quinta-feira, 25/03/2021 - 22 Ordinária

Requerimento nº 28/2021

VEREADOR MAURÍCIO MARCON (NOVO): Só dizer que parabenizo o vereador Lucas pela Frente. Nós vamos votar favorável, obviamente, não temos qualquer problema com Frente Parlamentares. Acho que é um consenso aqui da Casa a gente apoiar as Frentes que os nobres colegas consideram essenciais, enfim. Então, acho que, como já mencionei anteriormente, o vereador Lucas é uma pessoa que eu estou construindo um grande respeito por ele, apesar de nós discordarmos de absolutamente quase tudo, não é, vereador. Mas é assim que a gente constrói um entendimento melhor para a sociedade. Eu queria dizer, então, isso, e dizer que, apesar de... Eu vou ser bem sincero, eu não gosto desse tipo de discriminação, porque eu acho que, muitas vezes acontece, por parte, inclusive, de setores que dizem que a pessoa... Pra mim, é todo mundo igual. O Dr. Dráuzio Varella falou uma frase que ele foi muito feliz uma vez, dizendo que o que as pessoas fazem entre quatro paredes só diz a elas. Para mim, não faz a menor diferença. Como também já falei inclusive aqui na Câmara que cor de pele, pra mim, é outra coisa que completamente não faz a menor diferença. Afinal, pela raça nós somos todos humanos. Não existe raça preta, raça branca. Não existe isso. Existe raça humana. Então, a pessoa que tem qualquer tipo de preconceito é uma completa deficiente mental mesmo, porque não faz o menor sentido ter preconceito com uma pessoa pelo que ela faz entre quatro paredes ou, enfim, pela cor da pele. Nada disso. Então dizer para o vereador Lucas que nós iremos assinar. Aliás, vamos aprovar, vamos votar favoráveis então a essa Frente. Espero que o senhor tenha bons resultados. O que precisar, a gente fica aqui à disposição. Mas deixando sempre claro que eu espero um dia, vereador Lucas, que esse dia seja próximo, que nós possamos estar vivos para ver, que esse tipo de discussão não permeie mais a nossa sociedade. Que se tenha o entendimento que a cor da pele, a sexualidade ou qualquer coisa que distingue uma pessoa seja encarado como algo natural e não que a gente precise estar aqui discutindo isso ou fazendo Frente, como o senhor está fazendo. Enfim, bola para frente. Parabéns pela proposição. Nós iremos aprovar. Obrigado.
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VEREADORA ESTELA BALARDIN (PT): Então, quero, em primeiro lugar, parabenizar o vereador Lucas pela criação dessa Frente Parlamentar tão importante. Infelizmente, nós que somos negros, que carregamos isso na pele, sabemos das dificuldades de viver em uma sociedade que infelizmente ainda sofre com a estrutura do racismo, a estrutura do machismo e a estrutura da LGBT fobia. Muitos aqui não sabem, eu sou bissexual. Antes de ter um relacionamento com um homem, eu já sofri diversos preconceitos na rua pelo fato de eu ser mulher, pelo fato de eu ser bissexual e pelo fato de eu ser negra. Isso não pode ser admitido. O nosso país tem o fim da escravatura tardia, o que nos condiciona, sim, a uma diferença; condiciona, sim, os negros e negras da nossa sociedade a uma diferença que não nos permite falar em raça humana, pois nós temos que discutir e debater a nossa história. Debater o que essa história impacta nas nossas vidas atualmente. Como nós nos sentimos ao entrar em uma loja, como nós nos sentimos ao entrar em um supermercado e ver que o segurança automaticamente vem próximo a nós. Quem são os maiores abordados pela polícia nos bairros, no centro da cidade? A gente tem um dado que 79% das vítimas de operação policial são negros. A gente vê o genocídio da juventude negra acontecendo nas periferias e nas favelas do nosso país. Nos últimos oito anos, a violência contra negros e negras cresceu 59%. Como bem dito pelo vereador Lucas, a cada 20 horas um LGBT é morto no nosso país. Existem países que existe pena de morte se você for LGBT, e eles matam menos do que o nosso país. Então o preconceito existe. Precisamos falar sobre isso, precisamos ser contra toda e qualquer tipo de intolerância. Porque a intolerância tira vida, porque a intolerância nos condiciona a uma situação de desigualdade. A gente tem dificuldade de ingressar no mercado de trabalho, a gente tem dificuldade de ingressar na universidade, a gente ocupa a maior parte do sistema carcerário do nosso país. Para além de tudo isso, a questão do gênero, já muito bem posta em diversas outras colocações aqui, ainda é uma realidade que condiciona nós, mulheres, a receber menos; que condiciona nós, mulheres, a ocupar menos os espaços de poder; nos faz ter medo de sair às ruas à noite, pois nós não sabemos se conseguiremos voltar para casa. A intolerância é algo que nós não devemos tolerar. O nosso país precisa avançar muito em relação a isso. A questão da LGBT fobia ainda não é crime no Brasil, e nós precisamos debater sobre isso, esta Casa precisa debater sobre isso. Pois nós não podemos aceitar que um ser humano que tem a sua dignidade, que sai para batalhar pelo pão de cada dia seja morto antes de chegar em casa, seja morto inclusive dentro da sua casa, por causa das estruturas sociais que nós temos. Nada disso é por acaso. Tudo isso faz parte da nossa história, uma história que precisa ser contada. Não contada apenas pelos vencedores, contada por quem sofre, ainda nos dias de hoje, as intolerâncias; quem sofre, ainda nos dias de hoje, todas essas questões que eu trago aqui. Essas são as realidades. Duras, mas que precisam ser aceitas. E aceitas principalmente por quem ocupa locais de privilégio na nossa sociedade. Eu, atualmente, enquanto uma mulher negra, bissexual, ocupo um lugar de privilégio. Por estar dentro deste espaço, inclusive, e por poder ter espaço para falar e ter voz para dar visibilidade a todas essas intolerâncias. Mas, aos homens brancos e héteros, entendam o seu papel de fundamental importância nessa luta de combate ao racismo, combate ao machismo, combate a LGBTfobia. Nós precisamos, sim, respeitar o que as pessoas fazem entre quatro paredes, mas nós precisamos entender que fora das quatro paredes essas pessoas sofrem risco de morte diariamente e é muito duro saber que eu tenho amigos e amigas que já foram violentados nas redes sociais, violentados dentro das suas escolas, violentados dentro do seu espaço de trabalho, quando chegam a conseguir um espaço de trabalho. Então a gente precisa, sim, ter a certeza de que infelizmente ainda não temos a sociedade igualitária que nós merecemos ter, que o respeito precisa falar mais alto, mas que por enquanto, infelizmente, a gente tem que criar uma frente parlamentar como essa. A Comissão de Direitos Humanos estar sempre à disposição, trabalhando juntos para que a gente possa garantir a sociedade do respeito, a sociedade que não tenha nas suas marcas a intolerância dessa estrutura que nos condiciona uma situação de desigualdade. Mais uma vez parabéns, vereador Lucas.
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VEREADOR SANDRO FANTINEL (PATRIOTA): Obrigado, senhor presidente. Bom, eu queria também, de certa forma...
VEREADOR MAURÍCIO MARCON (NOVO): Me concede só um segundo, vereador, um aparte?
VEREADOR SANDRO FANTINEL (PATRIOTA): Sim.
VEREADOR MAURÍCIO MARCON (NOVO): A vereadora Denise, de forma bastante fraterna, me chamou atenção aqui que eu usei uma expressão pejorativa e agradeço a vereadora Denise, eu falei que são deficientes mentais quem tem preconceito. Eu não quis menosprezar ninguém que tenha deficiência mental. Eu quis somente dizer que a pessoa que tem qualquer tipo de preconceito ela é doentia. Então agradeço a vereadora Denise pela chamada de atenção. Obrigado, vereador Fantinel, pelo aparte.
VEREADOR SANDRO FANTINEL (PATRIOTA): Bom, eu queria também, de certa forma, parabenizar o colega Lucas, como me confraternizo com o Marcon, que o senhor é uma pessoa que a gente está construindo um carinho, uma amizade de trabalhar junto principalmente na Agricultura que a gente está junto e a gente em um compreendimento muito bom. Bom, mas enfim, vamos lá, eu tenho algumas coisas, é a minha visão, não significa que eu esteja certo, a gente está debatendo. O fator dos 2,7% de mais mortes de jovens negros do que brancos. Bom, daí eu teria essas colocações. Eu acho que o percentual ele deveria ser medido pelo envolvimento na criminalidade, ou seja, quantos jovens brancos nós temos envolvidos na criminalidade e quantos jovens negros nós temos envolvidos na criminalidade. Aqui eu não vou entrar naquele ensejo de ser mais pobre, não teve pai e mãe, o pai era drogado. Isso não quer dizer, isso não vem ao assunto da pauta que nós estamos conversando, aqui nós estamos falando de cor de pele, de raça. Então 2,7% mais mortes do que brancos, eu acho que tinha que ser medido pelo percentual de envolvimento na criminalidade para a gente ver esse percentual aí. Caso contrário, parece que são mortes que acontecem por motivo de racismo e não é verdade. Elas não acontecem porque existe racismo, elas acontecem porque o jovem se envolveu na criminalidade. Então isso aí é que transparece... ah, morreu o rapaz negro é racismo. Não, tem que ver porque ele morreu. Se ele resolveu, por livre espontânea vontade se envolver na criminalidade ele não veio a óbito por causa de racismo, ele veio por uma questão de uma opção que ele quis ter. Então essa é a minha visão nesse ponto. Nós queremos também lembrar, quando a gente fala que existe preconceito, racismo, discriminação e toda aquela coisa lá que a gente ouve toda hora, nós devemos lembrar... eu não tenho bem 100% de certeza do número, mas quase 100%, eu vou investigar para não falar um fake aqui, mas se não é isso é bem próximo, devemos lembrar que 14% dos mais ricos do Brasil são afrodescendentes. Então nós teremos que analisar esse ponto. Como assim, se existe perseguição, preconceito, racismo e toda aquela coisa toda como é que 14% dos mais ricos do Brasil são afrodescendentes? Deve ter uma explicação, com certeza eles não foram ajudados pelos brancos, eles se ajudaram e se tornaram ricos. Isso prova que quem luta chega lá, quem tem vontade chega lá. Outra coisa que nós temos como um grande exemplo, vamos lembrar aqui do Joaquim, o juiz, Joaquim Barbosa, que foi filho de pedreiro e trabalhava de servente para o pai dele durante o dia para pagar a escola de noite, negro, e se tornou presidente do Supremo Tribunal Federal do Brasil. Então, onde é que estava a perseguição? Onde é que estava o racismo? Onde estava a discriminação? Então, eu, vereador Lucas, o meu voto é positivo, vou aprovar essa sua Frente Parlamentar, não tem porque não aprovar, é ótimo, tudo que vem para colaborar a gente tem que apoiar, esse é o nosso acordo, lembra? Tudo que viesse para o bem maior, a gente estaria junto. Então, eu vou aprovar essa sua Frente, mas eu queria que ficassem essas colocações no ar. Era só isso. Muito obrigado, presidente.
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VEREADOR ADRIANO BRESSAN (PTB): Obrigado, senhor presidente. Eu pego o último trecho da vereadora Estela. Ela comenta que, infelizmente, em 2021 a gente tem que criar uma Frente Parlamentar de combate à intolerância. É essa que eu pego, vereadora Estela, infelizmente. Você sabe o quanto eu te respeito, não é, vereadora, o quanto a gente se dá bem, o quando a gente conversou já, a gente já participou das coisas juntos, e eu, com certeza, estou nessa tua última parte: infelizmente; não é, vereadora. Infelizmente. A gente acho que jamais aqui, eu principalmente, o meu pai, vamos supor, é de uma origem gringa, vamos supor, da parte branca, se for o caso, a minha mãe é negra, afrodescendente. Então, assim, isso aí é ridículo hoje, infelizmente, nós estarmos discutindo e criando Frente da Intolerância Racial, onde existem leis federais, que hoje garantem e repudiam o racismo. Então, eu fico aqui triste com isso. Eu estou solidário ás pessoas, principalmente, vereadora Estela, a senhora que combate muito essas questões, para mim não haveria necessidade se todo mundo soubesse respeitar as pessoas. Na questão religiosa... Eu digo assim porque eu sou um empresário, eu tenho o meu ramo de transportes, talvez nem todo mundo conheça. Vou dar um exemplo, eu levo, ás vezes, as pessoas de umbanda e eu respeito, porque eles estão pagando para eu levar eles a fazer lá, enfim, as suas oferendas, suas coisas. A gente tem que respeitar. Eu respeito. Eu ganho, vamos supor, dinheiro com isso, não é. Se fosse na questão do católico, eu respeito igual. Não é porque eu não faço parte daquela região que eu tenho que criticar. A gente tem que ter respeito, eu sou uma pessoa... é a mesma coisa quando a gente fala do time de futebol, não é. Se fosse o caso, um é colorado e o outro, gremista, e eu não vou levar a pessoa para o estádio de futebol. Estou dizendo no meu ramo de trabalho. A gente tem que respeitar todas as pessoas em suas essências. A gente tem que respeitar as questões de orientação sexual. Cada um que faça o que achar que é melhor. Nós não podemos, porque é bissexual, porque é gay, porque é lésbica, enfim (Falha no áudio.). Não interessa. Aa pessoa humana é a mesma, indiferente desse tipo de coisa. Então, assim, a gente tem que deixar claro que nós temos opiniões públicas aqui. Nós somos vereadores que, graças a Deus, a nossa opinião vale muito ali fora. Então temos que combater, sim, a intolerância racial, a religiosa e a de orientação sexual, com certeza. Concordo plenamente. Só fico triste e magoado que tem que criar uma Frente onde a gente, vamos supor, o ser humano, não sabe se respeitar. Temos que saber nos respeitar. Essa é a primeira coisa que eu acho que na vida a gente aprende desde pequeno, não é: saber respeitar as pessoas. Então, eu tenho um respeito muito grande, independente aqui da cor, independente da religião e independente da orientação sexual. Temos que ter respeito e eu sou uma pessoa que, no momento oportuno, votarei favorável. Não faço parte, não farei, se for o caso, não tem problema, mas quem acha que tem que fazer, enfim, perfeito. Tem que respeitar. As opiniões aqui podem ser diferentes, mas a gente tem que saber respeitar. Então me solidarizo. Vereadora Estela, parabéns. Você faz parte disso. Você veio a público dizer a sua orientação sexual, que não precisava, não precisava. Mas veio, não tem vergonha. E eu respeito. Respeito e te admiro, se for o caso, nessa situação. Não tem problema nenhum. Vou te tratar igual. Não é porque tu veio te manifestar que eu vou mudar. Jamais! Vou te tratar da mesma forma. Parabéns nesse sentido. Muito obrigado, senhor presidente, senhoras e senhores vereadores.
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VEREADOR LUCAS CAREGNATO (PT): Obrigado, vereador, nosso presidente. Queria aqui agradecer as falas dos vereadores que me antecederam: o vereador Marcon, o vereador Fantinel, a vereadora Estela e o vereador Bressan. Eu acho que, independente das divergências, está nítido aqui, entre todos os que falaram, e acredito que é unânime, de que nós precisamos de uma sociedade que respeite a diversidade. Acho que isso ficou nítido aqui, ficou enegrecido entre todos nós essa opinião. Importante nós lembrarmos que... De fato, vereador Bressan, é triste, no ano de 2021, a gente ter que fazer uma ação como essa. Eu corroboro com o senhor desse desagrado. Mas, ao mesmo tempo, é quando a gente fala desses assuntos, é quando a gente expõe esses problemas que a gente consegue refletir e encontrar alternativas sobre eles. Então a primeira questão é essa. Lembrando que a Frente trata de quatro áreas, quatro públicos: a questão étnico-racial, a questão de gênero, de orientação e a intolerância religiosa. A ideia é que a Frente possa produzir, possa conversar com todos esses grupos, com todos os movimentos sociais e possa buscar informações sobre esses tipos de violência e discriminação sofridas na nossa cidade. Que a gente possa criar, dentro da Câmara, um compêndio dessas informações, que possam subsidiar políticas públicas futuras dos governos municipais e dos legisladores para pensar em alternativas a esse problema. Eu falo mais especificamente do racismo, que é um tema que eu estudo. Vamos lembrar que racismo é uma construção social. Como bem disse a vereadora Estela, a escravidão acabou há mais de 130 anos. Então, do ponto de vista legal e do Estado, a escravidão parece ter sido resolvida, mas na realidade ela não foi. Porque nós somos mais de 50% da população brasileira e somos os mais pobres. Quando a gente pega o índice de analfabetismo, por exemplo, o índice de analfabetismo, nos últimos anos, tem caído de forma geral; mas, entre os negros, o índice cresceu. E aí por quê? Importante, do ponto de vista da sociologia, a gente analisar esses dados. Porque os afrodescendentes estão entre os mais pobres, que têm menos acesso, nesse caso, à educação, ou à saúde, ou a outras áreas. Então o seguinte, acho importante a gente criar essa Frente. Agradeço a disponibilidade, a fala de todos os vereadores. O racismo, desde a década de 50, é crime. Com a Constituição de 88, ele é crime inafiançável e imprescritível. Mas, como nos disse Angela Davis, não nos basta não ser racista, porque não ser racista é seguir a lei. Não ser racista é o que a lei diz, mas a gente precisa ser anti-racista. E aqui essa é uma luta e é um compromisso, colegas vereadores, que é nosso, dos negros, mas que é de todos. Ou seja, a gente precisa viver numa sociedade em que a gente possa promover o respeito à diversidade. A gente trata de racismo dos negros, mas dos não negros também, dos brancos. Ou seja, todo mundo tem que estar junto nesse compromisso. Como na questão de orientação sexual. O Brasil é um dos países que mais mata comunidade LGBTQI+, e a gente precisa repudiar isso. A questão de gênero, os índices de feminicídio e práticas constantes de intolerância religiosa. Importante lembrar que, quando a gente fala de morte de jovens negros, vários casos de crianças negras que morreram com uniforme, indo para a escola. Diante desse contexto de vulnerabilidade, diante desse contexto de exclusão, quem mais morre são os negros, infelizmente, por práticas de racismo. E aqui nós falamos, o jornal Pioneiro se referiu a mim, à vereadora Denise e à vereador Estela como a bancada negra, lá em 17 ou 18 de novembro, logo depois que a eleição passou, porque muitos vereadores negros foram eleitos no Brasil, e os comentários que foram postos no jornal foram vários deles extremamente racistas e preconceituosos, como aconteceu a ameaça agora, enfim. É por isso que eu acho que a gente precisa corroborar a importância da frente, que os vereadores possam participar com muita... enfim, com empenho, com disponibilidade e que a gente possa conversar com a sociedade. Tem um teórico brasileiro chamado Abdias do Nascimento, que foi senador, o primeiro senador negro, que fala em se aquilombar e acho que a gente precisa se aquilombar nessa união entre os diferentes para promover a inclusão e rechaçar qualquer tipo de intolerância e discriminação. Obrigado, senhor presidente.
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VEREADORA DENISE PESSÔA (PT): Senhor presidente, senhoras e senhores vereadores, eu queria de imediato cumprimentar o vereador Lucas que tem sido proponente dessa grande iniciativa porque vejam que não basta a gente dizer que não somos racistas, não temos preconceitos, mas eu vejo que é dever do estado a gente ser intolerante com as discriminações. Acho que essa deve ser a tarefa de estado. A gente não pode tolerar a discriminação seja por orientação sexual, seja por questão racial, seja por escolha religiosa. É importante dizer que no Brasil a gente tem vários índices de violência que justificam a necessidade e a urgência desse debate. Se nós pensarmos que hoje uma transexual, no Brasil, tem como expectativa de vida 35 anos, vocês imaginam o que faz com que uma pessoa viva menos do que muitos dos vereadores que estão aqui, seja morta de forma violenta, nas ruas, e muitas vezes não tem é trazido como um dado e nem estudo isso como política pública. Então ainda essa questão da violência é algo muito grave, especialmente a comunidade LGBT que tem sofrido, sim, muita violência e são violências extremas, visto que ainda a nível nacional e vários âmbitos na questão de legislação pouco se construiu. A gente tem uma decisão do STF que passa a criminalizar a homofobia há pouco tempo. Então a gente ainda não tem muitos instrumentos legais. Então acho que essa comissão tem uma grande função de olharmos para a cidade e ver esses públicos, entender essa violência, pensar política pública porque se a gente não olha, não faz o diagnóstico a gente não consegue fazer política pública e se a gente não faz política pública a gente se... (falha no microfone) e não é essa a função do estado. Então também acho que é importante trazer essa questão que o vereador... Bom, o vereador Lucas falou sobre a questão racial e acho que ele contempla muito, assino embaixo a todas as colocações, mas acho que é importante a gente também trazer o elemento da intolerância religiosa. Há pouco tempo a gente viu uma casa de religião de matriz africana que sofreu atentados, tiros aqui na nossa cidade. Seguidamente a gente vê alguns relatos contra a religiões, contra instituições religiosas ou falas... essas demonstrações de intolerância, mas claro não é só as religiões de matriz africana, a gente sabe que também a comunidade evangélica também sofre bastante discriminação e sofre com intolerância religiosa, assim como vários outros segmentos religiosos no Brasil. Então a gente precisa tratar sobre isso porque isso ocorre. A gente tem hoje no Brasil um dado de que ocorre uma denuncia de intolerância religiosa a cada 15 horas no Brasil. Então felizmente a gente vive num país laico, mas a gente ainda tem esse tipo de intolerância que é sobre as escolhas religiosas, sobre a forma que as pessoas vivem, porque realmente as pessoas... as escolhas e as forma das pessoas viverem elas deveriam ser respeitadas, mas infelizmente não são e os dados a nível de Brasil, o pouco que é levantado, já aponta a gravidade do problema. Então a gente precisa olhar de uma forma profunda. Vejo que essa Frente Parlamentar terá bastante trabalho. Fico muito feliz que esse tema tenha sido trazido e tenha mais vereadores envolvidos, porque, por muito tempo, acho que mais ou menos era eu e o vereador Rafael apenas que tratávamos sobre essas questões. Então, eu fico feliz que a gente tenha vários vereadores que estão interessados em tratar sobre todas essas questões da vida humana, da garantia da dignidade. Então, votarei favorável. Obrigado também, vereador Lucas, por nos convidar para assinar.
VEREADORA MARISOL SANTOS (PSDB): Um aparte no seu tempinho?
VEREADORA DENISE PESSÔA (PT): Vereadora Marisol tem aparte.
VEREADORA MARISOL SANTOS (PSDB): Perdão, eu pedi antes para o Lucas, mas também estava no fim do tempo. Eu só queria referir e cumprimentar o vereador Lucas. Eu também assino. Estamos juntos nessa intenção e eu acho que, acima de tudo, nesse momento em que a gente cumprimenta, é pensar que a intolerância de maneira geral, ela é, eu acredito, que ela seja um dos maiores males dos tempos atuais em todos os sentidos, todos esses que a gente trata na Frente Parlamentar e em qualquer situação. Então, meus cumprimentos. Acho que é importante isso, principalmente, vereador Lucas e todos que subscreveram, que eu acho que ela vai ser uma oportunidade para todos nós, tenho certeza, de aprendizado. Porque a gente ouve algumas questões e ainda assim a percebe como a gente escorrega em algumas situações sem se dar conta do quanto nós estamos sendo intolerantes e machucando as outras pessoas. Que importante vai ser isso para a Câmara no sentido de aprendizado mesmo. Obrigada, vereadora Denise.
VEREADORA DENISE PESSÔA (PT): Obrigada, vereadora Marisol. Obrigada.
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VEREADOR LUCAS CAREGNATO (PT): Voto favorável, logicamente a essa Frente. Só lembrar que domingo foi o Dia Internacional da Luta contra a Discriminação Racial, uma data internacional que o Brasil também comemora. E hoje é o Dia Nacional do Orgulho Gay, dia 25 de março. Então, duas datas importantes que fazem parte da reflexão e de uma ação do poder público que precisa acontecer em política, em estudos e em práticas que coíbam qualquer forma de intolerância. Acho que a gente já avançou muito, e é importante destacar aqui os movimentos sociais, as organizações acerca de uma trajetória de luta que é de muito tempo, seja no movimento negro, seja no movimento de mulheres, no movimento LGBTQI+, toda discussão acerca do ecumenismo, do respeito às diferenças, aos diferentes credos. Isso é importante aqui, nós não definimos apenas um credo, mas toda intolerância religiosa. Isso é importante destacar. Dados importantes, que até a Frente pode produzir, um dos nossos primeiros intendentes era negro. Caxias é uma das cidade que tem o maior número de casas de religião de matriz africana do Brasil, seja... Então, acho que tem uma série de dados históricos aqui que nos ajudam a pensar e a refletir sobre a importância da Frente, sobre as políticas públicas. Então, em razão disso, da promoção do respeito à diversidade e à inclusão na sociedade, que eu peço voto favorável a essa Frente e a participação posterior dos colegas vereadores.
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Votação: Não realizada

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