VEREADOR MAURÍCIO MARCON (PODEMOS): Primeiramente, senhora presidente e caros colegas, agradecer a gentileza do colega Daneluz. A gente vive tempos aí de eleição, então, eu acho que é bom a gente, como esta Casa já vem fazendo, ontem, aconteceu, a gente também pode ter esses debates mais aqui para frente, mais acalorados às vezes. Mas, hoje, até pediria que a vereadora Estela, ontem, fez uma manifestação, não vai ser nada agressivo, nada, mas gostaria só de tentar explicar a sua manifestação caso a senhora queira ficar também. Não vai ser nada drástico, só colocado e explicando tá? Então eu queria pedir aos colegas que prestassem atenção, porque eu acho que a gente tem que discutir, porque a gente está aqui e foi eleito para discutir o futuro do nosso Brasil. Ontem, a vereadora Estela, e me corrija, vereadora Estela, eu já lhe dou inclusive aparte, a senhora foi a favor do fim do teto de gastos para saúde. Estamos ok aqui não é? Foi a favor do fim do teto de gastos. Bom, ontem, o condenado em três instâncias, enfim, candidato a presidente Luiz Inácio Lula da Silva também deu a mesma manifestação da vereadora Estela. Ele disse à CNN: Lula diz que Brasil não precisa de teto de gastos e chama regra de irresponsável. Bom, eu quero fazer aqui esse discurso de uma forma mais didática possível, para que a gente possa ter um entendimento do assunto, para que nós não nos tornemos o que países vizinhos estão se tornando hoje. E por isso que eu pedi para a senhora ficar aqui, vereadora Estela, para que eu pudesse dissertar sobre esse tema. E a gente entendesse que só existe caminho se a gente tiver responsabilidade fiscal. Na sua casa, na minha casa, nas nossas empresas, nós só podemos gastar o que nós ganhamos, senão nós quebramos. Acho que também estamos de acordo, não é? Eu acho que ninguém aqui discorda disso. Pois bem, explicando novamente o que é o teto de gastos: o teto de gastos, ele foi uma medida, em 2016, adotada pelo Michel Temer, presidente Michel Temer, que foi vice de Dilma Rousseff, para que o Brasil não tivesse novamente um desastre econômico...
VEREADORA ESTELA BALARDIN (PT): Peço um aparte.
VEREADOR MAURÍCIO MARCON (PODEMOS): Já vou lhe conceder, tá? Não tivesse um desastre econômico como o feito no governo Dilma Rousseff onde as contas foram completamente estouradas. O mundo crescia, nós entramos em depressão econômica e a inflação explodiu. Então vamos lá, quando se gasta mais... Vereadora Estela assim que eu... vai fazendo as anotações aí para nós termos as discutições, como diz o vereador Fantinel. Bem tranquilinho, vamos lá. Quando o governo gasta mais do que arrecada ele tem três alternativas. Em toda literatura econômica, quero dizer os colegas, só existem três alternativas, não existem outras. Se alguém tiver a quarta alternativa deve escrever um livro, se cadastrar lá no Nobel de Economia, que certamente vai ganhar esse prêmio. Bom, uma das alternativas, vereadora Estela, colega Estela, é o aumento de impostos. Bom, o governo do PT fez um aumento de impostos. Quando o Lula assumiu, em 2003, vereador Scalco, o brasileiro pagava – isso são dados, vai estar lá no cardzinho, só não está aqui porque o Tulio ficou doente e não conseguiu vir – trabalhava 135 dias para pagar impostos. No último governo de Dilma Rousseff o brasileiro pagava 153 dias de trabalho para pagar os seus impostos, ou seja, vereador Bressan, aumentou os impostos. Hoje no governo Bolsonaro diminuiu, estamos com 149, caminhando para menos porque certamente com a diminuição que teve agora dos combustíveis ano que vem nós já teremos esse número reduzido. Pois bem, segundo jeito de fazer dívida, quando a gente gasta mais do que arrecada. Se nas nossas casas nós gastamos mais do que nós arrecadamos automaticamente, vereador Valim, nós vamos no banco e a gente pede dinheiro emprestado ou para um parente, às vezes, um amigo, enfim, mas daí normalmente a gente acaba perdendo o parente porque sabe como que é pegar dinheiro emprestado. Bom, esta semana, vereador Bressan, houve uma carte de banqueiros disfarçados de defensores da democracia, a favor da volta do ex-presidiário Lula. Por que os banqueiros querem que... Alguém já se perguntou por que os banqueiros querem que o Lula volte? Eu vou explicar para vocês, porque com a irresponsabilidade fiscal o estado, ou seja, o país, tem que gastar mais do que arrecada. Ao gastar mais do que arrecada ele precisa pegar emprestado dos banqueiros e aí os banqueiros ganha o quê? Juros. Quanto mais o país se endivida mais juros ele tem que pegar, porque todos aqui, vamos combinar, uma coisa é o dono da Randon ir pedir dinheiro emprestado no banco, outro é o Marcon. O juro para mim é muito maior porque o risco de eu não pagar é muito maior. Então conforme o estado vai se endividando os banqueiros querem... porque eles vão ganhar mais dinheiro. Isso são números, não é o Marconzinho falando. E a terceira opção e essa, vereadora Estela, com todo respeito que tenho pela senhorita, vamos lá, vou explicar, é a impressão de moeda porque chega um ponto que a gente está tão quebrado na vida, isso acontece com os países também. A Argentina ninguém mais quer emprestar dinheiro para eles. Eles têm títulos chamados de podres porque ninguém mais empresta. Então qual que é a última alternativa que o Estado tem? A impressão de moeda. Literalmente a impressão de moeda, papel. Vamos dar exemplos práticos e didáticos, vamos lá, Um dólar, meus amigos, dólar americano, todos conhecem, ele vale hoje, acreditem ou não, cerca de 400 pesos argentinos, um dólar, lembrando que um real vale 5,20. Por que, vereadora Estela? Há 35, 40 dias atrás um dólar valia 200 pesos, agora vale 400 para. Para se comprar um iPhone, na Argentina, tem que ser milionário, que o iPhone está mais de um milhão de pesos. Adianta alguma coisa? Não. Aí vamos para outro exemplo aqui, 20 pesos, 20 reais. O que vocês acham que vale mais? 20 reais. Sabe quanto vale 20 pesos? Se eu disser para a senhora, vereadora Estela, a senhora quer por um real 20 pesos? A senhora vai me dizer não porque a senhora sabe que vale menos. 20 pesos, nem tem moedinha mais, mas vale 32 centavos. Aliás, nós estávamos numa discussão muito comprida aqui antes, e eu estava preocupado porque comprei os pesos, e eles continuavam desvalorizando, tamanha a velocidade da desvalorização. Então eu quero dizer que 20 pesos ou qualquer moeda onde o governo emite sem a criação de riqueza... E aí vocês lembram da fazendinha do Daneluz, que eu expliquei como se criam riquezas. Não é, vereador Daneluz? O senhor tinha a vaquinha, tinha o boizinho, elas procriaram. O senhor foi criando riqueza. Aí tu pode criar moeda. Mas simplesmente emitir papel, vereadora Estela, isso aqui é lixo, é lixo. Isso aqui não vale de nada, não vale nada. É isso que nós vamos fazer com a nossa moeda, se nós elegermos alguém que defende imprimir papel. Porque nós não estamos criando riquezas, caros colegas. Não vale nada o peso! Nada! Então, meus amigos, a seriedade fiscal e a responsabilidade fiscal precisam ser respeitadas. Hoje, o Brasil passando por uma pandemia e por uma guerra, nós teremos deflação mês que vem, vereador Bressan. Deflação! E quem falou isso não é o vereador Marcon. Quem falou isso é uma reportagem que saiu na CNN. Até vou pedir licença para ler. Abre aspas: “A expectativa do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (FGV-Ibre) é de que a inflação no país recue – ou seja, deflação – em até 0,6% em julho, como resposta ao barateamento dos combustíveis e da energia.” Bom, quando acontece isso, vereadora Estela, retomando aqui à explicação de uma nota que não vale nada, é só um papel pintado. Não dá nem para usar como rascunho, porque já está pintado. Não vale nada. O que acontece? Normalmente, vamos lá, o que acontece? Todo mundo vai lembrar do Sarneyzinho. Primeira coisa: vamos controlar os preços, porque a culpa é do mercado. Então, a partir de hoje, nós vamos dizer que um litro de leite custa R$ 2. É assim que a gente quer e está definido. As pessoas vão lá para o governo: “Que medida! Como ninguém pensou nisso antes?” (Esgotado o tempo regimental.) Peço uma Declaração de Líder, presidente, por gentileza.
PRESIDENTA DENISE PESSÔA (PT): O vereador segue em Declaração de Líder. Só peço licença para passar a presidência para a vereadora Tatiane.
VEREADOR MAURÍCIO MARCON (PODEMOS): Toda a licença, presidente. Posso falar já? Voltando, então. Dois litros é o litro de leite. Por que não funciona? Importante explicar, com todo o respeito aqui, vereadora Estela. Eu sou de uma área de exatas. Tu me ensina das tuas áreas. A gente está tentando, de uma forma didática, explicar. Porque, se o litro de leite custa quatro para ser produzido hoje, quem é que vai querer vender a dois? Ninguém. Então acontece o desabastecimento. É isso que acontece. Se vocês entrarem em qualquer mercado na Venezuela, os preços onde é controlado não tem o produto. “Ah, mas o preço está dois pilas.” Sim, mas não tem leite. “Não importa, mas o Estado diz que é dois pilas.” Resolve o problema? Não. Outra medida, que é a próxima que a Argentina vai tomar, e vocês me cobrem: cortar os zeros da moeda. Essa é uma inteligência iluminável. O que eles vão pegar? Cem pesos, hoje, vale aproximadamente 1,70 mais ou menos. Então vocês imaginem os R$ 100 que a gente tem no bolso aí, quem tem, valendo 1,70. É isso que vale. Então, o que eles fazem? Como não vale mais nada a moeda, fica feio para eles pensarem que um iPhone custa um milhão de pesos. Fica feio para o mundo, não é? Então vamos resolver esse problema. Vamos cortar quatro zeros e aí está resolvido. Custa mil reais agora um iPhone. Resolveu o problema? Já foi tentado em todo lugar do mundo. Não resolveu. Então, meus caros colegas, antes de conceder aparte à minha querida colega Estela, eu só tenho que dizer que nós precisamos copiar o que deu certo no mundo. É só isso. É só nós pegarmos o exemplo de quem deu certo. Olha, isso deu certo neste país. O que é dar certo? Será que nós pegarmos países onde a renda média, ou seja, o que todos ganhamos mediamente, é cinco, seis, oito vezes maior do que ganham os brasileiros? Eu acho que sim. O pessoal de casa, não gostaria de ganhar cinco, seis vezes mais? Eu acho que sim. Isso é da criação de riqueza que eu expliquei da fazendinha, o outro vídeo. Não vou explicar de novo, senão fica muito comprido. Ou nós tentarmos através de mágica. O que é a mágica? Imprimir dinheiro, pegar emprestado em banco, aumentar imposto. Isso só vai ferrar a economia. Então, agora tem uma coisa importante. Como fica bonito – não é, vereador Bressan? – ir dizer “nós vamos aumentar os gastos com saúde”. Porque gasto em saúde não é gasto; é investimento. Maravilha! Acho que toda a população queria ter plano de saúde e não consegue às vezes, a gente não consegue. Talvez se os cinco bilhões, vereador Scalco, que vão ser gastos nas eleições fossem colocados na saúde talvez a saúde fosse melhor, ou comprados em comida, talvez fosse melhor. Mas muitas vezes as pessoas estão preocupadas em falar ao invés de resolver o problema, porque não dá mídia tu explicares tudo isso que eu estou fazendo aqui didaticamente, tentando mostrar como é que é não dá mídia. Aí nós vamos para outro ponto, a questão que... Eu vou te dar um aparte, pera aí. É o último ponto. A questão... A vereadora Tati me questionou outro dia sobre a questão da PEC dos benefícios. Vereadora Tati, a cada um ponto percentual que o Banco Central baixa na SELIC, cerca de 40 bilhões são economizados, ou seja, nós teremos deflação agora por todas as medidas que foram tomadas pelo governo até aqui. A partir do momento que diminuir 1%, que vai ser diminuído, porque nós temos deflação, o Banco Central aumenta o juro para que a inflação não aconteça isso que a gente viu aqui. A partir do momento agora que o juro vai começar a cair, nós vamos economizar muito mais. Então é uma medida paliativa e momentânea. Então não é um gasto desenfreado, como está num programa de governo que nós vamos, simplesmente, pegar e mandar dinheiro. Porque não adianta se, com um dólar hoje, nós compramos um equipamento de hospital, vou dar um exemplo, não adianta nós mandarmos cinco dólares se com cinco dólares nós não comprar, por causa da desvalorização da moeda. Então nós temos que ter responsabilidade fiscal. As pessoas que em casa estão que pensam que isso aqui é uma brincadeira, uma piada, a gente está aqui fazendo piada e brincadeira lembrem que os argentinos, milhares já estão fugindo para o Uruguai. E se vocês acham que eu estou mentindo, qualquer voltinha em Caxias do Sul ou na sua cidade, você vai encontrar algum venezuelano que fugiu desesperado por causa que o governo gastou mais do que arrecadou. Se não é isso que você quer para sua vida, para o seu país, é bom a gente pensar bem em quem tem o canto da sereia, que diz que vai resolver todos os problemas, mas que, na realidade, a fórmula dele é justamente destruir o país. Vereadora Estela, seu aparte por 5 minutos, se assim achar necessário.
VEREADORA ESTELA BALARDIN (PT): Não, não é permitido, não é, vereador. Mas muito obrigada. Eu continuo entendendo educação e saúde como investimento e não como gasto. Então eu continuo... Agradeço muito por ter vindo até a tribuna para me explicar, mas continuo entendendo que a saúde, ela tem que continuar sendo uma das nossas prioridades, porque 22 milhões a menos na saúde faz falta. O déficit do Hospital Geral, que atende cirurgias, que tem a UTI pediátrica, mostra isso. E UTI pediátrica está faltando, inclusive, nos hospitais particulares. A Prefeitura tentou comprar e não conseguiu. Então é um problema que ele não é só por ser público, é um problema que está ocorrendo também nos nossos hospitais particulares, não é? Então saúde e educação, saúde em específico para mim é investimento. Porque investir na vida não é gastar. E tem aqui, como você bem disse, as nossas áreas, você é da área econômica, eu da área das humanas. Você das exatas e eu das humanas, mas para mim, economia e o social não devem andar separados. Quando eu trato aqui desse assunto, eu trato muito e vou admitir, olhando bem mais para o social, para aquelas famílias que estão lá com seus parentes, para aquelas pessoas que perdem seus filhos. Estou olhando para isso. Acho que, sim, merece investimento. E se tiver que deixar de pagar banco para pagar a vida de uma pessoa, eu prefiro pagar a vida. Muito obrigada.
VEREADOR MAURÍCIO MARCON (PODEMOS): Beleza, vereadora Estela. Ótimo o seu discurso. Até vou usar uma parte dele. E a senhora prefere não pagar dinheiro para campanha para pagar vida também? Então temos o compromisso que, nas suas próximas campanhas, não vai usar dinheiro público? (Manifestação sem uso de microfone.) Ah, então daí não tem o compromisso, entendeu? Então as prioridades têm que ser sempre a saúde. Sempre, independente de gastar dinheiro do povo em campanha eleitoral. Porque daí não... Veja bem: para os bancos, eu não vou pagar, mas para a minha campanha eu quero. Aí não dá, vereadora Estela. Então a prioridade tem que ser: eu, vereador Maurício Marcon me elegi sem dinheiro público e jamais vou usar, porque a prioridade para mim, o dinheiro é um só...
VEREADOR LUCAS CAREGNATO (PT): Uma Declaração de Líder, presidente.
VEREADOR MAURÍCIO MARCON (PODEMOS): ...mas não peguei dinheiro de ninguém sem pedir. Porque quem pega dinheiro dos impostos, os cinco... (Manifestação sem uso de microfone.) Vereadora Estela, a senhorita concorda comigo que o dinheiro, cinco bilhões que vão ser gastos em campanha, eles poderiam estar no Hospital Geral, para que pessoas tivessem um atendimento tão bom quanto a senhora teve, mais pessoas. Construção de hospitais, ampliação da rede de saúde, mas não, as pessoas vão gastar em campanha política. Então a gente vê que quando a gente pede para abrir mão de qualquer recurso público, já não é bem assim. Então a prioridade da saúde e até onde não interfere na minha vida, não é, vereador Valim. Então, assim, também fica difícil a gente tentar entender algumas lógicas. Tá bom? Era isso, senhora presidente. Muito obrigado.