possibilita um espaço para o diálogo, acolhida, respeito, conexão entre as pessoas e autoconhecimento. “Uma criança que chega à escola porque viu o pai e a mãe brigando, ou a mãe apanhando, ou o irmão sendo morto no portão, ela não aprende matemática e português, ela precisa desabafar”, opinou.

A tucana relatou que mostrou as frases para a secretária municipal de Educação, Marina Mattielo, incentivando o investimento nos círculos de construção da paz como estratégia de prevenção. “Propus que os professores da rede passem pelos círculos para que eles sejam também cuidados. E que, professores que se sintam preparados, possam usar essa prática pelo menos uma hora semanal, para que o diálogo faça parte do currículo das nossas escolas. Porque nós sabemos que a formação de um ser humano tem que ser integral”, ressaltou.

Como a conversa foi informal, com boa receptividade por parte da secretária, a vereadora pretende formalizar a ideia através de uma indicação. “Eu acredito que com uma hora semanal, onde haja uma roda de conversa, em todas as salas de aula, a gente vai estar agindo coletivamente para trabalhar a saúde mental na nossa cidade. Não é verdade? Isso é factível e isso é necessário”, finalizou.