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Frente Parlamentar da Maesa cobra explicações do município

Audiência pública desta quinta-feira à noite no Emílio Meyer teve 235 participantes


A maciça participação de representantes de entidades de classe, comunitárias e estudantil na audiência pública promovida pela Frente Parlamentar "A Maesa é Nossa" na noite desta quinta-feira (23/08) na Escola Estadual Emílio Meyer demonstrou a preocupação de todos em relação à lenta e mal explicada preservação e ocupação do complexo tombado pelo Estado e entregue ao município. No total, 235 pessoas estiveram no encontro que durou duas horas e meia. Dois secretários e uma procuradora do município estiveram na audiência e apresentaram informações consideradas frágeis, evasivas e desencontradas, analisou o vereador Rafael Bueno/PDT, que preside a Frente Parlamentar.

Ao final da audiência foi lido um relatório com deliberações dos participantes. Uma cópia será encaminhada à prefeitura. Entre alguns pontos reivindicados, estão o retorno de entidades como a Câmara Municipal, a CIC e a UAB ao conselho formado pela prefeitura e que discute a ocupação (o município retirou as entidades); cópia do mapeamento digital do complexo; efetivação do projeto de recuperação, ocupação, uso e gestão do prédio; concurso público para o projeto arquitetônico; apresentação de laudos ambientais; e inclusão de abaixo-assinado de representantes de arquitetos.

"O município está terceirizando a culpa, sendo que aqui, nesse local (Emílio Meyer), vemos pessoas que trabalharam e fariam ainda mais de graça pela Maesa, incluindo ex-trabalhadores. Se a Voges desocupar a área amanhã, a prefeitura fará o quê? Não há nada efetivo no suposto novo plano de ocupação, como a prefeitura alardeou nesta semana à imprensa. O plano tem que ser aquele construído por muitas mãos e está pronto para ser colocado em prática. Não adianta jogar a Guarda Municipal lá dentro (prédio da Maesa) sem as mínimas condições de trabalho e ocupação. Nem banheiro feminino a Guarda tem", pontuou Bueno.

Um dos pontos mais importantes do encontro foi logo ao início, com a explanação da ex-secretária da Cultura Rúbia Frizzo, que atuou no governo Alceu Barbosa Velho. Ela apresentou uma cronologia sobre a cessão do complexo de 53 mil metros quadrados ao município e a importância histórica e arquitetônica. Detalhou as reuniões da comissão que tratou do tema com diversas entidades. Ao mostrar o minucioso estudo feito pelo município no complexo, com o escaneamento digital que levou 30 dias e buscou 1.124 cenas, ela enfatizou que esse material está à disposição para que se inicie imediatamente o plano de ocupação. No programa de necessidades da ocupação, destacou como caminhos um mercado público, gestão municipal, incubadora de economia criativa, órgãos da cultura, conselhos municipais e preservação dos espaços existentes, entre outros.

Inúmeras manifestações vieram na sequência. Jessica De Carli, representando o Sindicato dos Arquitetos do RS, leu uma carta em nome dos profissionais e pediu respeito ao patrimônio e valorização das áreas no entorno. Segundo ela, a "arquitetura legitima a existência de um povo". Silvia Nunes, presidente do Instituto de Arquitetos do Brasil (IAB) afirmou que acompanha esse processo desde 2015. Ela pediu que se trate a relação dos espaços com harmonia e parceria. Matias Vazquez, do Conselho de Arquitetura e Urbanismo do RS e do Coletivo Vivacidade, sugeriu a realização de um seminário a partir da audiência para discutir de forma efetiva a ocupação com vontade e preocupação coletiva.

Plinio Mósca, representante do Conselho Estadual de Cultura, veio de Porto Alegre para a audiência e foi enfático afirmando que há necessidade urgente nas decisões e não se pode demorar para que o complexo seja ocupado. "Caxias do Sul precisa mostrar ao Brasil que ocupa seu patrimônio. As coisas se desfazem e podemos perder autoestima", disse, salientando que há inúmeros casos semelhantes país afora. Cecilia Pozza, presidente do Conselho Municipal de Política Cultural, se surpreendeu ao lembrar que um dia antes a prefeitura convocou uma coletiva de imprensa e alegou que é preciso fazer um levantamento fotográfico: "O que já temos em mãos é mais do que um levantamento fotográfico, todos vimos aqui. Temos a área total está scaneada. O que buscamos é respostas da prefeitura".

Representante da empresa Voges, que ocupa 30% do complexo da Maesa, Leonardo Rasia se colocou à disposição.
"Estamos em um grande esforço para promover a desocupação, mas é necessário que o prazo seja estendido até o final de outubro de 2019, porque a empresa está se deslocando para área própria e buscamos essa saída de forma organizada, preservando a área e os empregos".

Idalice Manchini e Oscar Panozzo, presidente do Sindilojas e vice da CDL, respectivamente, assumiram o compromisso de lutar para o que for melhor para Caxias, defendendo a instalação de um mercado público, a cultura, o turismo, entre outras demandas da comunidade. Lucas Diel, presidente da Amob Exposição, pediu agilidade do município em razão das inúmeras reclamações que recebe da população do entorno em relação à degradação do prédio.

Os vereadores Gustavo Toigo/PDT, Velocino Uez/PDT, Paula Ióris/PSDB, Denise Pessôa/PT e Ricardo Daneluz/PDT também se manifestaram e destacaram a necessidade de utilização do estudo já feito no complexo da Maesa. Toigo disse que é preciso manter o caráter cultural e preservar área de convivência. Para Uez, não se pode descartar um projeto feito com muitas mãos. Paula ressaltou que não se pode perder mais tempo nem dinheiro e que é preciso avançar. Denise apontou que houve a construção coletiva e que o projeto não é de um partido ou governo. Ela se mostrou preocupada porque a lei que estipulou a cedência ao município estabelece prazo e metas para ocupação. Para Daneluz, as vontades são as mesmas, então é preciso buscar parcerias nesse momento.

O secretário do Planejamento, Fernando Mondadori, e da Cultura, Joelmir da Silva Neto, se manifestaram e nada de conclusivo trouxeram ao público. Mondadori disse que o estudo que a prefeitura tem está sendo acompanhado por "técnicos do Estado bimestralmente", mas não trouxe mais dados a respeito nem mencionou quem seriam esses técnicos e de quais secretarias. Salientou ainda que se "está estudando a melhor forma" de contratação dos serviços para ocupação. Joelmir também não detalhou o que está sendo pensado na preservação e ocupação. A procuradora Karin Comandulli Garcia falou sobre questões legais a respeito da ocupação e disse que a ideia é trazer toda a Guarda Municipal para o complexo, mas não explicou por que outras partes do prédio ainda não podem ser ocupadas, mas a Guarda Municipal, mesmo em condições não ideais, já está sendo transferida e ocupará totalmente a área.

Além do presidente Rafael Bueno, integram a Frente Parlamentar "A Maesa é Nossa" os vereadores Adiló Didomenico/PTB, Alceu Thomé/PTB, Denise Pessôa/PT, Gladis Frizzo/MDB, Gustavo Toigo/PDT, Neri Andrade Pereira Júnior/SD, Paula Ioris/PSDB, Paulo Périco/MDB, Ricardo Daneluz/PDT e Velocino Uez/PDT.

24/08/2018 - 15:28
Gabinete do vereador
Câmara Municipal de Caxias do Sul

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