O vereador Edson da Rosa/PMDB expôs, durante a plenária desta quinta-feira (10/05), diversos números relacionados à população negra, em Caxias do Sul e no Brasil. O peemedebista destacou que o 13 de maio, no próximo domingo, será uma data de reflexão, já que, naquele mesmo dia, em 1888, a escravatura era abolida no país.

Edson divulgou um estudo feito pela docente da Universidade de Caxias do Sul (UCS), Grasiela Tebaldi Toledo, e pela acadêmica do curso de História da instituição, Sabriny Machado de Souza, com dados históricos referentes aos negros no município. O trabalho foi apresentado em novembro do ano passado, durante o seminário “O negro e as relações de trabalho: reflexões e perspectivas”, que integrou a programação da Semana da Consciência Negra do Legislativo.

Em 1890, o município tinha pouco mais de 18.500 habitantes. Do total, apenas 64 moradores se declaravam caboclos, mestiços ou pretos. Em 1940, com pouco mais de 39 mil moradores, 1.433 se diziam pardos e 741 se declaravam pretos, o que representava, na época, 5,48% da população.

Conforme o estudo, na década de 1940, a população negra se concentrava nos bairros Euzébio Beltrão de Queiroz, a Zona do Cemitério, e Jardelino Ramos, o Burgo. Hoje, essas áreas periféricas estão localizadas na área central. Nesse sentido, Edson mencionou a concentração do poder e das escolas estaduais no Centro. Ressaltou que as instituições da rede municipal de ensino tiveram de expandir o atendimento às comunidades menos favorecidas e que nesses colégios estão, em sua maioria, crianças negras.

Em 2010, já com uma população de 435.464 pessoas, 58.203 caxienses afirmavam serem pardos e 14.424 se diziam pretas, o que representava, na época, 16,47% do total de moradores. Naquele ano, os negros habitavam, principalmente, os bairros Fátima, Jardelino Ramos, Santa Fé e Centenário.

Referente à educação, há oito anos, a taxa de analfabetismo entre pessoas com mais de 18 anos, no município, era de 4,65% entre os negros e 1,98% entre os brancos. “Esses dados são importantes para entendermos o acesso à universidade, que está ligado à questão financeira”, complementou Edson.

Em nível de Brasil, o vereador ponderou que, dos 205,5 milhões de brasileiros, 112,82 milhões são negros (54% da população). Mesmo sendo a maioria da população, os negros são os que mais sofrem com falta de representatividade, desemprego e violência. Os negros também são mais vulneráveis ao assédio moral e, conforme estudo da ONG britânica Oxfam, apenas em 2089 vão receber salários iguais aos dos brancos.

Edson relembrou que foi o primeiro vereador negro eleito na história de Caxias do Sul. Relatou que, no pleito de 2014, foi o candidato deputado estadual negro mais bem votado do Rio Grande do Sul, com 15 mil votos, e um dos 55 em todo o Brasil. “Não há o que comemorar”, lamentou. Rafael Bueno/PDT e Paulo Périco/PMDB complementaram as informações do colega por meio de apartes.