A posição da Câmara de Indústria, Comércio e Serviços (CIC) de Caxias do Sul de interferir na composição do secretariado do novo governo foi duramente criticada pelo vereador Renato Oliveira/PCdoB durante pronunciamento na sessão desta quarta-feira (24), na Câmara Municipal. Na segunda-feira (22), no primeiro encontro com os candidatos a prefeito, a entidade expôs, em documento, o desejo de indicar titulares de algumas secretarias. O primeiro a ouvir a proposta foi Edson Néspolo, da coligação Nossa Caxias Melhor a Cada Dia. Os demais candidatos serão recebidos semanalmente, sempre às segundas-feiras.

O comunista disse que, em 16 anos de atividade parlamentar, nunca havia ouvido algo semelhante, que definiu como absurdo e esdrúxulo, além de deboche com a classe política. “Parece que a ditadura está de volta. É um desaforo, uma agressão à Câmara Municipal e à Prefeitura”, acrescentou. Também lembrou movimento em articulação, em Brasília, que prega a não realização de eleição em 2018 e nomeação do novo Presidente da República, visando garantir a continuidade do governo Michel Temer.

Ainda reagiu à proposta da CIC de redução dos subsídios dos vereadores para um salário mínimo. Segundo Oliveira, o objetivo é criar condições para comprar votos em projetos de interesse da classe empresarial. “A entidade está sendo agressiva com os poderes constituídos. Mas se omite na cobrança de ações do governador”, afirmou, lembrando que, na última passagem de José Ivo Sartori pela CIC, nada lhe foi exigido.

O vereador defendeu que as centrais sindicais deveriam adotar o mesmo comportamento, exigindo que os candidatos assumam compromisso com as lutas dos trabalhadores. “Se os empresários querem mandar, que concorram nas eleições”, provocou.

Em aparte, o vereador Adiló Didomenico/PTB apoiou a manifestação. Recordou que, nas eleições municipais passadas, o povo já deu uma resposta à CIC, pois ex-presidente da entidade concorreu ao Executivo e teve votação pífia. O petebista disse aguardar retificação da entidade, porque muitos empresários da cidade não têm o mesmo pensamento.